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Spotify lança documentário sobre o brega-funk, ritmo que 'vai dominar o mundo'

Publicado em: 12/11/2019 07:27 | Atualizado em: 29/12/2020 21:52

Shevchenko e Elloco sendo entrevistados por GG Albuquerque (acima) e MC Troinha (abaixo). (Foto: YouTube/Reprodução)
Shevchenko e Elloco sendo entrevistados por GG Albuquerque (acima) e MC Troinha (abaixo). (Foto: YouTube/Reprodução)


O brega-funk era "desconhecido" ao Spotify até o sucesso de Envolvimento, de MC Loma e as Gêmeas Lacração, no começo de 2018. Foi quando o gênero musical ganhou uma playlist oficial no serviço de streaming musical mais popular do planeta e, desde então, tem apresentado um crescimento formidável na plataforma. O sucesso é tamanho que a empresa escolheu o ritmo recifense como temática do segundo episódio da série Música pelo Brasil, intitulado O Brega-funk Vai Dominar o Mundo e publicado nesta terça-feira (12) no canal do Spotify Brasil no YouTube - pode ser acessado também através do link www.bregafunk.com.br. A apresentação, o roteiro e as entrevistas são do jornalista pernambucano GG Albuquerque, com direção de Felipe Larozza e edição de Vitor Ciappina.

Para representar o ritmo, o documentário de 19 minutos exibe entrevistas com Shevchenko e Elloco, Loma e as Gêmeas, Dadá Boladão, MC Troia, MC Lia, o coletivo de artistas A Tropa (formado por nomes como Biel XCamoso e MC Draak) e o grupo de dança Magnatas do Passinho S.A (sigla para Santo Amaro). Também acompanhando rotinas de shows e gravações em estúdios, as filmagens foram realizadas no Recife em uma semana. Apenas um dia das gravações foi em São Paulo, onde atualmente Paloma, Mirella e Mariely residem.

Como se trata de um projeto que quer "apresentar" o brega-funk para novos públicos, as músicas e os artistas do vídeo já são bem famosos entre os pernambucanos. Mas a história do surgimento do ritmo, por exemplo, tem certo ineditismo até mesmo entre antigos consumidores. GG Albuquerque associa a criação do brega-funk com um certo desgaste do funk no Recife em meados dos anos 2000. O espectador também consegue ter uma imersão nos espaços de convívio dessa cena musical. A entrevista com Boladão, por exemplo, foi realizada em frente a um posto de gasolina da Estrada Velha de Água Fria, na Bomba do Hemetério, onde alguns MCs costumam começar a rotina de shows.

Dadá Boladão. (Foto: Felipe Larozza/Divulgação)
Dadá Boladão. (Foto: Felipe Larozza/Divulgação)


"Uma intenção é que o Recife seja um personagem da história que queremos contar", diz Albuquerque. "Foi importante exibir a relação deles com os locais, mesmo que não fossem ‘bonitos’ ou dentro de ‘padrões’. Quando filmamos com A Tropa, na periferia do bairro do Arruda, um dos meninos começou a arrumar o cenário, e Shevchenko disse: ‘Não mexe, temos que mostrar como é mesmo'", relata. A entrevista com MC Lia, por sua vez, parte da finalidade de dar visibilidade a uma nova geração. "Além de ressaltar uma questão de desigualdade de gênero na cena, Lia mostra uma geração com escolaridade mais formal, o que reflete em suas ideias, referências e postura."

O jornalista, que já escreveu sobre brega-funk para portais como kondzilla.com e Vice, ressalta que foi marcado pela forma como a periferia se sente representada pelo ritmo. "Em todos os locais que gravamos os meninos do ‘passinho’ dançando, muitas crianças chegavam para dançar coreografias inteiras. Isso é muito tocante e deve ser pensado para políticas públicas no que tange a cultura. Se existe algo de representatividade, não pode se ignorado. Temos a ‘Lei do Brega’, mas muito pouco se avançou na questão de representação", reivindica.

MC Lia. (Foto: Felipe Larozza/Divulgação)
MC Lia. (Foto: Felipe Larozza/Divulgação)


EXPANSÃO
O primeiro capítulo da série Música pelo Brasil, disponível desde agosto, foi sobre a música trap brasileira, uma vertente mais eletrônica do rap que tem crescido na cultura digital com nomes como Matuê, Raffa Moreira, Recayd Mob e Ebony. Apesar de contar com reproduções expressivas no Spotify, o trap não é tão conhecido pelo mainstream, atuando em nichos. O brega-funk funciona de uma forma semelhante, sendo um fenômeno cultural local do Recife que está ganhando espaço e reconhecimento pelo país. Até esta terça-feira (12), por exemplo, o topo do ranking As 50 Mais Tocadas do Brasil no Spotify está ocupado por Surtada, de Dadá Boladão em parceria com Tati Zaqui e OIK.

"Perceba que a série começa com o trap e parte diretamente para o brega-funk. Não passou pelo funk carioca ou paulistano, que estão em grandes centros econômicos. Isso tem a ver com um apoio de ampliar a visibilidade de uma cena ainda local, trabalhando a construção da história de um gênero que é esquecido pela crítica musical tradicional", finaliza GG.

"A cultura acontece no Spotify. Esse ano, o brega-funk chegou ao topo do charts Brasil na plataforma, assim como tem acontecido com o sertanejo e o funk em geral desde que o Spotify chegou ao país, em 2014", diz Roberta Pate, diretora de relacionamento com artistas e gravadoras do Spotify na América Latina. "Quando esse tipo de fenômeno cultural, essa junção de ritmos acontece localmente - neste caso o brega-funk - ele se reflete na música que ouvimos no Spotify. Por isso, por meio da cultura local e musical, o Spotify consegue conectar artistas e fãs de uma maneira que antes não era possível, construindo uma comunidade de descoberta e inspiração mútuas, expandindo esse fenômeno para todo país."

Assista ao episódio O Brega-funk Vai Dominar o Mundo, da série Música Pelo Brasil:

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