LEGADO

Grupo Vivencial comemora 50 anos com festa na Casa Estação da Luz

Icônico grupo de teatro promove roda de conversa, exposição e apresentações artísticas no dia 26 de maio, a partir das 16h

Publicado em: 22/05/2024 18:08

 (Casa Estação da Luz, em Olinda.)
Casa Estação da Luz, em Olinda.
Um dos grupos mais emblemáticos do teatro brasileiro, o Vivencial nasceu em Olinda e durou pouco menos de uma década, mas o legado de liberdade, subversão e experimentação estética ecoa ao longo dessas cinco décadas. Para celebrar o legado do coletivo, a Casa Estação da Luz, no bairro do Carmo, recebe no dia 26 de maio, às 16h, a festa gratuita “Vivencial 50 anos: Bodas e Bordoadas”, que reunirá membros do grupo para um bate-papo e contará ainda com apresentações musicais, uma exposição e projeções de vídeos.

A estreia do Grupo Vivencial, em 24 de maio de 1974, em um galpão anexo ao Colégio de São Bento, foi um catalisador de mudanças nos palcos e na cultura pernambucana. Ao levar para a cena questões do seu tempo, contadas pelos corpos e as vivências de seus integrantes, provenientes de diferentes realidades sociais, o grupo incorporou em suas encenações as precariedades financeiras e fez do improviso, da criatividade e da busca por liberdade suas marcas. 

Suas peças e performances capturavam o espírito Tropicalista e colocavam elementos da sociedade brasileira e da própria ideia de brasilidade em destaque e em xeque. Um desbunde que via na liberdade sexual e afetiva formas de construir novos caminhos, proposta que ganhou novos contornos com a abertura do Vivencial Diversiones, casa de espetáculos no Complexo de Salgadinho, construída sobre uma área alagada. O espaço se tornou um ponto seguro para pessoas LGBTQIAP+, que ganharam destaque no palco e em todas as funções da casa, e também um ponto de reunião de diferentes tribos, com frequentadores de diversas origens, entre eles artistas e intelectuais como Caetano Veloso, Gilberto Gil e João Silvério Trevisan.

O Vivencial era pautado pela horizontalidade e uma ideia de comunidade, como é bem retratado em “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, livremente inspirado na história do grupo. Entre seus membros e artistas que contribuíram com seus espetáculos estiveram Guilherme Coelho, Suzana Costa, Roberto de França (Pernalonga), Ivonete Melo, Miguel Angelo, Alfredo Neto, Américo Barreto, Fabio Costa, João Andrade, Beto Diniz, Henrique Celibi, Luciana Luciene, Antonio Cadengue, Humberto Peixoto, Auricéia Fraga, Paulo Francisco, Washington Bezerra, Maurício Campos, Denise Campos, Madalena Alves, Beto Hollywood, Paulete Godard Petrônio de Sena, Andréa Coccinelli, Lara Paulina, Silvia Cardinale, Marcela Désireé, entre outros nomes fundamentais para o teatro pernambucano.

Na Sala Espelho Cristalino, uma exposição reúne trabalhos de artes visuais de membros do grupo, como Guilherme Coelho, Humberto Peixoto e João Andrade, fotografias e objetos da época, como figurinos. A curadoria é dos jornalistas Bruno Albertim e Márcio Bastos, autor do livro “Pernalonga: uma sinfonia inacabada”, publicado pela Cepe Editora. Também em exibição, um painel de seis metros de comprimento, pintado a mão, feito para o filme “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, inspirado nas experimentações do Vivencial. A celebração contará ainda com apresentações artísticas de Geraldo Maia, Cássio Sette, Banda Psicordia, Sharlene Esse e Odilex, e projeções de filmes de Jomard Muniz de Britto que contam com as participações de membros do grupo. O evento conta com o apoio da Casa Estação da Luz e da Companhia Editora de Pernambuco. 
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