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LITERATURA

Fundaj realiza evento virtual com depoimentos em homenagem à Clarice Lispector

Publicado em: 10/12/2020 12:17

Ao longo de 24 horas, diversos leitores irão relembrar as obras da escritora que marcaram suas vidas  (Foto: Reprodução da internet)
Ao longo de 24 horas, diversos leitores irão relembrar as obras da escritora que marcaram suas vidas (Foto: Reprodução da internet)

Inúmeros são os sentimentos despertados pela escritora Clarice Lispector em seus leitores. Nesta quinta-feira (10), data em que a autora de Perto do Coração Selvagem celebraria seu primeiro centenário de nascimento, a Fundação Joaquim Nabuco preparou uma programação especial para suas redes sociais. Ao longo de 24 horas, diversos leitores irão compor os feeds da Instituição, relembrando desde o contato inicial às obras que lhe marcaram a vida. Para não perder o evento A Paixão por Clarice, basta conferir o canal da Fundaj, no YouTube, e as páginas @fundajoficial, no Instagram, e facebook.com/fundacaojoaquimnabuco.

“Serão 24 horas de declaração de amor pela autora que gostava tanto da literatura que a considerava mais importante do que o próprio amor. Conforme  o relato de Nádia Battella Gotlib”, explica o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Casa, Mario Helio. “Não se trata de reunir apenas nomes famosos e especialistas na obra da autora de Felicidade Clandestina. E sim, 24 leitores, simples leitores apaixonados. Hora após hora, haverá um depoimento de um leitor explicando a razão do coração selvagem bater mais forte ao ler a obra da escritora. Em suma, as razões da paixão segundo cada um deles por C.L.”

Autora da biografia Clarice: Uma Vida que se Conta — a primeira sobre a autora — e uma das mais rigorosas especialistas na obra e vida de Lispector, Nádia Gotlib aparece em entrevista exclusiva. Mas ela não é a única, entrevistas com a jornalista Débora Andrade, a fotógrafa Keila Vieira e ator e doutor em Artes Cênicas Rafael Almeida integram a grade. Ambos vencedores dos concursos Clarice em Palavras e Imagens, da Fundaj. Para o público surdo, o intérprete Dêvysson Santos preparou um resumo da história da escritora. Além dos depoimentos de Marcelo Gomes, Geórgia Alves, Angélica Ramos, Vanessa Saints Tavares, Carol Aragão e muitos outros. 

Desde que nasceu, a estudante de enfermagem Angélica Ramos, 23, divide a celebração com a autora. O primeiro título que leu foi Água Viva, ainda aos 11 anos, na biblioteca da escola. “Depois li vários outros. Mas o primeiro que pude chamar de meu foi A Hora da Estrela”, conta. “Fico feliz em notar como suas palavras inspiraram e ainda inspiram as gerações que, assim como eu, se apaixonaram por ela.” Já de Serra Talhada, a professora de redação Jéssica Guabiraba conta dos mistérios que rondavam sua escrita. Hoje, ela usa os contos da autora em suas aulas. “Clarice marcou minha vida desde a escola, no ensino fundamental, até hoje, como professora.”

Do Sertão para Sul da Costa estadunidense, o professor da Universidade de Massachusetts Dartmouth (UMassD) Dário Borim teve seu primeiro contato há quase 30 anos. Não no Brasil, mas no estado de Minnesota, também nos Estados Unidos. Desde então, escreveu ensaios, artigos e participou de palestras sobre a escritora. Em seu depoimento, o professor não esquece a admiração pessoal pela autora. “Me encontro mais apaixonado do que nunca pela obra de Clarice Lispector.” Admiração compartilhada também pela jornalista Thais Schio, que defende a escritora como mulher pernambucana e relembra a pergunta feita por Caetano Veloso, em 1977: “que mistério tem Clarice?”.

A homenageada
Chaya Pinkhasovna Lispector. Natural da Ucrânia, a futura Clarice Lispector migrou com a família em 1922, aos dois anos. Filha de família judaica que fugia da perseguição iniciada ainda na Primeira Guerra Mundial. Da europa rachada para o Nordeste brasileiro, onde ela se construiu. Foi no sobrado 387 da Praça Maciel Pinheiro, no Centro do Recife que Clarice Lispector viveu parte de sua infância no Recife, até os 14 anos. Depois, mudou para o Rio de Janeiro, onde casou com o diplomata Maury Gurgel Valente. Estreou com Perto do Coração Selvagem, que o crítico literário Antonio Candido reconheceu como “uma tentativa de renovação” na literatura brasileira. 

Não à toa, é tida como a principal escritora do Modernismo Brasileiro. Dentre outros títulos, destacam-se Laços de Família, A Paixão segundo G.H., A Hora da Estrela e o póstumo Um Sopro de Vida. Clarice faleceu um dia antes de completar 57 anos, em virtude de um câncer de ovário. Colaborou com diversos periódicos brasileiros, dentre eles o Jornal do Brasil, onde publicou contos e crônicas. A exemplo dos clássicos Restos de Carnaval e Banhos de Mar. Formou-se em Direito, mas destacou-se pela atuação jornalística. Na Agência Nacional atuou como tradutora de notícias do governo.
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