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ESPECIAL FRANCISCO BRENNAND

A oficina mágica e festejada

Publicado em: 20/12/2019 12:56

 (Foto: Bruna Costa/DP)
Foto: Bruna Costa/DP
Uma olaria onírica onde as formas sinuosas representam estranhas criaturas. Um dos espaços mais surreais da arte no Brasil: o Instituto Oficina Cerâmica Francisco Brennand é o principal legado material do artista. Localizado no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, o museu ateliê, chamado por ele de “bosque sagrado”, nasceu no espaço herdado de seu pai. Das ruínas da Cerâmica São João, a Oficina surgiu em 1971 e passa por reconstruções desde então. Em 2019, o lugar foi elevado à categoria de Instituto, uma entidade sem fins lucrativos com objetivo de preservar o trabalho do artista e se tornar um polo cultural na região.

“Foi um esforço enorme chegar até aqui, mas nada na vida é fácil, nem pentear o cabelo”, brincou Brennand, na ocasião de oficialização do Instituto. O caminho para a implantação do instituto vem sendo traçado por diversas linhas de grande resgate, documentação e preservação das obras do artista. Desde o documentário Francisco Brennand (2012), passando pelas publicações O Universo de Francisco Brennand (2011) e Diário de Francisco Brennand (2016), todo tipo de produção documental foi peça importante para a formulação.

O espaço possui cerca de 17 hectares e mais de três mil obras, entre esculturas, cerâmicas, pinturas e painéis. É um lugar único no mundo - o único paralelo possível seria, segundo a sua filha, Maria Helena, o conjunto arquitetônico construído por Antoni Gaudí em Barcelona, na Espanha. Afastado da cidade, cercado por uma vegetação de Mata Atlântica e pelas águas do Rio Capibaribe, o complexo de obras de cerâmica repleto de magia era também o espaço de criação para Brennand. O fato de o artista estar em constante produção transformou a Oficina em uma obra a céu aberto, em constante mutação. Também em constante ampliação e enriquecimento desse universo, que o artista criou e decidiu habitar.

Segundo Mari Inez Teixeira, que trabalha nos arquivos do local há mais de 15 anos, a Oficina é um monumento no circuito de memória e cultura de Pernambuco. “São em média 2,5 mil pessoas por mês. Em alta temporada, cinco mil. A gente está cada vez com mais atividades culturais e pretende trazer mais para esse lugar, que já é roteiro primordial”, afirma a arquivista, lamentando o falecimento. “Trabalhava muito próximo dele. Era um gênio que vai deixar saudade. Estava sempre pedindo informação, textos de alguém, fotografias e sou eu quem lido com esse setor de documentação. Sempre estava perto dele.”

Entre os principais marcos da Oficina estão o Templo Central e o Ovo Primordial, construídos bem ao centro. Outros destaques são os jardins projetados por Burle Marx. Eles fazem parte da produção privada de Burle, que datam de 1984, e funcionam como um hall de exposição de esculturas, espalhadas pelos patamares de um lago entre arbustos. O Cine Teatro Deborah Brennand é um espaço para palestras e projeções, nomeado em homenagem à ex-esposa do artista, poetisa que faleceu em 2015.

Já na saída fica o Templo do Sacrifício, um conjunto de esculturas em homenagem às culturas assassinadas. A Oficina é também palco de eventos, sejam registros para programas televisivos, como Masterchef e o recente Papo de segunda do canal GNT, shows, a exemplo da gravação de um DVD da banda O Rappa, e festivais como o MECABrennand.

Os números da Oficina
2.500 visitas por mês é a média
5.000 pessoas por mês em alta temporada
17 hectares
3.000 obras, entre esculturas, cerâmicas, pinturas e painéis
300 desenhos e pinturas do artista reunidos na Accademia
10 espaços:
Os Comediantes, Templo Central, Salão de Esculturas, Anfiteatro, Praça Burle Marx, Accademia, Auditoria Heitor Villa-Lobos, Templo do Sacrifício, Estádio, Café/Loja





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