EXPOSIÇÃO
Exposição coletiva investiga conceito de 'território' na Galeria Marco Zero
''Territórios Desviantes'' instiga reflexão sobre territórios e suas diversas expressões a partir do trabalho de 25 artistas, como Francisco Brennand, Cícero Dias e Antônio Bandeira
Por: Allan Lopes
Publicado em: 29/10/2024 06:00 | Atualizado em: 28/10/2024 17:55
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Obra sem título de Marlene Almeida está na mostra (Foto: Divulgação) |
A exposição "Territórios Desviantes", que a Galeria Marco Zero inaugura nesta quarta-feira (30), às 18h, investiga a multiplicidade do conceito de território, indo além das noções tradicionais de espaço geográfico. Sob a curadoria de Bitu Cassundé, a mostra reúne obras de 25 artistas de diferentes gerações e regiões do Brasil, propondo uma reflexão sobre caminhos que desafiam a lógica cartesiana e a linearidade das narrativas históricas. A entrada é livre, com visitação de segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 10h às 17h, até o dia 18 de janeiro de 2025
"Territórios Desviantes" estreia uma nova configuração depois de representar Pernambuco na 3ª edição da Rotas Brasileiras, feira de artes em São Paulo. Em constante experimentação, a pesquisa que começou no início de 2024 se reinventa a partir de visitas aos ateliês dos artistas e um olhar expandido sobre as hierarquias e fronteiras entre popular e contemporâneo. “É um projeto em processo com uma natureza orgânica que vai se transformando, incorporando novos artistas e questões a partir das relações que se estabelecem por diferentes perspectivas do território”, afirma o curador Bitu Cassundé.
Ele acrescenta que o intuito é pensar o território através de suas cartografias, como a do Nordeste, e suas metáforas, como o corpo, a partir da ideia de desvio. “Pensar o território pela perspectiva dos desvios é um dos índices que norteiam o projeto, que se alia às questões de trânsitos, fluxos e deslocamentos. Assim, o corpo pode ser entendido como desvio, como território para estruturar as relações, que se articulam entre o Nordeste brasileiro e outras geografias, entre o territorializar e o desterritorializar”.
Na metáfora do território, o percurso por essas geografias errantes segue caminhos desviantes, rompendo com a lógica cartesiana da linha reta ou da historiografia hegemônica. Através do desvio e da escrita biográfica, outras formas de entender a vida em relação à arte são evidenciadas. Para isso, a conexão entre paisagem e deslocamento revela o corpo em movimento, que reflete o desejo de ir e voltar, entre territorializar e desterritorializar. “Esse corpo-território se anuncia através da performatividade, da ginga, da ficção, da fabulação, das memórias e ancestralidades e da relação daquilo que se entende por popular”, esclarece o curador.
A exposição reúne trabalhos em técnicas e suportes variados, como pintura, escultura e fotografia, dos artistas Advânio Lessa, Bozó Bacamarte, Bruno Vilela, Charles Lessa, Chico da Silva, Delson Uchôa, Devi de Jesus do Nascimento, Emanuel Nassar, Estevan Davi, Francisco Brennand, Geoneide Brandão, Gio Simões, Hélio Melo, Ianah, José Rufino, Juliana Lapa, Leonilson, Marlene Almeida, Montez Magno, Rayana Rayo, Rodrigo Braga, Rubem Valentim, Thiago Costa, Tunga e Véio.
São artistas consagrados ao lado de emergentes que ainda não fazem parte das rotas tradicionais do circuito de arte, cujas cartografias se aproximam e se afastam. “São técnicas e questões bem variadas, que ativam diferentes dimensões do território, através da poética de artistas, que lidam com múltiplas materialidades, paisagens e ancestralidades. Pensar esse território por cartografias do desvio, talvez aproxime essas relações”, explica Cassundé.
Eduardo Suassuna, sócio-fundador da Galeria Marco Zero, ressalta a importância da iniciativa, fruto de uma colaboração de oito meses voltada para a investigação. A proposta garante que a galeria não se limite a ser apenas um espaço expositivo. ““É fundamental continuarmos fortalecendo os espaços para a criação e a pesquisa, entendendo a galeria como parte desse processo, razão pela qual também mantemos um núcleo educativo, responsável por aproximar o público ainda mais dos projetos que apresentamos”, pontua Eduardo. A expectativa é de que a pesquisa continue com novas etapas no ano que vem.
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