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INVESTIGAÇÃO

Miliciano infiltrado no PSol ajudou a planejar morte de Marielle

Os irmãos Brazão, indicados como os mandantes do assassinato da vereadora, teriam contratado um miliciano para se aproximar do partido e obter informações úteis para o plano de execução de Marielle

Publicado em: 24/03/2024 19:30 | Atualizado em: 24/03/2024 19:35

Morte de Marielle completa 2 mil dias e instituto ligado à vereadora alerta para violência política contra mulher - (crédito: Renan Olaz/CMRJ)

 

O planejamento da morte de Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, envolveu um miliciano infiltrado no Partido Socialismo e Liberdade (PSol). De acordo com relatório final da Polícia Federal (PF), Laerte Silva de Lima se filiou à sigla cerca de um ano antes da execução da vereadora e era responsável por “levantar informações internas” da legenda.

 

Segundo delação premiada de Ronnie Lessa, um dos executores de Marielle, Laerte alertou Domingos Brazão, um dos mandantes do crime preso neste domingo (24/3), de que a vereadora estaria pedindo para a população das regiões de atuação dos irmãos Brazão que não aderissem a “novos loteamentos situados em áreas de milícia”.

 

Durante as investigações, a PF constatou que, no período em que antecede a morte de Marielle, Laerte manteve “intensa comunicação” com o Major Ronald, miliciano indicado como um dos autores intelectuais do assassinato. Laerte é membro da milícia de Rio das Pedras e tinha ligação estreita com o Escritório do Crime — quadrilha de matadores de aluguel que atua na Zona Oeste do RJ.

 

A motivação para matar Marielle teria surgido de informações fornecidas por Laerte, que indicavam que a vereadora teria se tornado em um “obstáculo” aos interesses dos mandantes do crime. Isso porque o miliciano se infiltrou no PSol, inicialmente, para levantar dados gerais sobre os políticos do partido, já que os irmãos Brazão têm histórico de rivalidade com parlamentares da sigla. 

 

Meses após a infiltração, Laerte começou a municiar os Brazão com informações sobre a atuação política de Marielle e o nome da vereadora se tornou alvo dos milicianos. “Domingos Brazão passou a ser mais específico sobre os obstáculos que a vereadora poderia representar. São feitas referências a reuniões que a vereadora teria mantido com lideranças comunitárias da região das Vargens, na Zona Oeste Rio de Janeiro, para tratar de questões relativas a loteamentos de milícia”, destaca o relatório da PF.

 

“Mencionou-se que, por conta de alguma animosidade, haveria um interesse especial da vereadora em efetuar este combate nas áreas de influência dos Brazão, dado que seria oriundo das ações de infiltração de Laerte”, relatou Lessa na delação. Os irmãos Brazão chegaram a ser alertados da possibilidade de Laerte estar inventando informações para “prestar contas” de sua infiltração no PSol, o que poderia levar a um “superdimensionamento das ações políticas de Marielle” em relação ao combate aos loteamentos ilegais.

 

Com informações do Correio Braziliense

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