Com Brasileiro no sobrenome artístico e Pernambuco no DNA, Marron (sim, com 'N', mesmo) é a personificação de uma folia que nunca se esgota. Mesmo antes da largada oficial do Carnaval do Recife 2025, seus clássicos como Arreia a Lenha, Nas Ondas do Desejo e Galera do Brasil já agitavam multidões nas ruas. Ele é uma força rítmica no coração da maior festa do mundo — motivo pelo qual será um dos homenageados deste ano. Hoje, a partir das 19h30, Marron comandará a abertura no palco do Marco Zero, ao lado de diversos convidados, como Dany Myler e Michelle Melo.
O carnaval fez morada em Jefferson de Alencar da forma mais tradicional. Aos 4 anos, nos ombros da tia, deixava-se levar pela euforia de Lágrimas de Folião. O encanto de criança virou destino quando, anos depois, foi escolhido pelo Maestro Fernando Borges (1938-1998) para se apresentar no Geraldão, em 1979. “Depois disso, ele me convidou para integrar a orquestra da companhia, e assim começou toda essa trajetória”, relembra em conversa exclusiva com o Viver.
Com um pé no frevo e outro em ritmos como ciranda, caboclinho e coco de roda, o artista evita se rotular e celebra a cultura popular do estado em toda a sua diversidade. “São 46 carnavais de estrada, mas, antes disso, eu já fazia parte dessa festa. Está no meu DNA: o Galo da Madrugada, o Homem da Meia-Noite, as Virgens de Olinda. Pernambuco não me define por um ritmo só. Eu sou tudo isso”, afirma.
Em sua alquimia musical, o carnaval ganha uma dimensão que foge do escopo mercadológico e se reconecta às suas raízes. “Uma vez cheguei em Boa Viagem, no meio do Carnaval, só tocando axé, e soltei: 'Vou tocar uma ciranda'. Me disseram: 'Você tá louco?'. Não vou esperar o São João pra tocar minha Ciranda. E nesses tempos de agora, vou continuar”, garante.
De espectador nos ombros da tia a homenageado ilustre do Carnaval do Recife 2025, ele celebra uma vida que, como o frevo, nunca perdeu o compasso. "Esta homenagem vai muito além da pessoa, do cidadão, do artista. Ela funciona como um farol para novas gerações de meninos e meninas como eu — que nasceram sem muitas oportunidades. Para os invisíveis. Porque eu fui um invisível. Ninguém via, ou fingia que não via”. Agora veem, dançam… e arreiam a lenha!
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