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Sarau 'De Tempo Somos' e espetáculo 'Cabaré Coragem' ganham sessões no Recife

Peças estarão em cartaz nos dias 17, 18 e 19 de novembro, no Teatro Luiz Mendonça, dentro da programação do 22º Festival Recife do Teatro Nacional

Publicado: 10/11/2023 às 16:24

'De Tempo Somos', peça inédita do Grupo Galpão, será apresentada uma só vez no Recife/Crédito: Kika Antunes

'De Tempo Somos', peça inédita do Grupo Galpão, será apresentada uma só vez no Recife/Crédito: Kika Antunes

O Grupo Galpão, que celebra seus 40 anos de atividade no teatro, chega a Recife com dois espetáculos: “De Tempo Somos - um sarau do Grupo Galpão” e “Cabaré Coragem”, nova peça da Companhia, com direção do ator Júlio Maciel. As apresentações serão realizadas na próxima sexta-feira (17) (“De Tempo Somos - um sarau do Grupo Galpão”, às 20h) e nos dias 18 e 19 de novembro (“Cabaré Coragem”, às 18h), no Teatro Luiz Mendonça. Os espetáculos integram a programação do 22° Festival Recife do Teatro Nacional. Os ingressos são gratuitos e é necessário levar 1kg de alimento. A retirada das senhas se dará uma hora antes de cada apresentação.

"De Tempo Somos - um sarau do Grupo Galpão” é um espetáculo que nos desafia enquanto atores e nos proporciona uma relação muito direta com o público: uma abordagem diferente dos textos e, principalmente, das músicas, que já fazem parte do imaginário das pessoas que acompanham o Galpão nesses 40 anos - não é por acaso que algumas das canções são dedicadas a elas. Como é bom poder retornar a esse espetáculo, ter a plateia cantando conosco, e perceber que a história do Grupo se renova e se fortalece", destaca Lydia Del Picchia, atriz e uma das diretoras do espetáculo.

Com direção musical e arranjos de Luiz Rocha, os atores cantam e executam, ao vivo, 25 canções de trabalhos mais antigos como “Corra enquanto é tempo” (1988) e “Álbum de Família” (1990); passando também por “Romeu e Julieta” (1992), “Um Moliére Imaginário” (1997) e “Partido” (1999), chegando até a espetáculos mais recentes como “Tio Vânia” e “Eclipse” (ambos de 2011), além de músicas que surgiram em workshops internos e que chegam a público pela primeira vez. “A cantoria é a celebração do encontro, da festa, da disposição para seguir em frente (apesar de tudo que nos faz pender para o chão!), do espírito libertário e contestador inerente a toda reunião festiva”, explica Lydia Del Picchia.
 
Segundo Simone Ordones, atriz e também diretora do espetáculo, várias músicas que marcaram o repertório de espetáculos do grupo são revisitadas e recontextualizadas: “o foco desse sarau não é ser nostálgico, mas visar o futuro, o que está por vir; celebrar o que foi feito para apontar possíveis caminhos para o futuro. A montagem é versátil e já coube em vários espaços diferentes: teatros, salas de eventos, saguão de cinema, coreto de praças, ruas, lonas de circo. Nesses encontros, coisas maravilhosas acontecem: olhos brilhando, lágrimas, gargalhadas… O público se vê refletido em nós; e nós, neles. Estamos em festa, viva o teatro! Viva o público brasileiro!”, completa Simone Ordones.
 
Público participa do espetáculo em  
Ao percorrer o universo do cabaré, de Brecht à contemporaneidade, o novo espetáculo do Grupo Galpão, Cabaré Coragem, que estreou em 2023, apresenta uma trupe envelhecida e decadente que, apesar das intempéries e dos revezes, reafirma a arte como lugar de identidade e permanência. Ao mesclar um repertório de músicas interpretadas ao vivo com números de variedades e danças, fragmentos de textos da obra de Brecht e cenas de dramaturgia própria, o Cabaré Coragem convida o público a uma viagem sonora e visual. Fiel às suas origens de teatro popular e de rua, o Grupo Galpão busca, na nova montagem, a ocupação de espaços alternativos, ao romper, uma vez mais, com a relação entre palco e plateia, numa encenação que incorpora, radicalmente, a presença do público, sempre convidado a compartilhar da encenação.

Com direção de um de seus integrantes, o ator e diretor Júlio Maciel, o espetáculo conta com direção musical, trilha e arranjos de Luiz Rocha, dramaturgia coletiva com supervisão de Vinicius de Souza, cenários e figurinos de Márcio Medina, iluminação de Rodrigo Marçal e, no elenco, os atores Antonio Edson, Eduardo Moreira, Inês Peixoto, Luiz Rocha, Lydia del Picchia, Simone Ordones e Teuda Bara.
 
Júlio Maciel, ator do Grupo Galpão e diretor do espetáculo, conta que “já se passaram muitos meses desde que nos sentamos ao redor de nossa mesa de trabalho na busca por um novo espetáculo. Como sempre, vieram muitas ideias, uma enxurrada de sonhos, vontades. Líamos Bertolt Brecht à procura de inspiração e para entender o caos político e social que vivíamos, enquanto uma persistente pandemia nos assombrava. Lembro-me de que, num desses encontros, às vezes acalorados, alguém disse a palavra ‘Cabaré’”. Naquele instante, conta o artista, os olhos se acenderam: “Logo depois, fomos inundados por indagações. Um Cabaré Brecht? Um Cabaré Brasileiro? Um Clássico? Jovem? Contemporâneo? Político? Feroz? Drag? Vedete? Teatro de Revista? E o teatro? O que diferencia o Cabaré do Teatro? Seria uma peça
sobre um Cabaré de Beira de Estrada? Um Inferninho, com tipos excêntricos?
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