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Resistência do cinema de rua, São Luiz chega aos 67 anos renovando público

Publicado em: 10/09/2019 14:34 | Atualizado em: 10/09/2019 14:36

Foto: Blenda Souto Maior/Esp. DP/D.A P

Com recém-completados 67 anos, o Cinema São Luiz, na Boa Vista, área central do Recife, tem experienciado um enorme fluxo de bilheteria e ampliação de público nos últimos meses. De acordo com o programador Geraldo Pinho, o crescimento está relacionado às produções cinematográficas pernambucanas que têm tomado as salas desde o começo do ano.

"Estamos com uma produção intensa, com muitos representantes do estado. Só neste ano, já tivemos seis ou sete longas. E com as nossas bilheterias aumentando, sinto que estamos atingindo camadas de público que não conheciam o equipamento ou estão voltando a frequentar o São Luiz", conta.

Entre os longas pernambucanos exibidos estão Organismo, de Jeorge Pereira, Divino amor, de Gabriel Mascaro, Estou me guardando para quando o carnaval chegar, de Marcelo Gomes, A serpente, de Jura Capela, Parquelândia, de Cecília da Fonte, e Bacurau.

O último da lista, co-escrito e co-dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, levou a maior bilheteria nacional para o São Luiz, sendo responsável por uma média de público diária de 2.446 pessoas na primeira semana de exibição, iniciada em 29 de agosto. Até as sessões encerradas no último domingo, o filme foi assistido por mais de 263 mil espectadores no país.

"As bilheterias de Bacurau chamam a atenção para o cinema público, uma estrutura fora de shopping, com valores acessíveis que não deixam ninguém de fora. Mais do que a celebração de uma produção pernambucana, ofilme tem despertado novas possibilidades, atraindo os olhares das distribuidoras. Isso é muito importante, principalmente agora que estamos em um momento que estão destruindo o que a gente conhece como cultura”, pontua.

Geraldo Pinho, programador do Cinema São Luiz. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

De acordo com Pinho, o São Luiz também se destaca por estar entre as oito salas brasileiras que exibem o filme pernambucano em projeção 4K. Inaugurado no dia 6 de setembro de 1952, o São Luiz passou por uma reforma em 2008 para garantir acessibilidade e melhoria dos equipamentos, passando a contar com novo projetor, apto a exibir filmes em 3D e amplificadores de som de ponta.

"O cinema está cumprindo sua função de uma sala exibidora, demonstrando que é possível um equipamento que pertence ao estado ser igual a todos os outros cinemas. Que abre a sua tela para o cinema brasileiro, autoral, independente, festivais e mostras e busca formar público sólido", reflete Pinho, à frente da programação do cinema há nove anos. Ao lado do gestor Gustavo Coimbra, Geraldo lidera uma equipe de 18 pessoas, entre projecionistas, secretários, recepcionistas, serviços gerais e seguranças.

"O São Luiz é um raro exemplar de cinema em Pernambuco, pensado desde a construção para ser um cinema. São 67 anos de resistência, mantendo vivo um cinema de rua, que é totalmente dependente da cidade, em termos de segurança, mobilidade e iluminação. Vida longa ao São Luiz, que ele continue sendo uma sala exibidora de filmes e também equipamento de memória que resiste nas ruas do Recife. Quantas pessoas se encontraram e se desencontraram aqui...", conta Pinho.
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