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Páscoa impulsiona a produção de ovos de chocolate artesanais

Segundo a Fecomércio-PE, o volume de vendas neste período, em 2024, deve alcançar R$ 80,56 milhões

Publicado em: 25/03/2024 05:25 | Atualizado em: 25/03/2024 05:44

Para os pequenos e médios negócios que trabalham com a venda de chocolates, a Páscoa é a data comemorativa que mais traz possibilidade de aumento do faturamento (Foto: Ruan Pablo/DP)
Para os pequenos e médios negócios que trabalham com a venda de chocolates, a Páscoa é a data comemorativa que mais traz possibilidade de aumento do faturamento (Foto: Ruan Pablo/DP)

Com a proximidade da Páscoa, que neste ano é celebrada no dia 31 de março, os empreendedores da área de confeitaria buscam na produção de ovos de chocolate uma oportunidade para aumentar o reconhecimento e as vendas no setor. 

 

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), a expectativa é que o volume de vendas alcance R$ 80,56 milhões, nesta época. Os dados foram retirados da previsão do volume de vendas para a Páscoa de 2024 no varejo nacional, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O estudo ainda aponta um crescimento nacional de  4,5% no volume de vendas, comparado ao ano passado, alcançando R,44 bilhões só este ano. 

 
Neste período, nos últimos anos, os ovos de chocolate artesanais começaram a fazer sucesso no Brasil, seja pela variedade de opções, tamanhos, preços e ainda a diversidade de formatos, como o ovo de colher ou trufado. O produto ainda pode ser criado com sabores e recheios adicionais que devem ser escolhidos pelo consumidor final. Esse diferencial vem chamando a atenção das pessoas, que além disso, conseguem encontrar opções mais baratas do que aquelas que estão nas prateleiras dos supermercados. Geralmente, os preços dos ovos artesanais variam entre R$ 40 e R$ 70.
 

 

Pollyane Luna @_pocketcookies / Instagram (Foto: Ruan Pablo/DP)
Pollyane Luna @_pocketcookies / Instagram (Foto: Ruan Pablo/DP)
 

 

A empreendedora Pollyane Luna iniciou a produção de ovos de chocolate na Páscoa, em março de 2020, no período inicial da pandemia da Covid-19, quando teve a sua primeira filha e decidiu buscar uma alternativa de trabalho que pudesse conciliar com a maternidade. Ela cursou a faculdade de gastronomia, mas não chegou a concluir. "Eu queria um trabalho que me permitisse ficar em casa perto da minha filha e também ganhar dinheiro. Como eu já gostava muito da área de cozinha, resolvi tentar nos doces e realmente me encontrei", comenta. A atividade é a sua única fonte de renda e ela desempenha o trabalho sozinha em casa.

 

Para a Páscoa deste ano, Pollyane conta que investiu inicialmente R$ 500, mas que dependendo da demanda dos pedidos, deve se organizar comprar para o restante do material. "A expectativa é sempre de o aumento das vendas, mas até o momento achei mais fraco que o ano passado", disse. No cardápio da Pocket Cookies, estão disponíveis ovos recheados com pistache, brigadeiro, morango e uma opção com doces para o público infantil.

 

 

Carolinny Cantarelli @triplo_doce / Instagram (Foto: Divulgação)
Carolinny Cantarelli @triplo_doce / Instagram (Foto: Divulgação)
 

 

Carolinny Cantarelli também decidiu investir no ramo durante a pandemia, quando ainda fazia mestrado em oceanografia. "Assim que eu terminei o curso, comecei a me dedicar mais ao trabalho de confeitaria, realizando a produção dos ovos de chocolate ainda em casa. Em fevereiro deste ano, eu comecei o processo de mudança para um ateliê e está sendo bem desafiador organizar o espaço e ainda fazer as encomendas da Páscoa", comemora, lembrando ainda que sempre foi um sonho para ela dar esse passo.

