Cultural

Fechado pela pandemia, Teatro Santa Isabel vai comemorar 170 anos com lives

Publicado em: 05/05/2020 18:25

 (Foto: Andréa Rêgo Barros/Arquivo PCR)
Foto: Andréa Rêgo Barros/Arquivo PCR

O Teatro de Santa Isabel, um dos equipamentos culturais mais simbólicos do Recife, comemora 170 anos de inauguração no dia 18 de maio. Para não passar a celebração em branco devido à pandemia, a Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife elaborou uma programação que já começa nesta quarta-feira (6), indo até o dia 27 deste mês. A grade é composta por transmissões ao vivo feitas no perfil do teatro no Instagram (@teatrodesantaisabeloficial), com debates sobre a relevância histórica e cultural do equipamento e apresentacões musicais.

O professor Rodrigo Dourado, a coreógrafa Mônica Lira, a atriz e produtora Paula de Renor, o produtor e gestor cultural André Brasileiro e o maestro José Renato Accioly conversam com Romildo Moreira, atual gestor do equipamento, em uma série de lives, sempre transmitidas nas quartas-feiras, a partir das 19h. O encontros trazem à tona memórias e histórias que o Teatro Santa Isabel ajudou a contar na vida pessoal e na carreira de cada convidado, além de questionamentos e desafios sobre o futuro dos mercados da arte pós-pandemia.  Os debates terão duração de 30 minutos a uma hora e ficarão disponíveis por 24h após a transmissão ao vivo no perfil do teatro.

Há 170 anos, no dia 18 de maio, o espetáculo que estreou o prédio histórico foi O pajem de aljubarrota, do escritor português Mendes Leal, com plateia composta por personaldiades ilustres da então província brasileira. No dia 18 de maio de 2020, data exata da inauguração, o espetáculo de aniversário também serão virtual. O perfil no Instagram transmitirá apresentações de SH (Surama Santos e Henrique Albino), Publius Lentulus, Grupo Instrumental Brasil e Chorinho da Roça, todos selecionados pelo edital do projeto Santa Isabel em Cena, que teve sua programação adiada por tempo indeterminado.

Atrações e mensagens de afeto
A dupla SH apresenta performances de canto e instrumentos não convencionais, com remixagens eletrônicas ao vivo. Publius Lentulus é um "cantautor". Em 2018, lançou o seu álbum mais recente, Dia de Sol, com colaborações de Marcelo Jeneci, Lula Queiroga, Hugo Linns e de Juliano Holanda, dentre outros artistas. O Grupo Instrumental Brasil é  constituído por professores educadores dos departamentos de música da UFPE e UFPB, do Conservatório Pernambucano de Música, por músicos membros da Orquestra Sinfônica do Recife. O Chorinho na Roça surgiu em 2019, a partir dos encontros semanais de músicos para tocar choro na Roda Infinito no Restaurante A Fazendinha, nas Graças.

Surama Santos e Henrique Albino e Publius Lentulus (Foto: Laura Olivia/Divulgação)
Surama Santos e Henrique Albino e Publius Lentulus (Foto: Laura Olivia/Divulgação)


Além dos debates e apresentações artísticas, a página do teatro também publicará pequenos vídeos de pessoas vinculadas ao espaço, seja artistas, técnicos, produtores, público, visitantes e funcionários, sobre o afeto que sentem com o equipamento, que foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1949. O prédio também é considerado um dos 14 teatros-monumentos do país.

História
O Teatro Santa Isabel, cujo nome é uma homenagem à Princesa Isabel, foi inaugurado iniciou um novo período cultural de Pernambuco. O projeto foi idealizado pelo Barão da Boa Vista, sendo projetado pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que inovou na época ao optar por não utilizar trabalho escravo na construção de arquitetura neoclássica. Mais tarde, o mesmo prédio abrigaria a campanha abolicionista. Foi lá que Joaquim Nabuco disse a frase que, mais tarde, ecoou para todo o Brasil: "Aqui vencemos a causa da abolição". Até hoje, essa sentença é exibida em uma placa nas paredes do teatro.

Em Pernambuco, outros eventos políticos tiveram o Santa Isabel como palco: a Revolução Praieira, de 1849, e várias outras lutas pela República. Também foi casa de debates literários de personalidades como Tobias Barreto e Castro Alves. Em 19 de setembro de 1869, o prédio foi destruído por um incêndio, tendo sido recuperado, redimensionado e reinaugurado em 16 de dezembro de 1876. Agora, em 2020, voltou a fechar suas portas devido ao desafio mundial que é o coronavírus.
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