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Jovens adultos são os mais acometidos por surto de sarampo

Publicado em: 19/11/2019 07:00 | Atualizado em: 18/11/2019 20:43

Maria Eduarda Mendes, 21 anos, levou filha a policlínica e aproveitou para se vacinar contra o sarampo. (Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto)
Maria Eduarda Mendes, 21 anos, levou filha a policlínica e aproveitou para se vacinar contra o sarampo. (Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto)

O casal Maria Eduarda Mendes, 21 anos, e Lucas Oliveira, 21, saiu de casa na tarde de ontem para vacinar a filha de 4 meses. No caminho, já dentro do carro, os dois ficaram na dúvida se precisavam eles também de alguma imunização. Lembraram do surto de sarampo ativo do Brasil, mas não tinham o cartão de vacinação em mãos para conferir. Perder o cartão de vacinação ou deixar na casa dos pais ao ingressar na vida adulta é uma constante entre jovens de 20 a 29 anos. Nessa faixa etária, poucas pessoas sabem responder quais e quantas vacinas tomaram, um risco diante do atual cenário de proliferação de casos de doenças infecciosas.

O Ministério da Saúde estima que existam 9 milhões de pessoas entre 20 e 29 anos não vacinadas contra o sarampo ou com o esquema vacinal incompleto (faltando uma das doses). Nessa faixa etária, está concentrado o maior número de casos de sarampo no surto que acomete o país, de acordo com o último boletim epidemiológico. Em Pernambuco, dos 90 casos confirmados, 24% deles também acometem a mesma faixa etária. Considerando esse cenário, a segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação, iniciada ontem, tem como público-alvo os adultos jovens.

Nesse grupo a preocupação não é tanto a chance de gravidade dos quadros da doença,  como acontece em relação a crianças, mas a interrupção da cadeia de transmissão do vírus. “Pessoas entre 20 e 29 anos costumam se deslocar e têm uma imunidade mais baixa para o sarampo do que os mais velhos, mais chance de encontrar com o vírus durante a vida. Elas cumprem um papel importante na transmissão da doença”, explicou o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia.

São pessoas, também, que não costumam adoecer com frequência e por isso não visitam postos de saúde nem carregam consigo os cartões de vacinação. Caso de Maria Eduarda e Lucas. “Estávamos no carro e comentamos que talvez seria preciso tomar a vacina do sarampo, mas não tínhamos certeza e deixamos para perguntar aqui na policlínica”, disse Lucas. Segundo ele, o cartão de vacinação ficou na casa da mãe. “Quando me mudei, deixei lá. Deve estar bem guardado, eu acho”, acrescentou. “No meu caso, acho que perdemos numa mudança”, complementou Maria Eduarda.

Assim como eles, outras pessoas de 20 a 29 anos que procuraram a Policlínica Lessa de Andrade, na Madalena, chegavam com muitas dúvidas. “Não me lembro a última vez que tomei vacina. Estou com o cartão aqui, mas não sei se tomei as duas doses”, disse a jovem aprendiz Jéssica Gervásio, 22. “No meu caso, irei viajar para um intercâmbio e iria tomar a de Febre Amarela. Aproveitei para ver se preciso também da de sarampo. Acho que tomei em 1998, mas não sei se foi o esquema completo”, disse a analista de sistemas Natalya Campos, 25.

No Recife, apesar do início da campanha, a procura do público-alvo na Lessa de Andrade ontem era bem menor que em meses como agosto e setembro. O secretário de saúde do Recife, Jailson Correia, lembrou que essa é também uma oportunidade para os jovens que tomaram a primeira dose naquela época. Em Pernambuco, a Região Metropolitana ainda está com uma cobertura de 62% na segunda dose. “Muito jovens não voltaram. O esquema vacinal completo é de duas doses. Vacina é um assunto do dia a dia. A campanha ajuda, mas as pessoas precisam ver a caderneta de vacinação como um documento importante como outros. Ter o histórico de proteção ao longo da vida é fundamental”, lembrou.

A vacina contra o sarampo é a tríplice viral, que protege também contra caxumba e rubéola. Entre pessoas de 20 a 29 anos, a vacinação deve ser em duas doses, com um intervalo mínimo de um mês entre elas. Dos 30 aos 49 anos, o esquema é uma dose. A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) reforçou que crianças até de 6 meses a 4 anos, além do público até os 49 anos, ainda não imunizadas ou que não completaram o esquema vacinal devem ser levadas aos postos de saúde para receber a proteção. 
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