"Frei Damião - O Santo do Nordeste" chega aos cinemas nesta quinta-feira (04)

Em 1931, Pio Giannotti desembarcava no Brasil vindo da Itália. O destino era o Nordeste, na época a região economicamente mais desfavorecida do país. A história dessa jornada pode ser resumida em um nome: Frei Damião. É esse percurso, do adolescente missionário à figura santificada, que levou a cineasta Deby Brennand a assumir o projeto que estreia nesta quinta (04) nas telas dos cinemas em Pernambuco.

Frei Damião - o santo do Nordeste é menos uma engenharia de obra pronta, e mais uma investigação ousada do homem por trás da lenda. Em linha cronológica, adentramos tanto na vida de Damião de Bozzano, quanto na de Pio Giannoti, filho de camponeses italianos. “É um personagem extremamente importante para o povo nordestino. Falamos muito da vida do homem Frei Damião, quem foi essa pessoa, o ser humano antes do mito”, conta Deby.

Conhecemos, por exemplo, que ele teve uma educação religiosa desde a infância e aos dezenove anos foi convocado para batalhar na Primeira Guerra Mundial, o que impactaria sua vida para sempre. O filme perscrutará por esses fatos na busca de entender a formação do Frei, e não apenas mostrá-las ao público.

 

 

Até por isso, o gênero “documentário” não foi o suficiente para dar luz ao projeto. Fora entrevistas, o longa traz cenas ficcionais, simulando situações reais vividas pelo capuchinho, além de imagens de arquivo inéditas captadas pelos cineastas Otacílio  Cartaxo e Machado Bitencourt. Este último detalhe revela outro fato interessante sobre Damião: o seu gosto pelo cinema. Os diretores, já falecidos, se imbricaram nas missões do Frei, e captaram filmagens, gravadas em fitas VHS, durante os anos 70 até a sua morte em 1997 (os arquivos sobreviveram porque foram guardados no Convento de São Félix, no Pina).

“O filme traz várias nuances, novidades e imagens inéditas para gente ver o quanto esse homem lutou por um ideal durante toda sua vida. Para passar essa mensagem de força, de amor, principalmente de amor ao próximo”, conta a diretora.

Durante 66 anos, Frei Damião dedicou a sua vida ao Nordeste. Percorreu estados como Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba nas suas Santas Missões. Seguindo seus rastros, o filme passa pelos principais pontos em que o religioso marcou fiéis com sua devoção e fé. Entre eles, a cidade de Caruaru, onde anualmente acontece uma festa em sua homenagem.

 

 

“Frei Damião se destacou por estar no meio dos pobres, daqueles desassistidos. podendo escutar, não só os pecados, mas as partilhas das dores, alegrias e esperanças do nosso povo. Ele não fazia acepção de pessoas, acolhia a todos indistintamente e com isso angariou uma fama de santidade. Nós pensamos num que pudesse ser um filme para retratar o homem santo e também para ser salvaguarda dessa grande memória, como um instrumento de conhecimento para as novas gerações que não tiveram contato com ele”, conta o Frei Jociel, postulador da causa de beatificação do frei.

Inclusive, esse processo que corre no Vaticano apresenta Frei Damião também como uma figura de milagres. Esta é outra abordagem que a obra reinventará através das possibilidades do cinema, desde relatos de pessoas que vivenciaram os ocorridos a recriação através da ficção. Neste aspecto, Frei Damião - o santo do nordeste ainda nos agracia com uma das últimas atuações do lendário Andrade Junior, falecido em 2019, antes de ser premiado pela sua atuação no também pernambucano King Kong en Asúncion.

Hors Concours no Cine PE 2019, Frei Damião - O santo do Nordeste chega aos cinemas um dia antes do aniversário do capuchinho. Um filme que honra o homem, acende seu legado e nos ensina sobre o percurso da fé católica em nossa região – tudo isso através das potencialidades da sétima arte.