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Em cartaz na Livraria Jaqueira, mostra Sonhos reúne obras de cunho afetivo e regional
Publicado: 19/04/2021 às 10:13

De cores vivas e quentes, as telas de Deborah Torres se cruzam com a afetividade e a memória dos trabalhos de Eliane Trummer/Foto: Deborah Torres/Divulgação

"A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte". Parafraseando o grupo de rock paulista Titãs, as artistas pernambucanas Deborah Torres e Eliane Trummer reúnem obras de arte de cunho afetivo, regional e memorial no intuito de aliviar a angústia social do contexto pandêmico. A mostra de arte intitulada Sonhos segue em cartaz até o dia 25 deste mês na Livraria Jaqueira, unidade Recife Antigo. A entrada é gratuita e as peças expostas na galeria podem ser adquiridas no local.
A partir de telas, esculturas e artes em miniatura, as artistas apontam, entre outras possibilidades, a via do sonho. “No contexto em que a sociedade está inserida, nem sempre é possível nos lembrar das possibilidades do sonhar. O sonho enquanto possibilidade é vital, pois nos impulsiona e nos mantém viventes”, reflete o curador Enrique Andrade. Para ele, unir as artistas foi uma experiência inédita, fruto de um encontro entre afetividade e memória.
A memória afetiva é acionada nas peças de Eliane Trummer ao revisitar o imaginário do Nordeste, através das casas de taipa e alvenaria, além de utensílios domésticos característicos da região. “É importante resgatar a nossa história que está adormecida. A gente tem que resgatar o Nordeste. Foi onde eu nasci, né? Eu não poderia contar outra história", conta a artista, que passou os primeiros anos de vida no interior do Ceará.

"Uma saudade do cheiro da terra, da fruta sem agrotóxico, da jarra que colocava água, do ferro quente com carvão, o penico embaixo da cama…” As obras são confeccionadas com materiais recicláveis, tecidos, argilas, cipó, areia e massa corrida, e são produzidas em uma média de três meses. As esculturas de Trummer estão dispostas ao lado das telas de Deborah Torres. “Uma complementa a outra”, afirma Eliane.
As cores vivas e quentes permeiam as telas em tinta a óleo de Deborah, refletindo, sobretudo, a importância do afeto, das emoções e dos sonhos para atravessar os tempos difíceis. “Há 18 anos, quando comecei a pintar, as pessoas diziam que eu tinha que fazer arte para expressar os sentimentos, e eu me considerava totalmente ‘sem sentimentos’. Então, o meu começo na pintura e a descoberta do meu estilo artístico foi, ao mesmo tempo, o período em que eu me visitei e me provoquei a sentir mais.”
Seus quadros capturam a essência dos sentimentos vividos. De forma dramática, a pintura intitulada Sem coração conta a história da primeira vez em que Deborah se apaixonou. A obra Escolha um rosto mescla diferentes estilos em cada rosto, refletindo a busca pelo traço, a angústia de se encontrar dentro da arte. Além das telas envolvidas por sentimentos profundos e pessoais, a mostra reúne duas obras em homenagem ao Nordeste, uma com representações dos sonhos em Olinda e outra ilustrando Lampião e Maria Bonita.
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