ARTE
Marcelo Silveira investiga os diálogos na arte em nova exposição da Amparo 60
Por: André Santa Rosa
Publicado em: 10/11/2020 10:22
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A exposição Compacto com pacto, chega hoje à sua quarta composição, na galeria Amparo 60. (Foto: Divulgação) |
Em um momento de isolamento social e polarização política, o artista plástico Marcelo Silveira investiga uma arte interessada em pactos de diálogo. Com esculturas desformes feitas com madeira de cadeiras antigas, surgem objetos remodelados em uma teia de possíveis conexões de extrema beleza plástica. Como parte de um processo de continuidade de uma produção iniciada em 2016, a mostra Compacto com pacto chega hoje à sua quarta composição, em exibição na galeria Amparo 60 (Rua Artur Muniz, Boa Viagem). Após exposição em 2016 e temporada em 2017 nas cidades de Triunfo e Floresta, ela marca a estreia do Projeto Mirada, em parceria da galeria com a SpotArt.
Nas três mostras anteriores, o trabalho do artista dialogava com peças de outros autores, ou até mesmo em conexão com elementos da cultura local da cidade onde estava sendo exposta. Dessa vez, o trabalho de Marcelo Silveira ocupa um lugar de diálogo com sua própria obra. "A estrutura conceitual do projeto permanece, que é estabelecer conversas. A ideia se desenvolveu a partir de duas observações, uma relativa ao diálogo e outra ao monólogo. O diálogo estabelece conversa, onde se tem a fala e a escuta. Já o monólogo é apenas a fala", comenta o artista.
A Amparo 60 aproveita para lançar o Projeto Mirada, com o espaço de uma antessala e outro de vitrine na entrada, visível mesmo quando a galeria estiver fechada. Além disso, a galeria lançará uma série de conteúdos virtuais. "Entendo esse momento como uma conversa virtual ou através de uma vitrine. O lugar onde foi feita a intervenção é a entrada, que funciona como uma vitrine. De certa forma, é uma conversa com o momento que estamos vivendo. Se a conversa com o outro está ruidosa, a saída é falar por onde se fala, protegidos, pelos canais eletrônicos ou através do vidro. É uma conversa bem introspectiva. Peguei trabalhos individuais que já existem, se comunicam e se resolvem sozinhos e os agrupei, criando uma nova interação, uma conversa."
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Foto: Divulgação |
Nessa série, o objeto escolhido para propor o diálogo foi a cadeira, que a partir da escultura se torna outro objeto. Parte do processo criativo do artista se deu nessa busca por achados de madeira, que futuramente poderiam fazer parte de suas esculturas. Para Marcelo, a cadeira é o objeto que justamente ocupa essa função de local de acomodação para o debate, e por isso foi escolhida para ser o material central das esculturas.
Em 2017, o artista passou por temporada no Sertão de Pernambuco nas cidades de Triunfo e Floresta. O mote da mostra permaneceu sendo a conversa, mas sendo readequado aos aspectos culturais locais. O projeto, executado através do Funcultura, buscava dialogar com a tradição, a comida, a música, entre outros elementos.
"Marcelo propõe diálogo, ouvir o outro. Olhando o entrelaçado de suas peças, seja na grande escultura montada, ou no próprio cartaz que foi se modificando com o passar dos anos, vemos e sentimos que a troca e as possibilidades de conversa são inúmeras", afirma Mariana Oliveira, curadora do Projeto Mirada. "A cada movimento, a cada combinação, uma nova ideia, uma nova reflexão. Menos certezas, mais dúvidas. Num momento em que estamos tão apartados, ou pseudoconectados, Marcelo nos chama para sentar, trocar, pensar."
O Projeto Mirada firma relação entre a Amparo 60 e a SpotArt, que vai promover a criação de pôsteres de serigrafia para uma série de exposições. Com mesa de serigrafia alocada no salão da galeria, a SpotArt ficou responsável por criar a ligação, a partir de cartazes, entre as quatro mostras do Mirada, da galeria em parceria com artistas locais.
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