Bomba e mutilação: jovem de PE liderava 'desafios' violentos na internet
Adolescente de 17 anos, morador de Camaragibe, no Grande Recife, foi alvo da Operação Game End, realizada nesta quarta (4)
Publicado: 04/06/2025 às 14:06

Polícia apresentou detalhes da Operação Gae End (Divulgação)
Um adolescente de 17 anos, morador de Camaragibe, no Grande Recife, liderava uma quadrilha que atuava em vários estados, incitando a prática de desafios na internet, envolvendo até crianças, que resultaram em queimaduras e mutilações graves.
Apreendido nesta quarta (4), pela Polícia Civil pernambucana, o jovem é apontado como comandante de uma quadrilha de cyberbullying de atuação em várias cidades brasileiras.
O jovem, inclusive, já tinha sido detido anteriormente por desacatar e xingar uma delegada em São Paulo. Devido a esse crime, em novembro do ano passado, ele chegou a ficar 45 dias sob internação.
Em entrevista coletiva concedida na sede da polícia, no Centro do Recife, os investigadores destacaram a atuação do rapaz e do grupo liderado por ele.
Entre os crimes mais chocantes atribuídos ao grupo está o desafio que consistiu em um jovem usar um coquetel molotov, uma espécie de bomba de fabricação caseira, para incendiar um morador de rua, no Rio de Janeiro.
Esse ataque foi filmado e transmitido pela internet.
O adolescente também promoveu um desafio em que uma jovem engoliu lâminas e sofreu graves lesões.
Apreensão
A apreensão do adolescente foi realizada pela 9ª Delegacia Seccional, na Operação Game End.
A ação contou com o apoio técnico do Cyberlab do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da DINTEL e do Núcleo de Observação e Análise Digital da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
Durante a operação, foi cumprido mandado de busca e apreensão com internação provisória contra o adolescente, que não teve o nome divulgado para respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
"Ele é apontado como líder de um servidor da plataforma online e comandava um grupo envolvido em crimes como distribuição de pornografia infantil, estupro virtual, racismo, cyberbullying, incitação ao crime, tentativa de homicídio, coação no curso do processo e invasão de sistemas governamentais", resumiu a polícia pernambucana.
Como era atuação
O grupo, informou a polícia, se organizava digitalmente e promovia ações coordenadas "com extrema violência e crueldade".
Uma das investigações revelou que o grupo foi responsável por um ataque com coquetel molotov a uma pessoa em situação de rua, ocorrido no dia 19 de fevereiro de 2025, no Rio de Janeiro.
O ataque foi transmitido ao vivo em uma live dentro do servidor administrado pelo menor.
Essa quadrilha abordava meninas, crianças e adolescentes, manipulando para elas enviarem conteúdo íntimo, posteriormente utilizado para chantagem e incentivo à automutilação em transmissões ao vivo. Diversas vítimas já foram identificadas.
O que ele disse
Ainda conforme a polícia, o adolescente apreendido confessou ainda ser o autor de ameaças direcionadas a uma delegada de polícia do Estado de São Paulo, enviadas por e-mail no dia 28 de maio de 2025.
As mensagens continham informações detalhadas sobre a rotina da autoridade policial, bem como nomes e endereços de seus familiares, em uma clara tentativa de intimidação em virtude das prisões de membros do grupo naquele estado.
O que aconteceu
O menor foi recolhido ao Centro de Internação Provisória (Cenip), onde permanecerá à disposição da Justiça.
As investigações continuam para identificar e responsabilizar todos os integrantes do grupo.
Segundo o delegado Joel Venâncio, responsável pela apreensão do menor: "essa é uma investigação que exige não apenas rigor técnico, mas sensibilidade diante da gravidade das condutas praticadas.
O grupo atuava com perversidade extrema, instrumentalizando a internet para violar direitos fundamentais e destruir vidas. Estamos trabalhando intensamente para identificar todos os envolvidos e garantir justiça às vítimas."
A Operação Game End integra o esforço nacional das forças de segurança para combater o uso criminoso de plataformas digitais.

