Diario de Pernambuco
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Observatório econômico Educação de qualidade

Por: André Magalhães

Publicado em: 30/07/2018 03:00 Atualizado em:

Em Pernambuco as escolas integrais de ensino médio estão fazendo um grande trabalho. Saímos de uma incômoda 17ª posição ao final do ensino fundamental para o 1º lugar no IDED do ensino médio. Ou seja, aprende-se muito ensino médio. Parte do sucesso no ranking, entretanto, vem da forma como o IDEB é computado. De qualquer forma, estamos indo bem no médio (e muito mal no fundamental). 

Nos últimos anos temos visto um debate regional a respeito de educação que envolve, especialmente, Pernambuco e Ceará. A coisa segue mais ou menos assim: Pernambuco tem destacado que conseguiu alcançar o primeiro lugar do IDEB para o ensino médio nas escolas públicas. O Ceará tem apontado o grande sucesso de Sobral, e outros munícipios, em elevar a qualidade do ensino público fundamental.

Não é realmente uma disputa, e nem algo ruim. Os dois estados têm buscado melhorar a qualidade da educação das redes públicas e estão tentando obter o reconhecimento. Quando a educação ofertada nas redes públicas melhora, todos ganham. Nesse sentido, esse é um excelente debate. 

Na semana passada, o projeto Pense Pernambuco (sem dúvida, uma grande iniciativa) trouxe ao Recife Ricardo Paes de Barros, um dos maiores especialistas na área, para falar de educação. Barros coloca pontos muito importantes que vão além da educação. 

O primeiro ponto talvez seja o de que em Pernambuco as escolas integrais de ensino médio estão fazendo um grande trabalho. Saímos de uma incômoda 17ª posição ao final do ensino fundamental para o 1º lugar no IDED do ensino médio. Ou seja, aprende-se muito ensino médio. Eu tive a oportunidade de visitar algumas dessas escolas. É impressionante, e visível, como os alunos têm melhorado com esse formato. 

Parte do sucesso no ranking, entretanto, vem da forma como o IDEB é computado, levando em consideração não apenas as notas, mas também o percentual de aprovação (a reprovação caiu muito aqui). De qualquer forma, estamos indo bem no médio (e muito mal no fundamental). 

O segundo ponto é que temos muito o que aprender com o Ceará. O ensino fundamental é ofertado pelos municípios. Nesse caso, é um pouco mais difícil para o estado atuar na área. Mas, no Ceará a coisa funciona muito bem. Sobral é o maior exemplo, mas não é o único. Temos que entender o que está dando certo e usar aqui.

O terceiro ponto é que há uma grande desigualdade dentro da rede pública estadual em termos de desempenho. Há escolas em Pernambuco que apresentam indicadores comparáveis ao padrão europeu. Há outras que condenam os alunos a uma educação de péssima qualidade. O que explica isso? O que fazer para reduzir as diferenças? 

Por fim, um ponto fundamental é que precisamos avaliar o que está sendo feito, identificar as virtudes e os defeitos e trabalhar para corrigir o que não está funcionando. Esse é um ponto que serve para todas as áreas, não apenas para a educação. Não temos, no Brasil, a cultura de avaliar o que fazemos. Não aprendemos com os nossos erros. A chave para o sucesso é melhorar a gestão dos processos. Para isso, precisamos saber o que deve ser aprimorado, mudado ou reforçado. Isso raramente ocorre aqui. 

O momento é mais do que oportuno para se trazer a discussão à tela. O tema da educação deve ser permanente, é claro. Mas, com as eleições chegando, seria interessante aproveitar e se aprofundar no assunto e mais ainda na ideia da avaliação das políticas públicas.