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Coquetel Molotov suspende edição física e anuncia programação virtual

Publicado em: 19/06/2020 07:30 | Atualizado em: 19/06/2020 12:11

Letrux e Linn da Quebrada vão realizar uma masterclass na edição virtual do evento. (Foto: Ana Alexandrino e Gabriel Renne/Divulgação)
Letrux e Linn da Quebrada vão realizar uma masterclass na edição virtual do evento. (Foto: Ana Alexandrino e Gabriel Renne/Divulgação)


O No Ar Coquetel Molotov, um dos principais festivais de música alternativa do país, anuncia nesta sexta-feira (19) uma edição completamente on-line, intitulada Coquetel Molotov.EXE e realizada entre 1 e 11 de julho. A programação contará com palcos virtuais na plataforma Zoom e nomes da cena artística nacional, além de rodas de diálogo, workshops e mais ações. Até o momento, o selo confirmou exclusivamente ao Diario a participação de Letrux (RJ) e Linn da Quebrada (SP) em uma masterclass, uma oficina musical com Benke Ferraz, guitarrista do Boogarins (GO), e a oficina Politizando Beyoncé, do pesquisador Ali Prando. Todas essas atividades anunciadas serão gratuitas e mais novidades serão divulgadas em breve.

A tradicional edição física, marcada para 31 de outubro no Caxangá Golf & Country Club, está oficialmente suspensa. Pelo menos nos moldes conhecidos: estrutura com três palcos, Som Na Rural, praça de alimentação, stands variados, entre outros atrativos. Quem comprou o primeiro lote promocional, colocado à venda em março, terá a opção de guardar o ingresso para a edição de 2021 ou solicitar o estorno do valor pelo e-mail participante@sympla.com.br. Um outro evento será realizado no segundo semestre, mas diante das incertezas provocadas pela pandemia, ainda não existe confirmação do modelo.

"Ainda está tudo muito incerto. Nós ainda não superamos a pandemia, mas coisas continuam abrindo. Mesmo que os eventos sejam liberados em breve, vamos querer observar e entender quais serão os novos protocolos, quais as novas medidas de sociabilidade", explica Ana Garcia, diretora do festival há 17 anos. "Essa foi uma decisão atrelada ao 'não ter o que fazer'. Esperávamos o próximo mês, até que chegamos em junho. Cada país está tendo uma forma diferente de lidar com tudo isso e surge um desespero para criar novas experiências formatadas ao que era a nossa realidade. Existe o modelo do drive-in, mas isso não é exatamente o caminho que queremos seguir. Grande parte do nosso público não tem carro, então não seria democrático."

 (Foto: Tiago Calazans/Divulgação)
Foto: Tiago Calazans/Divulgação


Logo no início da pandemia, o selo Coquetel Molotov foi um dos idealizadores do Festival Fico Em Casa BR, com três edições realizadas simultaneamente no YouTube e nas redes sociais. Pernambucanos como Otto, Academia da Berlinda, Romero Ferro, Guma, Torre, Bule e Estesia participaram da programação. O festival ainda colaborou na curadoria do ¼ Fest: De Quarto em Quarto, criado pelo coletivo português ¼ Club e realizado na plataforma Zoom, com três salas, 16 horas de programação e mais de 35 artistas.

Essas experiências foram fomentando um formato que agora chega ao próprio Molotov. "Além desses eventos, um outro que acontece no Estados Unidos e tem chamado a atenção é o Eschaton. Ele tem salas secretas, surpresas, é quase como um jogo. A gente quer ter a sensação de algo do tipo realizado aqui. Vamos misturar um pouco desses festivais" diz Ana Garcia.

"O Zoom é a melhor plataforma até então, pois consegue criar experiências mesmo. As pessoas escolhem um look, escolhem para onde estão indo. Não fica algo apenas como uma ‘música de fundo’ como em algumas outras propostas de live", continua. "Também existe a questão de renovação da presença digital. O festival está fazendo isso, ao mesmo tempo que os artistas também. Veremos Letrux e Linn da Quebrada conversando sobre música, o que acredito ser uma experiência rica."

Apesar da iniciativa on-line, a produtora não se sente confortável em afirmar que essa é a 17ª edição do Coquetel Molotov. “Devemos ter essa segunda experiência no segundo semestre, mas não sabemos como será até a compreensão de todos os protocolos. Com aquele tamanho que geralmente realizamos, de fato não conseguimos. Geralmente existe um ano inteiro para trabalhar em um festival: engajamento de público, fechamento de programação. Não existe nenhum clima para fazer isso agora. Não tem como discutir com o imprescindível”, conclui.

A edição on-line segue aderindo ao projeto Women Friendly - Empresa Amiga da Mulher e Keychange, iniciativa que estimula o equilíbrio de gênero na programação dos festivais. O selo também está integrando a recriação da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes), que voltou à ativa para dialogar com o poder público. Recentemente, a entidade lançou o Manifesto Festivais Unidos em Tempos de Crise e para articular apoio à votação da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc no Congresso Nacional.
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