 

Ela conta que nunca chegou a fazer curso. "Eu fui aprendendo tudo assim, na cozinha de casa mesmo, perdendo muito insumo, porque dava tudo errado, aí eu ia lá e tentava de novo, até dar certo", relembrou. Ela trabalha sozinha, mas conta com a ajuda da mãe e da irmã quando o número de pedidos aumenta. Neste ano, a empreendedora já investiu R$ 6.500 para a produção dos ovos e espera que a quatindade de vendas aumente, tanto que neste ano chegou a comprar mais insumos e mais embalagens. 

 

"A gente teve uma redução no valor do leite condensado aí conseguimos deixar alguns ovos no mesmo valor do ano passado e adicionar alguns outros itens que chamam a atenção do cliente", disse. Ela espera aumentar a quantidade de vendas também para o resto do ano, já que essa é a sua única fonte de renda. Carolinny contou que passou por uma processo de descoberta quando começou a estudar empreendedorismo e também sobre gestão de empresas por conta própria para melhorar o seu desempenho no negócio. Os ovos que ela produz na sua empresa Triplo Doce variam entre R$ 30 e R$ 70, com diversas opções de ovos de colher e trufado.

 

 

Gabriela Silva @dolceegabi /Instagram (Foto: Divulgação)
Gabriela Silva @dolceegabi /Instagram (Foto: Divulgação)

 

Já Gabriela Silva, formada em gastronomia, se encontrou na área da confeitaria ainda na faculdade, há 5 anos, quando também fez um curso de produção de ovos pelo Senac. Em abril de 2023, ela se mudou para um espaço de produção e já investiu R$ 5.000 para produção de ovos neste ano. A venda de ovos de chocolate é a sua única fonte de renda e ela conta com a ajuda de uma pessoa nos dias que antecedem o final de semana e nas data comemorativas. "Espero vender mais que ano passado, quando eu vendi uma média de 250 ovos sendo os de tamanho grande. Nesta páscoa também estou vendendo o formato pequeno e também com valores mais baratos.", comentou. Os preços do produtos variam em torno de R$ 32 (tamanho P) e R$ 70 (Tamanho M), também com a opção de trio de mini ovos, no valor de R$ 22.

 

No novo espaço de produção, Gabriela também produz e atende os seus clientes na retirada e com a entrega dos pedidos. "As coisas em casa foram apertando, principalmente quando era data comemorativa e a gente tinha que dividir a cozinha, foi aí que eu decidi adquirir um espaço para trabalhar e consegui fazer isso com o dinheiro dos bolos", disse. A sua empresa Dolcee Gabi funciona no bairro do Arruda, no Recife.

 

A mentora de carreira, Augusta Ramos, orienta que o microempreendedor deve ficar atento para evitar complicações na hora da produção e aumentar as vendas nesse período. "Se você já é uma pessoa que vende isso há algum tempo, é importante se basear no ano anterior. Então, você já consegue imaginar como é que pode ser o seu ano. Vamos dizer que no ano anterior uma pessoa vendeu uma quantidade de 100 ovos, nesse ano ela pode se preparar para ter essa mesma quantidade de clientes e colocar um percentual de acréscimo para poder suprir uma demanda que vier a mais", orienta.

 

Caso o produtor ainda seja iniciante no ramo, a analista ressalta que o planejamento deve ser realista na hora da precificação das encomendas. "Para prospectar os custos, o ideal é trabalhar com valores menores e com base no que as pessoas já estão pedindo", finaliza.

 

De acordo com Filipe Sampaio, analista do Sebrae/PE, essa é uma época em que o setor de confeitaria se destaca. "É importante salientar que os empreendimentos que terão mais sucesso nesse período são os que começaram a se preparar logo após as festas de final de ano. Nesse sentido, planejamento é fundamental para entender os produtos que serão trabalhados, para qual nicho de mercado, o que será entregue para o seu público e por qual canal de comunicação isso será feito”, comenta.

