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Bacurau

Sônia Braga cita Marielle Franco em discurso no Festival de Gramado

Publicado em: 17/08/2019 15:56

Divulgação/AP Gramado
Com um instinto democrático, defendendo uma personagem investida de espírito de congregação de uma comunidade no Nordeste, a atriz Sônia Braga participou do debate de Bacurau, que abriu a mostra do 47º Festival de Gramado.

Na base da integração com moradores da região representada no filme, do interior do Rio Grande do Norte, Braga deixou clara a sensação de imersão na realidade de vilarejos expostos pelo filme. “Fico mais com a equipe e com o coletivo do que com o lado individual. A gente precisa da energia, de todos sermos o filme. Domingas, minha personagem, traz a mulher da força e imensa dor imensa, que não aceita perder, deixar  morrer.  Vejo dentro de um total quadro e dediquei a personagem a Marielle E quero saber quem matou Marielle (Franco).  E Marielle vive, sim”, comentou, em coletiva de imprensa de Bacurau.

Levantando questões histórias de colonialismo e de persistência de povo dito rudimentar, Bacurau, premiado em Cannes e que estreia dia 29 (com sessões, em Brasília, de pre-estreia, hoje), mexeu com valores de Braga. “Desde menina, entendi que sou um  ser humanozinho: cresci gostando de gente, independente de onde vieram. Mudei para os Estados Unidos para falar inglês. O Brasil tem uma riqueza de culturas que não devem ser copiadas. Quis absorver, e pertencer, e comer da comida e  viver do momento com todas as pessoas. Acho importante que a gente trabalhe por uma “não divisão”;  temos que reagrupar,  reunir, seja de onde formos”, salientou.

Conciliadora, Braga aparou arestas da atual dissonância  da sociedade brasileira: “Temos o problema grave: não adianta a gente sobreviver, se o planeta não vier a sobreviver. Sou e penso assim. Em Nova York, a gente anda e tem o mundo todo ali. Como em São Paulo, e em Gramado, com pessoas de diversos lugares do país, integradas. A melhor vida para todo mundo é a da convivência positiva. Precisamos se abrir, reagrupar, nos entender mais, para resolver para se  viver num futuro distante da divisão vista em Bacurau. É um olhar do futuro. Temos a opção de que armas sejam destruídas ou fiquem em museus (como no filme, e como discursou o codiretor Kleber Mendonça Filho) e que a gente tenha percepção melhor do que é necessário para nós — colocar uma energia para viver bem. E para que as crianças do mundo cumpram o seu destino”, concluiu, entre aplausos.
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