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Pornhub é processado nos EUA sob acusação de lucrar com vídeos de agressão sexual

Publicado em: 18/06/2021 19:26

 (Foto: Ethan Miller / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP )
Foto: Ethan Miller / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Trinta e quatro mulheres apresentaram uma ação na Califórnia contra o site de vídeos para adultos Pornhub, acusando também a empresa matriz MindGeek de lucrar, de maneira consciente, com imagens que mostram estupros e exploração sexual, inclusive de menores de idade.

Os advogados que representam as 34 demandantes acusam a empresa on-line - um dos maiores sites de vídeos para adultos do mundo - de criar um mercado para a pornografia infantil e "qualquer outra forma" de conteúdo sexual não consentido. Eles querem que o grupo pague por perdas e danos,

A MindGeek, o controverso império de entretenimento para adultos, é acusada de ser uma "empresa criminosa clássica", com um modelo de negócio baseado na exploração de conteúdos sexuais não consentidos.

"Este é um caso de estupro, não de pornografia", afirma a ação, que descreve o site como "provavelmente o maior depósito de pornografia infantil sem regulamentação na América do Norte e além". 

Todas as demandantes, com exceção de uma, desejam permanecer anônimas. Elas moram nos Estados Unidos e no exterior, e 14 delas afirmaram que eram menores de idade quando foram filmadas e que devem ser consideradas "vítimas do tráfico sexual de crianças".

"Dia memorável" 
Serena Fleites, a única demandante que teve o nome revelado, afirmou que em 2014 tomou conhecimento de que "um vídeo de nudez e sexualmente explícito" que seu namorado a obrigou a fazer quando ela tinha apenas 13 anos foi publicado no Pornhub sem o seu consentimento.

O vídeo permaneceu on-line até que a adolescente, que se fez passar por sua mãe, solicitou a retirada ao Pornhub.

Mesmo assim, o vídeo não foi removido por várias semanas, de acordo com a ação, e durante este período foi baixado e disponibilizado por vários usuários, e cada download do vídeo exigiu um novo pedido para remoção.

Os advogados das demandantes acusam a MindGeek de fazer uma "campanha" de manipulação on-line, em uma tentativa de desacreditar as vítimas, assim como de "ameaças de violência física e de morte" contra elas.  

Também processam a Visa Inc., um das maiores empresas de processamento de pagamentos do mundo, por lucrar "de maneira consciente" com o tráfico ao prestar serviços comerciais para a MindGeek.  

Tanto Visa como Mastercard suspenderam o processamento de pagamentos para o Pornhub em dezembro, depois que uma reportagem do jornal The New York Times acusou o site de hospedar conteúdo ilegal, incluindo pornografia infantil e vídeos de estupros. 

"Hoje é um dia memorável", disse Laila Mickelwait, fundadora da campanha Traffickinghub, que conseguiu coletar mais de 2,2 milhões de assinaturas para uma petição acusando Pornhub de autorizar a exploração sexual massiva de mulheres e menores e lucrar com isso. 

A ação afirma que a MindGeek é proprietária de mais de 100 sites pornográficos, incluindo Pornhub, RedTube, Tube8 e YouPorn, e recebe quase 3,5 bilhões de visitas por mês.

"Este processo no tribunal mostra claramente que o Pornhub e sua empresa matriz MindGeek não são apenas uma empresa de tecnologia que cometeu erros de moderação", disse esta especialista em tráfico sexual em um vídeo postado no Twitter.

"Claras regulamentações"
Politicamente, o escândalo causou polêmica no Canadá. 

"Por que o Canadá está hospedando uma empresa que transmite vídeos de estupro ao redor do mundo?" questionou o autor da reportagem, Nicholas Kristof, ao provocar por uma resposta o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, "que se autodenomina feminista". 

Na quinta-feira, uma comissão parlamentar canadense fez 14 recomendações ao governo, argumentando em particular a favor do estabelecimento de "claras regulamentações" para essas plataformas. 

O comissário de Privacidade do Canadá, que informa ao Parlamento, também está investigando o Pornhub por vídeos supostamente postados sem o consentimento das pessoas filmadas. 

O governo Trudeau planeja apresentar um projeto de lei "o mais rápido possível" para forçar as plataformas online a removerem conteúdo ilegal.

A polícia federal canadense está estudando um pedido de investigação criminal sobre MindGeek, a pedido de mais de 70 parlamentares canadenses em apoio ao recurso emitido em março por cerca de 100 vítimas de exploração sexual com o apoio de mais de 500 ONGs internacionais. 

A MindGeek, com sede em Montreal, descreveu o processo em que é classificada como uma "empresa criminosa" de "totalmente absurdo, completamente imprudente e categoricamente falso", segundo a imprensa americana. 

O Pornhub, que tem 130 milhões de visitantes por dia, nega as acusações de tráfico e anunciou uma série de medidas para combater os conteúdos ilegais. Apenas usuários "verificados" podem postar conteúdo, e o download do vídeo agora é restrito a assinantes pagos.
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