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Política
Investigação

Prefeitura de Escada investigada por improbidade após calote na Caixa

Inquérito do MPPE apura por que Prefeitura de Escada deixou de pagar empréstimos consignados ao banco, mesmo tendo descontado os valores no contracheque dos servidores

Marília Parente

Publicado: 16/05/2025 às 16:49

Caixa e Prefeitura de Escada assinaram convênio para conceder empréstimos consignados a servidores/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Caixa e Prefeitura de Escada assinaram convênio para conceder empréstimos consignados a servidores/Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) investiga possível caso de improbidade administrativa da Prefeitura de Escada e enriquecimento ilícito de gestores do município, na Mata Sul pernambucana, após a Prefeitura dar calote na Caixa Econômica Federal (CEF).

O inquérito foi instaurado no último dia 28 de abril. Segundo a investigação, o município teria firmado um convênio com o banco, para empréstimos consignados de servidores, em janeiro de 2013, durante a gestão do ex-prefeito Lucrécio Gomes (PSB).

Na segunda cláusula, o acordo estipulava o repasse dos valores ao banco até o quinto dia útil de cada mês, com previsão de encargos adicionais em caso de atraso.

Mais de 150 contratos consignados foram celebrados por meio do convênio. A Prefeitura, no entanto, deixou de honrar os pagamentos, mesmo com os valores sendo descontados dos contracheques dos trabalhadores.

Por causa do calote, a Caixa entrou com ação na Justiça Federal, que mandou o município pagar a dívida. A decisão da 34ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco foi proferida em setembro de 2021 e é a origem da nova investigação do MPPE.

"Na parte final da sentença, o Juízo Federal determinou que fosse oficiado ao Ministério Público Estadual em razão da conduta dos gestores do Município de Escada, com a apropriação dos valores descontados dos servidores e não repassados à CEF. Considerando o teor do Ofício da Justiça Federal e a documentação anexa, notadamente a determinação judicial para que esta Promotoria de Justiça tome ciência dos fatos e adote as medidas que entender pertinentes, bem como os indícios de ato de improbidade administrativa consubstanciado em enriquecimento ilícito", diz trecho da comunicação de instauração do inquérito.

Sentença

O Diario de Pernambuco teve acesso aos autos do processo na Justiça Federal, nos quais funcionários da prefeitura autorizam a Caixa a juntar seus holerites na ação judicial, comprovando que o município realizou os descontos relacionados ao empréstimo em seus contracheques.

Em ofícios encaminhados à Prefeitura, ainda antes da sentença, o banco também adverte que o não repasse poderia sujeitar os gestores à responsabilização criminal por apropriação indébita.

Na ocasião, a Caixa cobrava R$ 188.619, 06, referentes a repasses não realizados nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2018, além de janeiro de 2019.

Na sentença, a juíza federal Ethel Francisco Ribeiro também determinou, por cautela, a intimação pessoal da atual prefeita, Mary Gouveia (PL), para que cumprisse "as determinações constantes da sentença".

Nova investigação

Ao instaurar o novo inquérito, a pedido da Justiça Federal, o MPPE também notificou a atual do prefeita de Escada, Mary Gouveia, a prestar esclarecimentos sobre o caso, inclusive o motivo para o não repasse dos valores descontados dos servidores.

O órgão também pediu ainda que a prefeita apresente quais medidas estão sendo adotadas para regularizar a situação, bem como a comprovação dos repasses efetuados à Caixa, com as respectivas datas e valores.

Procurada pela reportagem, a Caixa informou que não comenta processos judiciais em curso e que só irá se manifestar nos autos.

A defesa do ex-prefeito Lucrécio Gomes também foi procurada, mas não respondeu. A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Escada, por meio dos seus telefones oficiais, mas não obteve retorno.

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