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EXPOSIÇÃO

Desbravadoras na música

Baixista Cynara Casé, do grupo Clave de Fá, é homenageada em exposição fotográfica no TRE-PE e banda se prepara para lançar projetos inovadores na música feminina; exposição segue até o dia 3 de maio

Publicado em: 25/03/2024 06:30

 (Cynara à esquerda e Bella à direita. Foto: Divulgação)
Cynara à esquerda e Bella à direita. Foto: Divulgação
Defendendo a representação feminina na música para além dos instrumentos e estilos já desbravados, a banda pernambucana Clave de Fá, criada e liderada pela cantora Bella Andrade e pela baixista Cynara Casé, promove desde 2017, quando se lançou no mercado, uma série de inovações sonoras com faixas icônicas do pop e do rock a partir de uma visão autoral, com influências de jazz e da bossa nova, mesclando estilos e se arriscando em diferentes direções. Parte desse trabalho está sendo homenageado na segunda edição da exposição fotográfica ‘Pioneiras’, localizada na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, no Derby, e que segue até o dia 3 de maio, das 8 às 14 horas com entrada gratuita.

A exposição, promovida pela Escola Judiciária Eleitoral (EJE-PE), destaca o pioneirismo de Cynara, que trabalha há dez anos no tribunal e se tornou no ano passado a primeira mulher formada em contrabaixo elétrico pelo Conservatório Pernambucano de Música. Reconhecida em sua formatura pelo próprio CPM e em seguida pelo TRE-PE, a artista, junto à banda, vem desempenhando um papel de destaque para que esse pioneirismo se estenda com vários outros protagonismos.

A banda Clave de Fá – nome que faz alusão à clave utilizada por instrumentos mais graves – nasceu em meados de 2016, quando as duas amigas Bella e Cynara, para quem a música já era hobby há muito tempo, começaram a compor e fazer rearmonizações de bossa nova, tensionando acordes e testando diferentes influências estilísticas, inspiradas em ícones da MPB, de Vinícius  de Moraes a Gal Costa e Elis Regina, e especialmente em mulheres da música internacional como Nina Simone, Amy Winehouse, Etta James e Ella Fitzgerald.

A partir de abril de 2017, com a entrada de saxofone e bateria na formação da banda, as duas começaram a montar um repertório dedicado a essas inovações, como explica Cynara ao Viver. “Nos apresentamos em formato de quarteto ou quinteto e nosso repertório é composto por clássicos mundiais (pop dos anos 1980, anos 1990), em ritmo de pop jazz ou rock em bossa. Trabalhamos com improvisações, alterando o ritmo do saxofone e do trompete. A mesma coisa com o rock em bossa: pegamos muitos clássicos conhecidos do rock e aperfeiçoamos com a rearmonização dos acordes do baixo e adaptamos a harmonia para uma mais rica musicalmente, com mais possibilidades sonoras”, conta. “Sempre gostamos de inovar com nossas músicas, nunca tocamos o cover, já que nossa ideia é colocarmos a nossa interpretação, a nossa improvisação. O show da gente combina elementos retrô com o contemporâneo, a leveza da bossa com a agressividade do rock”, descreve a baixista.

Segundo a cantora Bella Andrade, também é instrumentista e toca ukelelê, a Clave de Fá homenageia mulheres excepcionais que deixaram sua marca na história da música a base de muita luta para dar vazão a sua vocação artística. "Somos mulheres que batalham todos os dias para demonstrar nosso talento e levamos a música muito a sério, por isso, temos formação no segmento e levantamos essa bandeira de que podemos ser o que quisermos", exalta. "Para além de ícones do jazz e MPB, essas mulheres fortes nos inspiram com toda a sua garra, bem como, com as suas letras que têm tanto de inesquecível, como de verdadeiro", completa Bella.

Buscando inovar ainda dentro de seus próprios trabalhos, a dupla e sua formação já tem alguns planos para outros formatos de apresentação. “Temos como objetivo mostrar ao público os instrumentos não convencionais que usamos na banda, como o ukulelê baixo e o washboard. Esse último era muito usado em jazz antigo e no jazz francês e parece um pouco com um tanque ou tábua de lavar roupa. No nosso próximo projeto, que é um tipo de street jazz band (‘banda de jazz de rua’), pretendemos mostrar e interagir com o público para que as pessoas tenham contato com essas diferentes sonoridades”, afirma Cynara.

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