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ABAYOMI
Pernambuco realiza 1º Encontro das Mulheres Pretas da Cultura Popular
Publicado: 10/07/2021 às 09:22

Odalita Alves, Cidinha da Silva, Mãe Beth de Oxum e Mestra Joana integram a programação/Fotos: Divulgação
Há uma mítica que envolve a maturidade feminina e as relações de afeto cultivadas ao passar das gerações. Das matriarcas da mitologia às avós dos contos de fadas, passando por aquelas anônimas e suas vivências profissionais, as mulheres souberam acumular sabedoria ao longo de suas existências, que vem sendo repassada através de gestos, cuidados, comidas, escritos e conhecimentos. Com a chegada do mês de julho, que abriga, no dia 25, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, Pernambuco recebe o 1º Abayomi - Encontro das Mulheres Pretas da Cultura Popular. O evento que une cultura, arte e política, será realizado neste sábado (10) e domingo (11), no YouTube, de forma gratuita.
A realização do encontro sintetiza a importância da mobilização e articulação político-social voltada para o fortalecimento das organizações de lutas pelas mulheres pretas no Nordeste e no país. Cerca de 100 mulheres, ligadas à cultura popular pernambucana, de todas as regiões do estado vão participar das atividades. Além dessas participações, a organização contará, ainda, com mais 50 vagas. Inscrições podem ser realizadas de forma on-line: https://cutt.ly/vmuGUzM. Todas as participantes terão acesso, gratuito, ao certificado de participação.
A iniciativa, idealizada pela produtora cultural, graduanda de serviço social, Carlita Roberta, conta com o incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. "Apostamos no diálogo como forma de confrontar a lógica moderna colonial que respalda, sobretudo, na vida das mulheres negras. Então preparamos um encontro que promete emocionar, e a nossa expectativa é, antes de tudo, saudar a genialidade de todas as mulheres presentes, com o amor, fortalecimento e prestígio", afirma Carlita Roberta.
O evento propõe debater e refletir sobre a atuação das mulheres negras, a partir de um espaço voltado à luta por direitos, proteção e igualdade, celebrando as experiências e existências com base em discussões sobre o feminismo, a ancestralidade, cultura popular e o enfrentamento ao racismo. A ação também reforça a 9ª edição do Julho das Pretas, agenda conjunta e propositiva com organizações e movimento de mulheres negras de toda região Nordeste.
Para a coordenadora do evento, promover uma ação como o Abayomi para a cena cultural pernambucana é estender o debate para a esfera política e pública, reafirmando o direito das mulheres negras de poder viver a vida em sua plenitude. "O processo de escravização no Brasil foi um momento muito doloroso para o nosso povo negro, quanto as mulheres negras, esse processo foi ainda pior, estamos fincadas nos desafios modernos coloniais e acabamos por ser afetadas pelas violências interseccionais", explica.
Por isso, "é necessário e urgente, visibilizar espaços e oportunidades para que, nós, mulheres pretas, caminhem unidas na construção de nossas lutas diárias. É necessário combater o racismo, machismo, sexismo e toda e qualquer violência. Nossa mobilização é por mais diálogo, respeito e amor às mulheres pretas”, destaca Carlita.
As mesas de debate dos quatro painéis do evento serão ocupadas por 16 mulheres intelectuais negras, que atuam como militantes, ativistas sociais, escritoras, produtoras culturais e líderes feministas em várias cidades do Brasil. As escritoras Cidinha da Silva (MG), Odailta Alves (PE) e Dani de Oyá (PE) estão entre as convidadas.
Também participam da programação a atriz Naná Sodré (PE); as mestras Rainha Marivalda (PE) e Mestra Joana (PE); a educadora Maria Auxiliadora Diniz (PE) e as cantoras Iran Calixto (PE) e Beth de Oxum (PE). Os diálogos propõem reflexão sobre os temas: Mestras e Ancestralidade; Cultura Popular e Racismo; Cultura das Pretas e Feminismo Negro.
O evento foi pensado para o formato presencial, mas diante do crescente número de vítimas pela Covid-19, foi adaptado para o meio virtual. "Nossa prioridade é manter a proteção e a ética do cuidado para que os números desastrosos de mortes possam ser controlados, ainda que a energia de viver o toque, o abraço e sentir toda emoção de pertinho, não se compare ao contato via tela virtual, estamos bem satisfeitas e honradas pela oportunidade", pontua. A expectativa é que o 2° encontro Abayomi seja realizado com troca de afeto e diálogos presenciais.
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