literatura
Através de escuta virtual, pernambucana Luna Vitrolira transforma angústias em poesia
Por: Juliana Aguiar
Publicado em: 18/05/2020 12:30 | Atualizado em: 18/05/2020 12:33
Foto: Divulgação |
Para ser contemplado com a ação, gratuita, basta entrar em contato com Luna pelo Instagram (@luna_vitrolira). A conversa - por WhastApp, e- mail, telefone ou videochamada - terá duração de até 1h. Na sequência, o depoimento será transformado em poema e postado em vídeo nas redes sociais, preservando a identidade de cada pessoa responsável pelo relato. Até a última sexta-feira, cerca de 30 usuários já procuraram Luna e metade já teve as histórias divulgadas no perfil da artista, finalista do tradicional Prêmio Jabuti em 2019.
"Quando chegou a pandemia, só consegui me isolar. Percebi uma corrida dos artistas por lives no Instagram, mas eu não quis entrar nesse movimento de forma compulsória. Precisei de um tempo para me entender e me encontrar nesse contexto. A partir de então, fui traçando formas para que eu e a minha poesia pudessem ajudar nesse momento. É muito desafiante ser artista em um cenário onde as coisas perdem muito o sentido", desabafa Luna. Para a artista, além do engrandecimento no seu acervo literário, o projeto também tem surtido efeito positivo no seu bem-estar.
“Eu também me vejo sendo ajudada. São tantos traumas, adoecimentos, tantos silêncios. É uma troca muito interessante, porque acabamos promovendo cura a partir da palavra, além de me fazer pensar sobre a existência.” Entre os relatos mais presentes estão o desejo da maternidade, relacionamentos abusivos, amor próprio e violência doméstica, todos eles contados a partir de óticas femininas. “Apesar do convite ser para todos, só mulheres me procuraram até agora. Não acho que só as mulheres estão enfrentando um período de incertezas, vejo que tem relação com a masculinidade. Os homens não gostam de se colocar em um local de instabilidade emocional”, opina.
O atual projeto é inspirado pela invenção de rua desenvolvida por Luna Vitrolira em 2016. No período, ela armava uma banquinha no Centro do Recife e se colocava à disposição das pessoas para ouvir suas histórias. Percebendo a timidez de muitos, deixou de lado o ponto físico e passou a se aproximar dos passantes, criar alguma conexão e, a partir daí, construir os momentos de escuta. “Percebi que a poesia podia intervir na vida das pessoas, e extraí isso da poesia de rua. Transformei muitas histórias de amor e desamor em poesia, de pessoas conhecidas e desconhecidas da sociedade”, conta.
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