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GUERRA

Netanyahu autoriza nova rodada de negociações para uma trégua em Gaza

Nos últimos meses ocorreram várias rodadas de negociações, mas nenhuma foi adiante
Por: AFP

Publicado em: 29/03/2024 16:40 | Atualizado em: 29/03/2024 16:43

Benjamin Netanyahu teve uma reunião com o diretor do Mossad (serviço secreto estrangeiro) (Crédito: TOBIAS SCHWARZ/AFP)
Benjamin Netanyahu teve uma reunião com o diretor do Mossad (serviço secreto estrangeiro) (Crédito: TOBIAS SCHWARZ/AFP)

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, autorizou nesta sexta-feira uma nova rodada de negociações visando uma trégua na Faixa de Gaza, cercada e bombardeada sem trégua há quase seis meses por Israel e onde a população está à beira da fome.

 

O Exército israelense executou uma nova série de bombardeios nesta sexta-feira em Gaza e pelo menos 71 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território desde 2007.

 

"Benjamin Netanyahu teve uma reunião com o diretor do Mossad (serviço secreto estrangeiro) e com o diretor do Shin Bet (inteligência interna). Ele autorizou uma nova rodada de negociações nos próximos dias em Doha e no Cairo (...) para avançar", afirmou seu gabinete em um comunicado.

 

Nos últimos meses ocorreram várias rodadas de negociações, lideradas pelo Egito, Catar e Estados Unidos, para conseguir uma trégua na guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas, mas sem resultados. Os dois lados trocam acusações sobre a responsabilidade pelo bloqueio das conversações.

 

Desde o início do conflito, apenas uma trégua de uma semana foi observada no final de novembro. A pausa permitiu a libertação de mais de 100 reféns, sequestrados durante o ataque de 7 de outubro do Hamas em Israel, por detentos palestinos.

 

Israel prometeu "aniquilar" o Hamas após o ataque de outubro que deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado nos dados divulgados pelas autoridades israelenses.

 

Segundo o governo de Israel, os combatentes islamistas sequestraram quase 250 pessoas e 130 delas permanecem retidas em Gaza, das quais 34 teriam morrido.

 

O Exército israelense iniciou uma vasta operação que deixou pelo menos 32.623 mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, e a maioria de seus 2,4 milhões de habitantes à beira da fome, segundo a ONU.

 

"Não há nenhum outro lugar no mundo com um número tão elevado de pessoas enfrentando uma fome iminente", denunciou na quinta-feira, na rede social X, Matthew Hollingworth, diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) para os Territórios Palestinos.

 

''SEM DEMORA''

 

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal da ONU, com sede em Haia, ordenou a Israel na quinta-feira que garanta "sem demora" a entrega de "ajuda humanitária urgente" para Gaza.

 

A ajuda por via terrestre entra a conta-gotas no pequeno território. Vários países lançam pacotes de alimentos de paraquedas, em particular no norte da Faixa, onde a situação é desesperadora.

 

Israel deve "permitir que a UNRWA entre no norte da Faixa de Gaza com comboios de alimentos (...) diariamente e abrir outras passagens terrestres", afirmou o diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini.

 

Um segundo navio com ajuda humanitária pode zarpar do Chipre no sábado com destino a Gaza. A primeira embarcação com mantimentos chegou ao território palestino em meados de março.

 

''OLHOS FECHADOS'' 

 

O Exército de Israel, que acusa os combatentes do Hamas de utilizarem os hospitais como esconderijos, destacou que prossegue com as operações no complexo médico de Al Shifa, na Cidade de Gaza - norte do território -, onde afirma ter "eliminado quase 200 terroristas" desde 18 de março.

 

Também anunciou que atua para "evitar qualquer dano a civis, pacientes e equipamentos médicos". 

 

Na mesma cidade, a prefeitura alertou para o "risco de propagação de doenças perigosas devido à proliferação de ratos e insetos provocada pelo acúmulo de lixo".

 

Bombardeios foram registrados em outros pontos de Gaza, incluindo Khan Yunis, ao sul, onde várias vítimas foram levadas para um hospital.

 

"Lançaram um míssil sem aviso prévio contra um prédio de quatro andares, onde moravam mais de 50 pessoas", relatou Ibrahim Amak, um deslocado. 

 

"O mundo inteiro permanece de olhos fechados diante da situação", denunciou.

 

Também foram observados bombardeios em Rafah, no extremo sul da Faixa, que Israel considera o último reduto do Hamas em Gaza. Nesta localidade estão aglomeradas quase 1,5 milhão de pessoas, a maioria deslocadas pela violência em outros pontos do território.

 

Netanyahu está determinado a iniciar uma ofensiva terrestre em Rafah, ignorando os apelos da comunidade internacional, preocupada com o destino dos deslocados.

 

Washington, principal aliado de Israel, discutirá a questão com uma  delegação enviada por Netanyahu aos Estados Unidos. 

 

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