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Macuca das Artes fortalece cultura nordestina com cortejo e grandes shows no Agreste

Publicado em: 27/10/2019 20:32 | Atualizado em: 28/10/2019 17:45

Foto: Máquina3/Divulgação

A primeira edição do Festival Macuca das Artes agitou a Fazenda da Macuca, na Zona Rural de Correntes, agreste pernambucano, com exposições de artes, telão de cinema, loja colaborativa e grandes shows. O evento, realizado neste fim de semana, preencheu toda a área camping com as barracas do público ainda na primeira noite. Ao todo, mais de duas mil pessoas marcaram presença. Para os presentes, o festival aconteceu aos moldes do Macuca Jazz e Improviso, que teve sua última edição em 2015. 

Com o céu estrelado, o Cine Macuca, abriu as portas do festival, na sexta-feira, às 20h, com exibição dos curtas-metragens Mens sana in corpore sano, de Juliano Dornelles, e Recife frio, de Kleber Mendonça Filho. Em seguida, o longa premiado, Bacurau, ganhou o telão localizado no gramado da fazenda. O público recém chegado preencheu as áreas verdes com cangas e cadeiras de praia para acompanhar a exibição.

Foto: Máquina3/Divulgação

Dando início às apresentações no palco do Macuca das Artes, na noite da sexta, o coletivo Reverbo (PE), formado pelos artistas Juliano Holanda, Flaira Ferro, Martins, Isabela Moraes, Marcello Rangel, Luiza Fitipaldi e Lucas Torres, fez um show potente, demonstrando engajamento e esperança na nova experiência musical. Em seguida, a baiana Luedji Luna (BA), contagiou o público com o disco Um corpo no mundo, apresentado com uma perfomance fluida e dançante. “Tão bom estar aqui, cantar para os nordestinos, um povo forte, que resiste e não recebe nenhum cuidado”, pontuou a cantora no palco após mencionar o desastre ambientas do derramamento de óleo nas praias da região.

Arnaldo Antunes levou ao palco a sua nova turnê, unindo rock com samba, além das releituras de Exagerado e A razão dá-se a quem tem. Durante toda a apresentação, o artista foi acompanhado pelo músico Curumim (SP), responsável pela bateria da banda. Para fechar a noite da sexta, o DJ Paulo Pezão embalou os passos do público mais resistente com um set final de clássicos do rock internacional, como Queen e Michael Jackson.

No sábado, a festa começou mais cedo, ainda à tarde, nas ruas do povoado Poço Comprido, a menos de 1km da Fazenda da Macuca. Com direito a estandarte, clarins e orquestra do Maestro Oseas, os foliões movimentaram a cultura e economia da cidade. Alguns personagens tradicionais do Maracatu Rural estiveram presentes com fantasias e rostos pintados, fazendo a alegria das brincadeiras de rua das crianças do povoado. A festa se estendeu até o escurecer, quando as vans se enfileiravam para levar o público de volta para a Fazenda.

Ave Sangria. Foto: Máquina3/Divulgação

Gabi da Pele Preta (PE) abriu a grades shows da noite do sábado com uma apresentação de forte discurso racial, estreitando o diálogo com a MPB e o Pop. Na sequência, a consagrada Ave Sangria (PE), mesclou clássicos da carreira com os sucessos do disco Vendavais. Ao fim, o vocalista Marco Polo convidou o idealizador do evento, Zé da Macuca, para representar o xote e acompanhar as últimas canções com o triângulo, instrumento do forró.

Foto: Máquina3/Divulgação

O melhor show do festival ficou por conta de Chico César, considerado um dos mais importantes poetas, compositores e músicos da cultura brasileira. No palco, o artista apresentou canções do novo disco O amor é um ato revolucionário, além de sucessos da sua carreira como Mama África e releituras de músicas de forró, reggae e ciranda. Em vários momentos, a artista Flaira Ferro foi convidada ao palco, reafirmando a posição de Chico César enquanto incentivador de novos talentos musicais. O artista também ergueu uma bandeira com os dizeres Lula Livre e parabenizou o ex-presidente pelo seu aniversário, celebrado neste domingo.

Chico César e Flaira Ferro cantaram juntos Suporte perder e De peito aberto. Foto: Máquina3/Divulgação

Um fato curioso foi relembrado à Chico por Zé da Macuca. Há 20 anos, Zé procurou Chico em um festival para pedir que desse um espaço para o Boi da Macuca, que na época ainda era uma festa para familiares e amigos. Hoje, com 30 anos, a Macuca vem se consolidando como marca de festas em Pernambuco, com uma agenda cultural que percorre o ano inteiro, guiada pelos sons da sanfona e os tradicionais clarins.

 

Certificada como Ponto de Cultura e contemplado nacionalmente pelo Prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura, a Macuca busca o beneficiamento sociocultural da região, através do fortalecimento da economia com empregos diretos e indiretos, do intercâmbio cultural e da promoção de atividades culturais gratuitas. 


No salão principal da Fazenda, uma lojinha colaborativa de artigos produzidos por mulheres pernambucanas esteve disponível durante todo o evento, reunindo marcas responsáveis por vestidos, camisetas, brincos, colares e acessórios. Ao lado, também era possível adquirir souvenires da Macuca em um stand com produtos temáticos: bottons, ecobag, camiseta, copos e canudos. Havia também um espaço para exposição de artistas visuais pernambucanos, são eles: Bruno Atanasio, Biarritizzz, Greg, Maria Eugenia, Sofia Carvalho, Celso Hartkopf, Tchoca e Isabella Galvão. A curadoria foi de Pedro Melo, responsável também pela identidade visual do evento.

Foto: Máquina3/Divulgação

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