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artes plásticas

Exposição no Recife une fotografia, proporções geométricas e natureza

Publicado em: 27/11/2019 16:46 | Atualizado em: 27/11/2019 19:06

Foto: Peu Ricardo/DP
A partir de um colar de miçangas comprado por R$ 10 nas ruas de São Paulo há dez anos, a artista e professora universitária Flora Assumpção produziu o desenho tridimensional Serpentes azuis, que estampa o quintal da Casa Cultural Villa Ritinha, no bairro da Soledade, Centro do Recife. A obra é uma das peças da exposição Ovo, do grupo Têmpera, comandado por Flora, que aposta em elementos primordiais, como os círculos, as espirais e as proporções geométricas presentes nas folhas, animais e constelações. A abertura será amanhã, às 20h e a visitação segue de terça a sábado, das 15h às 20h, com entrada gratuita.

O aprisionamento das correntes ilustradas em Serpentes azuis são apresentadas por meio de lambe-lambes, mas com rigor de fine art. “São xerox em preto em branco em folhas A4, simples. As fotografias foram executadas com muita definição e coladas lado a lado para que pareçam imagens em 3D. Lembram serpentes, mas vieram de um colar”, explica Flora, que já reproduziu o mural em várias cidades do país. Próximo às serpentes estão as Trepantes, módulos plásticos feitos a partir de pastas organizadoras.

“A mostra pretende explorar o quanto a cultura consegue ser natureza”, revela a artista, que usa os módulos como extensões de vegetais, dobras e revestimentos, questionando a máquina humana através de uma poética artificial. Também integram o Têmpera as artistas Elizabeth de Carvalho, Alícia Cohim e Luciene Torres, ex-alunas de Flora. Construindo um viés curatorial sobre arte, cultura e sociedade, o grupo defende a fotografia como uma nova tecnologia para desenhar, a partir da crença de que a fotografia é uma herdeira natural da pintura.

Nas escadas que levam ao primeiro piso da Villa Ritinha, as fotografias azuis de Alícia Cohim são atravessadas por módulos produzidos por Flora na mesma tonalidade. Os registros focam nas formas dos vegetais e camuflam os animais que aparecem em segundo plano. “As fotos têm relação com a minha infância em Garanhuns, com o que eu costumava admirar. Depois de feitas, submeti cada uma ao tratamento de imagem valorizando a cor azul, que é o destaque que queria dar”, explica Alicia.

As cores e as formas geométricas estão presentes também nos três ensaios de Elizabeth de Carvalho: Santos decaptados, Menina Benigna e Ex-votos que conta também com uma instalação reproduzindo um espaço sagrado. As fotografias foram tiradas no Crato, interior do Ceará, onde mora a mãe da artista. Já Luciene Torres reuniu registros realizados em saídas noturnas no Recife e aposta em colagens digitais que mesclam a natureza com o espaço urbano. Na montagem, as obras são intercaladas por poemas de autoria da fotógrafa. 

Proprietário da Villa Ritinha, o alemão Klaus Meyer disse ter se fascinado com o projeto. “É um dos trabalhos mais diferentes que tivemos até agora e a realização tem sido instigante. É um tema necessário para o nosso público”, pontua Klaus, que divide a curadoria da mostra com Flora. Atualmente, a Villa Ritinha recebe exposições, concertos, lançamentos de livros, palestras, além de contar com um café bistrô.

Obras de artistas contemporâneos convidados também ocupam as paredes da casa. São eles: Flávio Lamenha, Alline Nakamura, Pedro Azevedo, Thiago Britto, Jeff Cariolano, Caio Danyalgil, Cristiane Gomes, Patriny Aragão, Marco Buti e Gil Vicente. “Não tinha como não colocar Gil nesta exposição, ele tem uma cabeça muito antenada sobre arte contemporânea, antes mesmo de se estudar esse estilo de arte. Marco Buti que também é uma referência no assunto é o destaque no ano na revista Têmpera. E os demais artistas foram meus alunos que contribuíram com algumas das edições. 
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