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Olindense José Carlos Viana deixa sólido legado para a arte pernambucana

Publicado: 26/08/2019 às 20:08

José Carlos Viana. Foto: Arquivo Pessoal/

José Carlos Viana. Foto: Arquivo Pessoal/


A cena das artes plásticas pernambucana perdeu, na madrugada do último domingo (25), o talento do olindense José Carlos Viana. O pintor e gravador faleceu aos 72 anos, após complicações de uma pancreatite aguda (inflamação generalizada do pâncreas) enquanto estava internado no Hospital Miguel Arraes, no município de Paulista, na RMR. Seu enterro foi realizado ainda no domingo, no Cemitério Parque das Flores, Zona Oeste do Recife, a partir das 16h. O artista contemporâneo se destacou por pinturas e gravuras um tanto abstratas, que passeavam pelo realismo fantástico e o lúdico erotizante, com figurações que se completam com colagens, texturas e cores.

O governador Paulo Câmara (PSB) emitiu nota lamentando a morte do artista: "O pintor deixará uma imensa lacuna na cultura pernambucana e um extraordinário legado para as próximas gerações de artistas". “Pintor,  gravador e ativista da cultura, da arte e da democracia, também foi gestor público e curador. Quero expressar meus sentimentos e solidariedade à família e amigos”, publicou a vice-governadora, Luciana Santos (PCdoB). O jornalista Xico Sá e o produtor cultural Paulo André Moraes também demonstraram luto nas redes sociais.

HISTÓRICO
Nascido em 1947, José Carlos Gomes Viana começou a se destacar durante durante os anos 1970. Nessa época, fez um curso livre de pintura na Cocoran School of Art, nos EUA. Na mesma década, foi um dos associados da Oficina Guaianases de Gravura, iniciativa dos artistas plásticos João Câmara e Delano que se tornou um dos movimentos artísticos mais significativos e duradouros do estado de Pernambuco - Tereza Costa Rêgo, Raul Córdula e Gilvan Samico foram alguns dos outros participantes. Em 1977, realizou performances com o grupo The Bird and the Dirt em Washigton, nos EUA.

A partir da década de 1980, Carlos Viana assumiu funções de destaque na gestão pública: foi diretor do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (1989), coordenador geral dos museus de Pernambuco (1999-2006) e membro do Conselho de Cultura do Estado de Pernambuco (2006). Os cargos de mais destaque foram as presidências da Fundação de Cultura da prefeitura do Recife e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Em 1997, idealizou o Polo Cultural de Serra Negra, que funciona até hoje no município de Bezerros (PE), e o Engenho do Imaginário, em João Pessoa (PB). Como curador, esteve na Mostra do Imaginário de 2002 a 2005. Também foi o curador de Intervenções Urbanas no Festival de Inverno de Garanhuns, em 2006. Viana também ficou conhecido pelos seus posicionamentos político, tendo atuado na Brigada Portinari, um grupo de artistas que fizeram campanha para o ex-governador Miguel Arraes na primeira eleição direta para o cargo após o período da ditadura militar, em 1986.

Um dos seus últimos trabalhos foi com a participação na abertura da mostra Olinda, A cidade dos artistas, realizada em agosto no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa. A exposição celebrou sua obra junto às de outros artistas olindenses como Amélia Couto, Antônio Mendes, Antônio Paes e Ismael Caldas. José Carlos Viana deixou quatro filhos: Daniel, 23, Cauá, 12, Rayana Rayo, 30, e José Carlos, 28 - esses dois últimos seguem os passos do pai no ramo das artes plásticas.
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