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Lei Aldir Blanc estimula lançamentos de EPs em Pernambuco. Conheça alguns
Publicado: 12/05/2021 às 16:02

Nelson Brederode, Lucas Torres e Joanah Terra/Foto: Rafael Malta, Ilton Ferreira e Ashlley Melo/Divulgação
Dentre as várias linguagens artísticas contempladas pela Lei Aldir Blanc em Pernambuco, a música foi uma das que mais floresceu. Cantores e músicos com projetos engavetados ou que produziram durante o período de distanciamento social tiveram oportunidade de colocar trabalhos nas plataformas digitais e dar fruição aos seus nomes. São artistas de diversos gêneros e diferentes regiões do estado.
O cantor e compositor Lucas Torres, natural de Goiana, na Zona da Mata, lançou, no final de março, o EP Corpóreo. Produzido por Sam Silva, o álbum de cinco faixas traz um pop eletrônico com fortes pitadas experimentais. As canções são poemas de Lucas, baseados em experiências pessoais enquanto artista LGBTQIA%2b sob a roupagem do sci-fi, com influências que vão desde a brasileira Maria Beraldo, passando pela islandesa Bjork e chegando até a iraniana Sevdaliza. Esse é o segundo trabalho de estúdio de Lucas, que já circulava desde 2018 com o seu disco Signoser.
Com referências de trilha sonoras de ficção científica, artes plásticas, design e futurismo, Corpóreo é um álbum conceitual produzido totalmente no interior de Pernambuco. De construção imagética e experimental, a obra coloca tecnologia, ciência, espiritualidade e filosofia no mesmo patamar. "É um álbum para dizer às pessoas que não tenham medo de ser quem são, que não se atenham a rótulos ou limitações do corpo. Fala principalmente sobre autoaceitação e empatia com o próximo. É hora de romper os casulos e renascer", exalta Lucas.
Já Feito Radio, de Joanah Terra, apresenta oito canções com enfoques no lirismo e na brasilidade, abordando intensidades emocionais e processos de vida sob a ótica e a sensibilidade do feminino. Natural da Chapada Diamantina, na Bahia, ela desenvolveu forte relação musical com Pernambuco em 2017, ao passar uma temporada no estado, tanto que o disco é produzido por Juliano Holanda, referência do coletivo Reverbo, e a ainda conta com participações especiais de Almério e da mineira Ceumar.
A artista reúne canções autorais colocando a mulher no protagonismo de seus afetos. Joana tem composições suas cantadas por Rubi, Tonfil e Gabi da Pele Preta. Para a artista, Feito Raio traz reflexões existenciais e espirituais. "Muitos questionamentos, mas também muito afago para esse momento difícil que estamos passando", argumenta.
No EP A Charada Sincopada, o cavaquista de Igarassu Nelson Brederode navega por melodias e arpejos. Com produção de Samico, a obra tem cinco faixas que sintetizam 18 anos de pesquisa musical. No repertório instrumental, ele passeia por uma mistura de ritmos que coloca o cavaquinho longe de leituras populares e perto de criações disruptivas e inovadoras.
"Na busca por encontrar meu próprio som, descobri um amálgama das experiências com os diversos grupos e artistas com os quais toquei e estudei. Somado a isso, houve o estímulo por tirar sons diferentes do cavaquinho, apreendido principalmente nas obras com a Rua", diz Nelson.

Considerada um dos novos nomes femininos na produção musical em Pernambuco, Sam Silva lançou no último dia 30 o projeto Iso.Lados, um EP com quatro faixas, incluindo participações de Gabi da Pele Preta e Jonatas Onofre. O disco foi lançado junto a um álbum visual, espécie de curta-metragem que reúne imagens de interações afetivas e artísticas em seu lugar de mundo: a cidade de Goiana. O EP e o álbum visual refletem sobre o confrontar de emoções derivado de situações de isolamento.
O trabalho é orientado pelo pop psicodélico e sob o clima lo-fi, através dos quais Sam Silva apresenta uma música sinestésica, que apela aos sentidos e às emoções, tanto em letra quanto em arranjos. “O EP não é só sobre a pandemia. Fala do sentimento de solidão, o isolamento interno, de você consigo mesmo, e como você consegue lidar com isso, inclusive, com questões suas que você não quer encarar”, diz.
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