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MÚSICA

Carioca Aretha Sadick une música, moda e teatro em série do Coquetel Molotov

Publicado em: 22/01/2021 10:41 | Atualizado em: 22/01/2021 10:57

O trabalho performático da multiartista ganhará as telas da série conceitual do festival Coquetel Molotov, que será exibida na sexta e no sábado. (Foto: Divulgação)
O trabalho performático da multiartista ganhará as telas da série conceitual do festival Coquetel Molotov, que será exibida na sexta e no sábado. (Foto: Divulgação)


Foi dos palcos que nasceu Aretha Sadick. Performer, atriz e modelo, a carioca trans precisou escolher sua persona drag para participar do Miss Gay do Rio de Janeiro em 2011, e resolveu homenagear a cantora Aretha Franklin. O Sadick veio como complemento, inspirado em um sheik. O primeiro desfile como Aretha Sadick lhe rendeu o título naquele ano. O trabalho performático da multiartista, que une música eletrônica, artes visuais, moda e teatro, ganhará as telas da série No ar, produto conceitual do festival recifense No Ar Coquetel Molotov, que será exibido nesta sexta-feira (22) e sábado (23) no YouTube do evento.

A série foi gravada em meio a vegetação e montanhas no açude do estúdio Criatório, situado em Gravatá, no Agreste pernambucano, e na casa de shows Fauhaus, em São Paulo, e busca oferecer um olhar mais cinematográfico às performances. “Eu trago para a série uma pesquisa que já faço há alguns anos, que é a contação de histórias. Nela, eu resgato a sabedoria e tecnologia ancestral de contar histórias, explorando a palavra como potência para projetar, desenhar e vislumbrar novos futuros”, conta Aretha, ao Viver.

A artista encenará duas histórias: a do velhinho que enganou a morte, um conto popular que fala sobre sabedorias antigas que acabamos perdendo, mas nos permitem vencer grandes dificuldades; e a história do orixá Oxumaré e como a entidade despertou seu próprio poder. Aretha iniciou sua carreira artística no teatro, mas foi através da performance de drag que construiu uma conexão com o público.

"A atuação nasceu antes de tudo, me formei como atriz há dez anos, quando corpos como o meu não eram bem aceitos em cena. Como não dava pra fazer o que eu queria no audiovisual, na TV, no cinema ou no teatro, migrei para a arte da noite, realizando performance drag queen”, explica. "Lá, formei a minha feminilidade e isso me levou para a passarela como um corpo que poderia representar, de alguma maneira, uma nova ideia de pessoas que queriam se sentir representadas". Dos palcos, veio a relação com a moda. Para além de um desfile tradicional, Sadick lança mão da performance no palco.

No audiovisual, Aretha já estrelou como protagonista o longa-metragem Lili e as libélulas, de René Guerra, além dos curtas Preciso dizer que te amo, de Ariel Nobre; BR_RIP, de Carlos Eduardo Nogueira; e NEGRUM3, de Diego Paulino, premiado como Melhor Filme pelo Júri Popular na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O ano de 2021 ainda é uma grande incógnita para Sadick. "Tenho me dedicado a um trabalho de arte específico para galerias. E quero fortalecer a imagem como atriz, uma atriz que pode também atuar como performer. Não é sobre ser uma coisa só, é sobre desempenhar funções que me contemplem", frisa.

3 Perguntas // Ana Garcia - produtora do Coquetel Molotov
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação


Como você costurou esse desafio de enfrentar uma crise sem precedentes e ao mesmo tempo propor entretenimento?
Antes de tudo, foi muito importante manter a minha saúde mental, e eu tive os meus altos e baixos, mas acho que sempre tentei focar no trabalho e me manter esperançosa e positiva. Isso é muito importante para conseguir ser criativa no meio desse caos. Juntamos as nossas forças para construir algo maior e trazer os nossos parceiros para perto, reverter o incentivo que ganhamos da Lei de Incentivo à Cultura do Recife para a nossa edição on-line e até novos apoiadores. E isso vem da construção e da importância que o festival tem há anos para a cidade e para a música independente brasileira.

Acredita que a produção musical será muito afetada neste ano?
Sim, será muito afetada. Não temos planos de retomar a atividade até o segundo semestre. Isso é, se grande parte da população for realmente vacinada. Até lá, acho muito difícil bandas conseguirem fazer turnês, casas de shows abrirem, festivais acontecerem. Lembro que li uma matéria bem no comecinho da pandemia que falava que o nosso mercado só voltaria em julho de 2021 e aquilo parecia ser uma eternidade. Bem, já estamos chegando lá. É imensurável a perda que teremos e espero muito que o governo tenha um plano para continuar ajudando o nosso setor.

Há expectativa para a realização de uma nova edição, no formato regular no fim deste ano?
Sim, vamos divulgar no final deste festival a nossa data do físico. Estamos ansiosas para focar no festival físico, que virá com novidades, inclusive de local.
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