 

Para os pequenos e médios negócios que trabalham com a venda de chocolates, a Páscoa é a data comemorativa que mais traz possibilidade de aumento do faturamento. É também uma boa oportunidade para fidelizar clientes. Porém, para que isso aconteça é preciso investir com segurança para obter lucro. “O principal é ter o controle da sua produção, construir fichas técnicas, porcionar e condicionar os insumos corretamente. Com isso bem construído, o empresário pode precificar seu produto de uma forma muito mais segura, trabalhando os custos fixos, da mercadoria e com delivery, as horas de trabalho, entre outros”, explica Felipe.

 

De acordo com o levamento realizado pelo Sebrae com base nos dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal em março de 2024, 7.742 empresas estão formalmente ativas no setor de "CNAE 1093-7/01 - Fabricação de produtos derivados do cacau e de chocolates" no Brasil. Em 2023 foram registradas 1.542 e em 2024, já foram abertas 383 empresas até março deste ano.

 

Já no setor de "CNAE 4721-1/04 - Comércio varejista de doces, balas, bombons e semelhantes", o total de empresas ativas é de 34.599. Em 2023 foram registradas 4.456 e em 2024, foram abertas 885 empresas até o momento. 

 

Segundo analista do Sebrae/PE, Arthur Tavares, para quem quer formalizar o negócio, ainda nessa temporada, a primeira coisa que a pessoa precisa fazer é o registro do negócio e a partir disso o empreendedor terá uma série de vantagens na hora de comprar materiais, por exemplo. "A pessoa vai conseguir comprar produtos com o preço mais em conta, em atacado, porque ele vai comprar como empresa, podendo ter o seu limite de faturamento de 81 mil por ano. O MEI é dispensado de toda questão voltada para licença de funcionamento e alvará, então ele vai conseguir operar legalmente, tendo o seu registro", comenta. O analista também sugere que os interessados no serviço podem abrir o MEI pelo Sebrae. O atendimento ao público é de segunda a sexta, de 8h às 16h.

 

Depois dessa etapa, o analista indica que o dono do negócio desenvolva um planejamento financeiro que inclua algumas projeções. Em seguida, ele deve pensar no marketing dos produtos, principalmente diversificando os produtos e  trazendo algo diferente do tradicional como cestas de presentes com chocolates. 

 

"Utilizar as redes sociais ao favor dele, ter boas fotos, conseguir se comunicar bem com o segmento de cliente dele, trazer uma experiência de compra facilitada. E aí a partir disso ele começa a pensar na personalização, como a criação de embalagens atrativas para que os clientes eles se sintam em uma experiência única", conta Arthur Tavares. Além disso, ele destaca que o profissional deve ficar atento aos feedbacks dos clientes para melhorar os produtos cada vez mais. "O Sebrae tem oficinas pra quem está começando o seu negócio e também para quem tem dificuldades na área financeira com oficinas de informação de preço de venda e marketing. Todas as oficinas gratuitas e presenciais acontecem aqui no Sebrae", informa.

 

Redes sociais

 

Para facilitar as vendas, os microempreendedores passaram a investir ainda mais no uso das redes sociais, ampliando assim a divulgação e a agilidade no atendimento ao cliente. Além disso, os canais proporcionam a indicação dos produtos, que na maioria das vezes são compartilhados por amigos, familiares e outros clientes na internet.

 

Segundo estudo, encomendado pelo Sebrae e divulgado em dezembro de 2023, 64% dos pequenos negócios têm um perfil na rede de compartilhamento de fotos e vídeos para divulgar seus produtos e atrair novos clientes. De acordo com os dados, sete em cada 10 pequenos negócios brasileiros possuem perfis nas redes sociais. A pesquisa “Transformação Digital nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Sebrae, aponta que a plataforma mais popular entre os empreendedores é o Instagram (64%), seguida do Facebook (41%); LinkedIn (6%); TikTok (3%); Youtube e X (antigo Twitter), com 2%; e Kwai (1%).

 

Ainda conforme a pesquisa, o setor de Beleza lidera o ranking com 83%, seguido pela indústria alimentícia 82%. Os negócios ligados à economia criativa 79%, petshops 75% e artesanato, educação e moda 72% são os que têm maior presença em redes sociais.

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