artes cênicas
Papel da água na sociedade capitalista é tema de espetáculo no Recife
Por: Viver/Diario
Publicado em: 16/09/2019 19:02
Entre rios, mares, chuvas, lamentos e seca, a dançarina-performer baiana radicada em Pernambuco, Gabriela Holanda, explora memórias ancestrais e destaca a urgência da questão hídrica no país. A narrativa é o fio condutor do espetáculo solo Sopro d’Água, que traz o questionamento: qual é o lugar da água na sociedade de consumo capitalista? A montagem estreia no Recife nesta terça (17) e quarta (18), às 20h, no teatro Hermilo Borba Filho. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia) e estarão à venda na bilheteria do teatro duas horas antes do início do espetáculo.
Ao mesmo tempo que materializa a água, o Sopro d’Água propõe um contato entre o corpo-ambiente. “É uma composição em dança criada a partir dos estados corporais. Uma dança tecida pelas memórias, sensações, imagens e movimentos d’água. Em cena, eu danço em constante diálogo com a música executada ao vivo, assim como com a iluminação e os vídeos”, explica a artista Gabriela Holanda, que já integrou o Totem, um dos grupos teatrais mais antigos do estado, e atuou nos espetáculos Retomada (2016-2017), Mita, Imã, Rebentum e Silência (2012), Nicho Portal do Imaginarium (2011) e Feito de Nós (2015).
O espetáculo começou a ser desenvolvido a partir de um diálogo constante entre música e movimento, pensado em conjunto por Gabriela e Thiago Neves, responsável pela trilha sonora. Desfazendo as fronteiras entres as linguagens artísticas, a montagem tem direção de Daniela Guimarães, iluminação de Natalie Revorêdo, vídeos de Tonlin Cheng, fotografia de Thaís Lima e Aline van der Linden e colaborações de Jam da Silva (percussão e flauta), Clara Neves (voz) e Lucas Holanda (poesia).
Envolvida com as expressões artísticas desde a infância que passou treinando passos e performances nas ruas de Olinda, Gabriela conta que a experiência da dança em sintonia com o ambiente surgiu em meio aos seus estudos de Mestrado em artes cênicas, realizado em 2013, na Universidade Federal da Bahia.
“Mergulhei na proposta artística, me deixei ser guiada pelos impulsos de movimento, memórias, sensações e imagens que o atravessam em determinado ambiente, deixar-se mover pelos fluxos internos e externos”, reflete. No período de pesquisa, a dançarina investigou estados corporais da água-corpo-ambiente, realizando experimentos a partir da qualidade de movimento dos fluidos corporais e da dança aquática.
“Ao longo do processo de criação, foram realizadas vivências em diferentes ambientes aquáticos, como mar, rio e cachoeira. Os experimentos geraram outras criações no processo como ecoperformances (performances nos ambientes d’água) e fotoperformances (fotografias performativas) que, por sua vez, transformaram a composição em dança”, conta.
No palco, o espetáculo critica o afastamento da humanidade em relação ao ambiente. “O distanciamento com o meio ambiente foi propagado e impulsionado pela modernidade. A água não é mercadoria para ser retida ou aprisionada na mão de poucos humanos. Somos água e vivemos do encontro com a água. A água não é um bem da humanidade. A água é em si existência”, pontua Gabriela, ressaltando a importância da amplo acesso aos recursos hídricos. “Humanos e não-humanos devem ter direito a água, e não apenas a parcela pequena da humanidade, detentora do poder, no agronegócio e indústria”, ressalta.
SERVIÇO
Espetáculo Sopro d’Água, de Gabriela Holanda
Quando: 17 e 18 de setembro, às 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, s/n, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia)
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