ESPETÁCULO

'Céu Sangrando Tinta' estreia no Teatro Hermilo Borba Filho

A peça é a primeira em 20 anos que o edital 'O Solo do Outro' premia uma mulher trans no cargo de diretora e criadora da obra

Publicado em: 22/05/2024 17:29

 (Foto: Vanessa Alcântara)
Foto: Vanessa Alcântara
Nesta sexta-feira (24) e sábado (25), a partir das 20h, chega ao palco do Teatro Hermilo Borba Filho o espetáculo gratuito de dança contemporânea 'Céu sangrando tinta', idealizado, dirigido e pesquisado por Catarina Almanova, inspirada no conto 'O general está pintado', de Borba Filho. Também assinam as pesquisas para a produção da peça Bob Silveira, Rebeca Gondim e Silvinha Goes.

Em cena, quatro personagens enfrentam a monotonia de uma existência marcada por repetição, até que suas vidas sofrem o anúncio de um inevitável fim, desencadeando uma inquietante reflexão sobre a fragilidade da vida diante do caos iminente. A pesquisa em dança mergulha na naturalização da violência e na indiferença à vida humana, refletindo sobre estruturas de poder e fragilidade. Ao trazer uma versão modificada, porém inspirada no conto, a peça questiona até que ponto a existência humana é considerada descartável. Através da dança contemporânea, a obra busca explorar a expressão do movimento através da improvisação, integrando elementos das vertentes de Mary Wigman e Isadora Duncan para enriquecer suas ideias em desenvolvimento.

No conto original de Hermilo Borba Filho, a sua cena final trazia um rapaz angustiado e ansioso na tentativa de salvar sua avó, que está prestes a falecer, é atingido por um tiro de um soldado do pelotão. O sangue do jovem jorra na pintura que está sendo feita pelo General mencionado no título da história, se espalhando pelo céu e tingindo a parte superior da tela. O General, apenas preocupado com sua obra, dá atenção exclusivamente ao líquido vermelho que, surpreendentemente, era o que faltava na composição de'Seu inesperado crepúsculo', como nota o conto.

A crítica e análise da história nos oferece uma visão única de Hermilo sobre a naturalização da violência, expondo uma clara estrutura de poder e fragilidade que resulta na indiferença à vida humana. Retomando ao palco com mais duas sessões nos dias 14 e 15 de junho, a peça tem classificação indicativa para acima de 14 anos.

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