LEITE CONDENSADO
Compras de leite condensado aumentaram 72,9% entre 2019 e 2020
Por: Correio Braziliense
Por: Rosana Hessel
Publicado em: 27/01/2021 21:34 | Atualizado em: 27/01/2021 22:09
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil |
Conforme os dados da entidade, o Ministério da Defesa foi o órgão que mais gastou com esse produto que o presidente Jair Bolsonaro. A pasta foi responsável R$ 17 milhões do total de R$ 18,5 milhões adquiridos pelo governo federal no ano passado. Esse montante é 82,8% superior aos R$ 9,3 milhões contabilizados em 2019 com o mesmo produto.
Considerando que uma lata da marca mais famosa no mercado custa de R$ 5 a R$ 6 — valor bem acima do que costuma ser uma cotação de compras governamentais — o governo teria comprado mais de 10,1 mil a 8,4 mil latas de leite condensado por dia.
Em nota divulgada na noite de hoje, o Ministério da Defesa justificou o gasto afirmando que as Forças Armadas devem, por lei, prover alimentação aos militares em atividade. “Ao contrário dos civis, os militares não recebem qualquer auxílio alimentação. O efetivo de militares da ativa é de 370 mil homens e mulheres, que diariamente realizam suas refeições, em 1,6 mil organizações militares espalhadas por todo o país”, informou a pasta. Além do valor, chama a atenção o valor nutritivo dos alimentos comprados pelo Poder Executivo, na avaliação de Gil Castello Branco, secretário-geral da Contas Abertas. “Essa dieta não é nada balanceada, todo mundo está perguntando quem é o nutricionista”, ironizou.
Castello Branco lembrou que o governo gastou mais com batata frita do que com leite condensado, por exemplo, e as compras no ano passado, de R$ 1,8 bilhão, também incluíram os gastos com alimentação das tropas da Defesa e também os das universidades e dos hospitais federais.
A divulgação da compra de alimentos pelo governo, feita pelo site Metrópoles, provocou uma procura maior de consultas ao Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União (CGU). A demanda provocou instabilidade no site. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) questionou a CGU pelo ocorrido, por meio de um ofício enviado ontem. Procurado, o Tribunal de Contas da União confirmou que recebeu o documento, mas o tribunal ainda "não foi autuado processo correspondente". "Após a autuação e definição do relator, o processo segue para a análise da área técnica e logo após segue para manifestação do relator e do plenário do TCU", acrescentou a Corte.
Instabilidade
As informações sobre as compras do Poder Executivo, que constam da representação dos parlamentares, foram obtidas no Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União, segundo o documento. Assim como o Painel de Compras, estavam instáveis desde o ontem. Procurada, a CGU confirmou os problemas na página devido ao grande volume de acessos. "A área de Tecnologia da Informação da CGU identificou o comportamento instável e a sobrecarga pela qual o Portal está passando e está apurando detalhes da ocorrência par identificar as causas exatas, enquanto concentra esforços, de forma prioritária, em busca de soluções para restabelecer o serviço com a maior brevidade possível", disse a pasta, em nota divulgada pela manhã desta quinta-feira (27).
Vieira e o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foram alguns dos parlamentares acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar as compras com alimentos do Poder Executivo, que apresentaram gastos milionários não apenas com leite condensado, mas também, com vinho e até batata frita. Rodrigues ainda protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) um requerimento para que o órgão investigue a instabilidade no Portal da Transparência.
O vice-presidente minimizou a polêmica do leite condensado e disse que é mais "fumaça". Bolsonaro, irritado, afirmou que o governo comprou o produto para "enfiar no rabo da imprensa".
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