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Taxistas enfrentam crise, provocada pelo coronavírus e pelos aplicativos

Publicado em: 28/09/2020 08:00 | Atualizado em: 28/09/2020 18:04

O taxista Tiago Henrique, 28, só trabalhou para dois clientes no período de rígido isolamento social. ((Gabriel Inácio/Esp. DP))
O taxista Tiago Henrique, 28, só trabalhou para dois clientes no período de rígido isolamento social. ((Gabriel Inácio/Esp. DP))
Depois de perderem uma grande parte da clientela para os aplicativos de corrida os taxistas enfrentam outra crise, a do coronavírus. Essa, também afetou a concorrência, porém foi mais intensificada na categoria dos taxistas, por muitos dependerem da única renda das corridas para sobreviverem. “Se nós fazíamos R$ 100 antes, agora estamos fazendo R$ 30 por dia. Estou fazendo 30% do que eu ganhava antigamente”, contou o taxista André Ricardo, 52 anos, ele está na profissão há 10 anos e diz que nunca enfrentou uma crise tão severa.

Apesar da preferência, da maior parte, da população pelos aplicativos, André conta que os clientes estão voltando gradualmente a usar o serviço oferecido pelos taxistas. “ Nos aplicativos concorrentes os clientes encontram o carro sujo e assaltos. Os motoristas fazem o que querem porque não tem nenhuma triagem na hora do cadastro”, fala André. O Sindicato dos Taxistas de Pernambuco não ofereceu o apoio que os profissionais esperavam para enfrentar a crise causada pela pandemia, segundo o taxista, não foi oferecido nenhum auxílio financeiro, máscaras ou álcool em gel para a proteção da categoria.

“Quando as autoridades pediram para fechar tudo eu já nem sai mais de casa, me isolei. Só trabalhei para dois cliente, que são idosos, mas com todos os cuidados. Consegui o auxílio também, foi o que me ajudou”, conta outro taxista, Tiago Henrique, 28 anos, ele assumiu o táxi do sogro há seis anos. Segundo ele, assim que a concorrência dos aplicativos chegou na cidade do Recife, em 2016, onde ele roda, causou um grande impacto no quantitativo das corridas que ele fazia na época. Porém hoje, ele diz que a situação melhorou um pouco, por conta das variações dos preços nos aplicativos, que aumentam devido à grande demanda de pedidos, as pessoas acabam por optar mais pelo serviço do táxi.

Tiago, que além de ser taxista, também é pai de família, teve que se reinventar para poder continuar trabalhando, ele aderiu às novas plataformas digitais e agora também faz corridas pelos aplicativos 99 Táxi, Cabify e Wappa, além de rodar no tradicional táxi.

Os taxistas ouvidos pelo Diario de Pernambuco afirmaram que sindicato da categoria também não ofereceu nenhuma orientação ou cuidado para a higienização dos carros, entre as corridas, e para a proteção individual contra o coronavírus. “Me senti lesado, eles deveriam dar uma assistência maior aos taxistas, coisa que eles não fizeram até agora”, diz Tiago. O único auxílio que o sindicato prestou aos taxistas foi a entrega de duas cestas básicas.

Um taxista, que preferiu não se identificar, informou à reportagem que a segunda cesta básica que recebeu veio com poucos produtos. “A minha situação está tão ruim que vem até 3 ou 4 pessoas sem máscara e eu levo, porque eu não vou perder a corrida, tenho que arriscar a minha vida para sobreviver”, ele já é idoso tem 70 anos e roda há mais de 40.

Em entrevista, o presidente da Associação dos Taxistas Permissionários e Auxiliares de Pernambuco (ATPAPE), Lúcio Mauro, disse que a primeira distribuição de cestas básica foi feita por uma ONG, nessa primeira remessa foram oito mil unidades distribuídas. Já a segunda doação foi feita pela Prefeitura do Recife.

Quando questionada sobre a assistência prestada aos taxistas, por parte da Prefeitura do Recife a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) informou que os taxistas não tiveram restrição de circulação durante a pandemia do coronavírus, por estarem entre a categoria de serviço essencial. Entre as medidas assistenciais que foram adotadas pelo órgão estão a,  "distribuição de cestas básicas para diversos setores, incluindo a categoria dos taxistas. Quanto à distribuição de álcool em gel e máscaras, o órgão reitera que não é responsabilidade da Autarquia, por se tratar de equipamentos de proteção individual e pelo fato do serviço de taxistas ser de caráter autônomo", disse a nota enviada ao Diario de Pernambuco.

Corridas de táxi estão mais baratas

A concorrência digital também trouxe a desvalorização do valor das praças. Mesmo sendo concessão pública, há possibilidade de transferência para outras pessoas - legalmente, no caso das licenças emitidas até 1989, e no mercado paralelo, no caso das mais recentes. A praça no Recife, que antes custava na média de R mil hoje vale R mil. A desvantagem é para quem trabalha com um carro terceirizado de uma frota, no fim do mês o lucro é menor se comparado a quem já possui o carro e a praça.

O usuário de táxi Renato Júnior, 23, trabalha em uma banca de vendas no bairro do Recife Antigo em frente ao seu trabalho funciona um ponto de táxi, ele usa frequentemente no percurso do trabalho para casa. “Como eu tenho amigos aqui eles fazem um preço equivalente, sem ser pelo aplicativo, que fica acessível para eu poder chegar até a minha casa", disse Renato. A diferença entre os preços é considerável, o percurso que Renato faz custa de R a R nos aplicativos, e no com os taxistas podem custar de R a R.

Ele reside na divisa entre os bairros de Ouro Preto e Tabajara, em Olinda, e não usa os aplicativos porque eles têm restrição geográfica e identificam que algumas áreas são de risco.

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