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Chuva forte

''Fiquei pendurada na laje", diz mulher que teve casa destruída em temporal

Lyza Minelli, de 40 anos, escapou de destruição da casa, em meio ao temporal, na madrugada desta sexta (16), em Jaboatão, no Grande Recife

Bartô Leonel

Publicado: 16/05/2025 às 14:47

Lyza escapou da destruição da casa, após deslizamento  de barreira /Foto: Nivaldo Fran/DP

Lyza escapou da destruição da casa, após deslizamento de barreira /Foto: Nivaldo Fran/DP

"Foi um livramento. Só um milagre. É só Deus na vida da gente".


Essas frases resumem bem o sentimento da cabeleireira autônoma Lyza Minelli Barros, de 40 anos, que escapou de uma tragédia, nesta sexta (16), em meio ao temporal no Grande Recife.


A casa onde ela vivia com o filho, de 11 anos, em Cavaleiro, foi levada por um córrego, após  o piso  ceder   de madrugada.


"Fiquei pendurada na viga e fui salva pela minha mãe e pelo meu padrasto. Só queria saber do meu filho, que estava no quarto, mas conseguiram tirar ele", declarou.


A história de Lyza mostra bem o problema de quem vive na Rua do Rio, na Baixa da Colina.


"Quando chove, é um desespero". Drama que começou a ser vivenciado pela cabeleireira há dez anos, desde a separação do ex-marido.


O deslizamento da barreira onde ficava a estrutura da casa, construída no mesmo terreno da residência da mãe dela, aconteceu por volta da 1h20 desta sexta.


Lyza contou que, naquele horário, foi ao banheiro. Ao sair do quarto, ouviu um estalo na parede da sala.


De repente, tudo ruiu. O pesadelo virou realidade. A casa estava mesmo desmoronando.

"Corri para a cozinha e caiu também. A preocupação era o quarto do meu filho, pois ele tinha ficado lá, mas o local ficou inteiro. Meu padrasto entrou por trás da casa e conseguiu tirar ele", declarou.


Passado o susto, ela caiu na real. A casa foi parar toda dentro do rio.


"Só consegui tirar algumas roupas. Minha casinha foi embora. Infelizmente, já era. É só tristeza".


Abalada, ela afirmou que não sabe o que vai fazer a partir de agora.

"Quase morri com meu filho. Ia descer para o rio com os móveis", acrescentou. Lyza disse, ainda, que a Defesa Civil de Jaboatão tinha conhecimento do problema na área.


Equipes tinham classificado a região como "áreas de risco".


"Disseram que, se fosse preciso, ligasse. Mas não deu tempo. Só vieram agora, depois que tudo caiu", declarou.


Drama da chuva


Mãe de Lyza, Silvânia Maria Pereira, de 62 anos, disse que ouviu a filha gritando.


"Encontrei ela deitada e pendurada no resto da laje. Eu e meu marido pegamos ela."


Silvânia afirmou que, quando chove, não dorme. Isso acontece há 36 anos. "Fico sempre em alerta", disse.


A mãe de Lyza disse, ainda, que sempre alertou a filha para dormir menos em dia de chuva.


Mesmo assim, a filha nem ligava muito "Foi Jesus que acordou ela hoje", declarou.


Os momentos de resgate do neto dela são difíceis de esquecer. "Não gosto nem de falar. Meu marido foi lá no quarto, com fio, tudo ligado, entrou e trouxe ele são e salvo".


Silvânia disse que ligou para a Defesa Civil em fevereiro. "Um rapaz, educado, disse que ia escrever que a situação era urgente. Colocaram uma lona na barreira ao lado da minha casa. Ele disse que precisava de um engenheiro para olhar a nossa laje, onde Lyza morava e que caiu", afirmou.


A mãe contou que Lyza já tinha passado por um drama de chuva. "Ela morava na rua dos Coqueiros e lá foi enchente que levou tudo".

 

O que disse a prefeitura


Por nota, a prefeitura disse que uma equipe esteve no local e prestou atendimento e assistência a famílias.


Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), entre às 9h e meio-dia, foram registrados 31,35 milímetros.


Entre 11h e meio-dia, Muribeca teve 29,75 milímetros de chuva.

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