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A força poética do Agreste no primeiro álbum de Alexandre Revoredo

Publicado em: 04/04/2020 13:28 | Atualizado em: 29/12/2020 22:50

 (Foto: Breno César/Divulgação)
Foto: Breno César/Divulgação


"Se queres saber, respondo em rimas / Se queres ouvir, te canto a canção". Os versos são de Alexandre Revoredo na faixa Sou, que inaugura Revoredo, seu álbum de estreia. É uma composição autodescritiva. Não como uma biografia limitada, mas com trechos que acentuam sua persona artística. Alexandre é cantor, músico e poeta. Nasceu em Garanhuns, onde participou de bandas undergrounds na década de 2000. Posteriormente, conheceu a poesia popular através de oficinas literárias e, desde então, viajou por diferentes regiões do estado. O conteúdo que chega aos ouvintes em Revoredo, lançado em 27 de março, tem nascente no Agreste, mas também percorreu pelo Sertão até desembocar na capital.

O projeto foi realizado com incentivo do Funcultura, sendo o primeiro álbum de um artista do Agreste Meridional a contar com suporte do edital. A produção ficou com Juliano Holanda, importante peça na engrenagem da nova cena autoral pernambucana. As composições têm inspiração na poesia popular, enquanto os ritmos nordestinos aparecem com novas codificações, pensadas por músicos e compositores contemporâneos que querem fugir do óbvio. Entre os colaboradores estão PC Silva, Kleber Albuquerque, Marcelino Freire, Marcello Rangel, Martins e o próprio Holanda. Entre as participações especiais aparecem Rubi, Gabi da Pele Preta, Antônio Marinho, Stephany Metódio, Martins e Jr Black.

“Revoredo teve uma construção muito espaçada. Existem canções compostas em 2012, enquanto outras foram finalizadas em 2019. São muitas influências que incorporei neste período”, diz Alexandre, que também é produtor cultural e gestor do centro cultural Aldeia Tear, em Garanhuns, que recebeu iniciativas como o Studio Tear e a Mostra Mundaú de Canções. “Eu compus algumas faixas, mas também recebi algumas letras acompanhadas por melodias. Fomos costurando e acrescentando a nossa identidade. Tem muitas identidades neste disco, de vários parceiros que vieram somar comigo.”

 (Foto: Breno César/Divulgação)
Foto: Breno César/Divulgação


“A amálgama literária já existe, porque é a minha forma de falar as coisas”, continua. “O disco tem essa força da poesia, com várias canções quase declamadas. Também tem improvisos sobre alguns temas. Em Areia, por exemplo, eu encerro a canção com um mote de despedida, ferramenta usada em mesas de glosa da cultura popular”, ressalta o artista, que já comandou projetos de literatura contemporânea no Sesc e lançou o livro infantil DiAnimal, com ilustrações de Stuart Marcelo, pela Companhia Editora de Pernambuco.

No âmbito da sonoridade, o álbum aposta em um som orgânico, às vezes acústico. O destaque é o violão, também com espaço para acordeon, percussão, contrabaixo e guitarra, responsável por dar um tom mais elétrico, além da inclusão de flauta e clarinete. “Tem músicas que foram compostas como xote, mas Juliano Holanda sempre dizia: ‘Vamos tirar essa ideia de xote’. Também chegou uma ciranda, e fomos transformando com a guitarra. Fizemos o mesmo com reggae e baião. Quisemos ressignificar para não ficar tão óbvio”, conta. Apesar dos vários gêneros musicais que circundam o projeto, Alexandre dispensa rótulos. “Entendemos a sonoridade a partir do que os ouvintes dizem. É bem complicado colocar dentro da caixinha.”

LIVE
Inicialmente, o lançamento do álbum previa a realização de um show neste sábado (4), no CPC Sesc Garanhuns. O evento, no entanto, foi transferido para a internet devido à pandemia do coronavírus. Às 20h, em seu perfil no Instagram (@revoredo_oficial), o artista tocará ao vivo e terá um bate-papo com o público sobre curiosidades do disco. A transmissão também arrecadará doações para comunidades garanhuenses em alta vulnerabilidade social.

Ouça o álbum:

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