° / °

Vida Urbana
Violência

MPPE denuncia membros da Inferno por tentativa de homicídio contra presidente da Jovem

Grupo está incluído em nova denúncia do MPPE que acusa, ao todo, mais 41 membros da Inferno, do Santa Cruz, e da Jovem, do Sport, por confrontos antes do Clássico das Multidões, registrados em 1º de fevereiro

Felipe Resk

Publicado: 31/05/2025 às 14:27

Confronto entre organizadas de Santa e Sport foi registrado antes do Clássico das Multidões/Foto: Reprodução/Redes Sociais

Confronto entre organizadas de Santa e Sport foi registrado antes do Clássico das Multidões (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou mais 41 pessoas pelos confrontos entre torcidas organizadas de Sport e Santa Cruz, registrados no dia 1º de fevereiro, horas antes do Clássico das Multidões, no Recife.

A nova denúncia, obtida com exclusividade pelo Diario de Pernambuco, foi oferecida à Justiça no dia 16 de maio, mais de três meses após os confrontos. No documento, a promotoria também pediu a prisão preventiva de oito acusados.

Entre eles, estão seis integrantes da Explosão Inferno Coral, envolvidos diretamente no ataque ao presidente rival João Victor da Silva, de 28 anos, da Jovem do Leão. O grupo vai responder por tentativa de homicídio, associação criminosa e participação em brigas de torcida.

Com cenas de barbárie e extrema violência, o episódio aconteceu na Rua Real da Torre, na Madalena, Zona Oeste do Recife, foi registrado em vídeos e repercutiu até na imprensa internacional. Nas imagens, o presidente da Jovem aparece, sem roupa, sendo espancado com socos, chutes e pauladas pelos rivais.

Quem são os denunciados por ataque contra presidente da Jovem

Apontado como um dos líderes da Inferno, Adriano Miguel do Nascimento, conhecido como “Pinguim”, de 25 anos, teria participado do ataque contra o presidente da Jovem. Segundo o MPPE, ele desferiu uma série de chutes na vítima durante o espancamento coletivo. Na delegacia, optou por ficar em silêncio.

Já Pedro Henrique de Santana, de 26 anos, que também faz parte da organizada do Santa Cruz e tem o paradeiro desconhecido, é acusado de transportar outros agressores, em uma moto, até o local em que João Victor era massacrado. A dinâmica do traslado foi registrada em vídeo, de acordo com a promotoria.

Por sua vez, os demais denunciados estão ligados a gangues que apoiam e representam a uniformizada em diferentes cidades e bairros da capital. É o caso de Israel Henrique de Souza e Silva, o “Rael da Sul”, de 24 anos, e de Marcelo Ferreira Pinto, de 32.

Segundo o MPPE, ambos são membros do subgrupo “Brota Brota”, com sede em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. O primeiro teria sido responsável por perseguir, alcançar e espancar o presidente da Jovem com um barrote. Já o segundo teria sido filmado chutando o rival. Os dois preferiram não prestar depoimento na delegacia.

A denúncia aponta, ainda, Lucas Pereira Nunes, o “Lucas 232”, de 24 anos, como um dos responsáveis por tirar a calça do rival para violentá-lo. De acordo com a investigação, ele tem papel de liderança no “Bonde do Orochi”, considerado um dos subgrupos mais violentos da Inferno. Ele também não foi localizado pela polícia para prestar depoimento.

Fecha a lista de acusados pelo ataque André Ricardo de Almeida e Silva, o “Andrezinho”, de 27 anos, que teria usado um barrote para bater na cabeça da vítima. De acordo com o MPPE, ele ocupa o posto de monitor de bairro da gangue “Mano a Mano”, do Janga, em Paulista, na Região Metropolitana. Interrogado, ficou em silêncio.

O conflito

O cenário de guerra foi instaurado no Recife pouco antes da partida entre Santa Cruz e Sport, disputada no Arruda, na Zona Norte, durante a primeira fase do Campeonato Pernambucano.

Segundo o MPPE, foram os próprios integrantes da Jovem que, em menor número e sem escolta policial, teriam dado início ao confronto, mas acabaram dominados e espancados pelos rivais.

Na ocasião, o grupo marchava em direção ao estádio com explosivos, paus e pedras. “No bairro da Torre se depararam com a torcida adversária (Explosão Inferno Coral), que estava sendo escoltada pela polícia militar em duas viaturas, e, sem qualquer hesitação, avançaram contra a rival”, narra a denúncia.

“O confronto evoluiu para agressões físicas diretas, com os envolvidos partindo para as vias de fato e desferimento de golpes de paus e barrotes”, diz o MPPE. “A brutalidade e a tática empregadas revelam uma ação coordenada e planejada, cujo objetivo era disseminar medo, configurando-se como um verdadeiro ato de terrorismo urbano.”

Considerado um dos responsáveis pelos conflitos, o presidente da Jovem precisou ser socorrido às pressas ao Hospital da Restauração (HR), onde ficou internado na UTI, passou por cirurgia e levou mais de 100 pontos na cabeça. Na unidade, também foi autuado em flagrante pela polícia.

João Victor e outros cinco integrantes da Jovem acabaram denunciados pelo MPPE, ainda em fevereiro, por causa do confronto. No caso deles, as acusações já foram aceitas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e todas figuram como réus.

Mais de Vida Urbana