OLINDA
Ateliê Iza do Amparo comemora 40 anos com quatro exposições
Circuito ''Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos'' vai começar neste sábado (13)
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 12/07/2024 17:07 | Atualizado em: 13/07/2024 09:53
Foto: Rafael Vieira/DP Foto |
Iza do Amparo é, há mais de 40 anos, matriarca de uma casa de artistas: uma casa-ateliê, em Olinda, onde em todo esse tempo seus moradores (se) criaram e (se) criam dividindo o mesmo teto, as mesmas paredes, mas de distintas formas. A celebração deste tempo — que, mais do que um bom punhado de anos, significa uma trajetória longeva de criação na convivência com os outros, os artistas-etcétera, em duas gerações: a dos pais e a dos filhos — será, claro, com todos, mas ao longo de 12 meses, em quatro exposições individuais, no circuito “Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos”, que estreia neste sábado (13), às 16h, no Museu Regional de Olinda, com incentivo do Funcultura.
O circuito abre com a exposição “Artista-Cientista Paulo do Amparo: Das Manufeituras à Zoada do Teu Momento”, de Paulo do Amparo, artista-filho de Iza do Amparo. Com curadoria de Ana Gabriella Aires, serão exibidas as produções mais recentes do artista, que incluem experiências com litogravura e eletrogravura feitas em parceria com Ricardo Melo, além de criações do Xekerall, coletivo de pesquisa em música e eletrônica desenvolvida junto com o produtor musical Homero Basílio. São protótipos como o “Badoque”, um disparador de sons que funciona como um sampler simplificado e barato com uma tocabilidade considerada bastante original.
Na produção artística de Paulo do Amparo refletem manifestações culturais ocorridas em Pernambuco, a partir dos anos 1990, até hoje. As três exposições que virão vão percorrer os trabalhos dos demais integrantes do núcleo familiar da casa-ateliê de Iza do Amparo: ela própria; a filha, Catarina do Amparo, e também Humberto Magno, artista visual com quem Iza do Amparo gestou e criou o ateliê e seus filhos, falecido em 2021.
Ana Gabriella Aires enfatiza, no texto de curadoria, que, mais do que uma exposição de obras, este circuito “será uma oportunidade de conhecer ou rever Iza, Humberto, Paulo e Catarina em quatro exposições articuladas pelo que são eles de artistas-etcétera. E o quanto isso que, parece, sempre foram e vão juntos sendo, vai-se transformando pelo que conviveram ou convivem, família que são”.
“Artista-etcétera, conceito emprestado de Ricardo Basbaum, refere-se à situação do artista que ‘questiona a natureza e a função de seu papel como artista’ e que possui ‘fortes ligações com os circuitos locais em que estão inseridos’.”
Durante o período da exposição de Paulo do Amparo, que vai até o dia 11 de agosto, também será realizada uma visita guiada por Paulo e Iza do Amparo, com audiodescrição simultânea. A ação é voltada para estudantes de Artes Visuais do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – Campus Olinda e para pessoas com deficiência visual. A visitação mediada compreenderá também o ateliê e espaço de trabalho de Iza do Amparo, além de um bate-papo com a artista sobre o histórico de ocupação de Olinda Alta por ateliês de arte desde os anos 1970, quando se estabeleceu na cidade com a sua casa-ateliê.
“Eu sou essa casa”
O Ateliê Iza do Amparo, espaço que é oficina, ateliê e residência dos artistas Iza do Amparo e de seus filhos, Catarina e Paulo do Amparo, mantém suas portas abertas há 40 anos para visitantes que passeiam por Olinda. Lembrado por seus frequentadores como um lugar de acolhimento, fruição artística e boas conversas, é um espaço dedicado às artes plásticas e se configura como uma importante referência na vida cultural do Sítio Histórico de Olinda.
Iza do Amparo (na época, ainda Maria Luiza) e Humberto Magno fixaram residência na rua do Amparo em 1981, em um momento efervescente da cena das artes plásticas pernambucana, especialmente, no Sítio Histórico de Olinda, onde estavam estabelecidos dezenas de ateliês. Os dois artistas, ao lado de Rodolfo Mesquita, Ismael Caldas, Jairo Arcoverde, Ney Quadros, Roberto Amorim, Anchises Azevedo, Montez Magno, eram participantes de um grupo (não um coletivo) que, nas palavras do curador Raul Córdula, “contestaram o status quo da elite da arte no Recife”, naquele momento.
Mais do que criar e receber, Iza do Amparo, hoje com 74 anos, tem, ao longo dessas décadas, transmitido seus conhecimentos e técnicas para outros artistas, que em seu espaço aprendem, produzem e comercializam obras. Há um ano, ministrou uma oficina gratuita de técnicas em tecido para um público interessado em seus saberes. Diz que ela própria é a casa-ateliê que resiste há quatro décadas: “Eu sou essa casa”.
SERVIÇO
“Da Casa-Ateliê de Artistas-Etcétera ao Agora: Duas Gerações, Quatro Desdobramentos”
1ª Exposição: “Artista-Cientista Paulo do Amparo: Das Manufeituras à Zoada do Teu Momento”
Abertura: dia 13 de julho, às 16h
Visitação: até o dia 11 de agosto, de quinta a domingo, das 14h às 17h
Onde: Museu Regional de Olinda - Rua do Amparo, 128, Sítio Histórico de Olinda
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