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Escritor Ed Wanderley adentra mundo dos sonhos em livro de contos
Publicado: 25/09/2021 às 11:00
Ao longo de nove contos, o autor aborda o mundo onírico por vários gêneros e interpretações/Foto: André Nery/Cortesia
Por mais universal que seja, o fenômeno dos sonhos toma diferentes interpretações a depender do viés abordado, seja científico, religioso ou psicanalítico. Porém, acima disso, pode-se dizer que, quando agradáveis, os sonhos se tornam atenuadores de uma realidade difícil. Ao menos é o que acredita o escritor e jornalista Ed Wanderley em seu novo livro Sonhos Cariocas, um compilado de contos autorais. O lançamento do título acontece em live nas redes do autor (@edwanderley), a partir das 20h, neste sábado (25), não coincidentemente, data em que é celebrado o Dia Mundial do Sonho.
Primeiro livro de contos do escritor, Sonhos Cariocas traz nove histórias concebidas durante a pandemia, inspiradas por um sonho que o próprio autor teve. Para abarcar as diversas facetas e impactos possíveis do mundo onírico, são utilizados também diferentes gêneros narrativos, como romance, comédia e até ficção científica. No conto Dias em déjà vu, trabalha-se um romance que só acontece na hora de dormir, quando duas pessoas se conectam por um sonho compartilhado, que depois afeta o mundo real. O autor também brinca com outros significados atribuídos à palavra “sonho” e constrói, por exemplo, uma história onde uma mulher toma uma cidade de assalto com seus doces de padaria (sonhos) e acaba tendo que se explicar à polícia.
O fascínio de Wanderley pelo mundo dos sonhos surgiu bem antes da concepção do livro. Ele revela já ter lido artigos e livros sobre o tema, desde os clássicos de Jung e Freud até o contemporâneo Matthew Walker, mas que não se cobrou a ter fidelidade com a base teórica. “Em alguns contos, essa influência fica muito mais evidente, no que diz respeito à repressão de desejos, como em Sesta, e à manifestação do superego, passando pelo inconsciente coletivo, no abre o livro, Coroa. A questão é que os contos aqui se propõem a explorar dilemas sem as amarras do ‘prático’ e do ‘moral’ para provocar e emocionar em diferentes níveis, de forma semelhante ao impacto que o sonhar nos traz”, explica. O objetivo principal, portanto, é simples: entreter o leitor com uma narrativa ficcional que o ajude em momentos difíceis, mesmo que apenas acelerando o tempo durante a leitura.

Sonho como resistência
Ainda que o autor seja um pernambucano vivendo em São Paulo, a evocação do termo carioca no título parte de sua visão do Rio de Janeiro como a representação da “terra dos sonhadores” no Brasil. O autor justifica isso pelo paralelo com os EUA, no qual Nova York pode até ser o centro econômico (São Paulo), mas é na Califórnia (Rio de Janeiro) que se busca o sucesso de forma mais aventuresca. Reconhecendo este maravilhamento como fruto de uma construção poética e musical ao longo de décadas, Ed afirma que, ao retirarmos esse deslumbramento da cidade, encontramos “um campo intenso de contradições sociais que vão além da dualidade pobreza e nobreza. No Rio há angústias de todo um país que sofre, mas se recusa a deixar de acreditar nas possibilidades”.
Essas angústias, por outro lado, parecem estar cada vez mais presentes e potencializadas no contexto atual do país. Foi buscando inspiração que o escritor teve contato com duas outras obras que relatam o poder dos sonhos em momentos de perturbação social, sendo elas: Sonhos no Terceiro Reich, da jornalista Charlotte Beradt, que documenta os sonhos alemães no período de ascensão de Hitler; e o livro Sonhos Confinados: O Que Sonham os Brasileiros em Tempos de Pandemia, um estudo coletivo realizado no período inicial do isolamento. Marcado por crises em diversos âmbitos (político, econômico, sanitário, cultural, etc), o Brasil parece ter, segundo Wanderley, no ato de sonhar um último refúgio de esperança. “Sonhos são reforços do corpo em nome de uma esperança que possa reforçar a saúde dele mesmo. Acredito que é por isso que, diante de condições subumanas e inimagináveis, ainda que históricas, houve sempre quem inspirou forças, conseguiu sorrir e ainda se disse feliz. Não é desinformação ou ingenuidade. Uma das coisas que nos distingue de outros seres é a certeza de que a vida é mais que o momento”, afirma.
Como forma de divulgação, o autor convidou a atriz Kátia Letícia para declamar o conto Sonhar Para Quê em vídeo promocional. Ainda que não tenha sido a intenção original, Ed comenta que outros textos acabaram tomando também um lado cênico: “nasceram pedindo para sair do papel. São textos que só precisam tropeçar para estar nos palcos”. Sonhos Cariocas já está em pré-venda na Amazon. Para quem quiser o livro físico, de 192 páginas, ele pode ser encomendado pelo site do escritor (edwanderley.com).
SERVIÇO:
Lançamento Sonhos Cariocas, de Ed Wanderley
Quando: Neste sábado (25), às 20h
Onde: No perfil do autor (@edwanderley)
Encomenda pelo site edwanderley.com
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