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João Cabral de Melo Neto

Obra de João Cabral inspirou as artes em várias linguagens

Publicado em: 09/01/2020 15:07

Diretora Katia Mesel, trecho de animação de Afonso Serpa e capa do filme de Zelito Viana. (Foto: Thalyta Tavares/DP e Reprodução da Internet)
Diretora Katia Mesel, trecho de animação de Afonso Serpa e capa do filme de Zelito Viana. (Foto: Thalyta Tavares/DP e Reprodução da Internet)
A rica obra de João Cabral de Melo Neto também inspirou produções em outras linguagens artísticas, como cinema, teatro e música. Na maioria, o destaque fica com Morte e vida severina, seu livro mais popular. A primeira encenação teatral autorizada por Cabral foi no final da década de 1950, pelo vanguardista grupo Norte Teatro Escola do Pará. Em 1957, foi apresentado pela primeira vez no Recife, no 1º Festival Nacional de Teatro de Estudantes.

Oito anos depois, o diretor teatral Roberto Freire pediu ao jovem Chico Buarque que musicasse a obra. A versão ajudou a popularizar o poema do recifense e foi apresentada com coreografia. Sucesso de público e crítica. Depois disso, a presença da obra no teatro se fez constante. Um ano depois, em 1966, foi encenada na França, em um festival universitário. A apresentação em questão recebeu destaque no país, inclusive no jornal Le Monde.

Zelito Viana foi o responsável por adaptar os versos de João Cabral para o cinema, em 1977. A iniciativa de adaptar a obra partiu do cineasta, enquanto assistia a encenação no teatro em 1968, em São Paulo. Por sugestão de João Cabral, a versão cinematográfica se uniu com outra obra do poeta: O rio, poema que descreve a vida e a miséria das populações que vivem às margens do Rio Capibaribe, no Recife. Foi um ingrediente visual necessário para o filme. O personagem Severino foi interpretado pelo paraibano José Dumont. O ator voltou, com Elba Ramalho, para um especial produzido pela TV Globo, em 1981. Em preto e branco e com referências a xilogravura, o chargista Miguel Falcão transpôs a dureza da vida severina a seu desenho, em longa de animação. O projeto foi parceria da TV Escola com a Fundação Joaquim Nabuco, em 2012.

Morte e vida severina também foi adaptada em uma animação de Afonso Serpa, de 2010, em 3D e totalmente em preto e branco. A animação tem estética com alto contraste, traços, riscados e rasuras que criam a textura ao desenho, imitando ilustrações de cordel e o teatro de sombras. Outra produção audiovisual bastante conhecida é Recife de dentro pra fora, um documentário poético da pernambucana Kátia Mesel sobre o Rio Capibaribe. Com duração de 15 minutos, o filme é inspirado no poema O cão sem plumas e resgata seu objetivo de expor as diversas faces do rio, do mar, do mangue e da sua relação com a metrópole e com a pobreza.

Na música, vários nomes canônicos da MPB afirmam ter encontrado inspiração na obra de João Cabral: Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso, além de Chico Buarque, que produziu o álbum que musicou Morte e vida severina. Em 2015, a banda pernambucana Eddie lançou o álbum Morte e vida, baseado também no livro de 2015, com 11 faixas.
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