Música

Em ascensão na cena nordestina, Bia Villa-Chan lança clipe com Armandinho Macêdo

Publicado em: 28/08/2019 12:31 | Atualizado em: 28/08/2019 12:44

Bia Villa-Chan e Armadinho Macedo nas gravações de Via Boa. Foto: Marcelo Ferreira/Divulgação

"A música está na veia, na convivência e na paixão", diz Bia Villa-Chan, ao refletir sobre sua relação com a arte. Sempre com o bandolim em mãos, a multi-instrumentista aportou na cena pernambucana há cerca de dois anos com a intenção de ressaltar a música tradicional nordestina. Nesta quarta-feira (28), lançou o clipe do single Vida Boa, gravado com participação da guitarra baiana de Armandinho Macêdo, compositor original do clássico ao lado de Fausto Nilo.

Esse intercâmbio nordestino surgiu através de uma apresentação despretensiosa, feita ao lado de Maestro Spok durante uma edição do Quintas no Galo, na sede do bloco carnavalesco recifense. "Alguém filmou o show, o vídeo viralizou e chegou no Armandinho. Começamos a conversar e decidimos fazer essa colaboração", explica Bia. "Pedi sua permissão para fazer uma versão pernambucana de um frevo baiano, que no caso é Vida Boa. Queria torná-lo um frevo recifense. Macêdo disse: 'Pois não. A música é sua'. Assim, elaborei um arranjo completamente diferente".


A faixa faz parte do EP Girassons, que ainda agrega releituras como Pirata José, gravada com Alceu Valença, Duda no Frevo, de Senô, e Feira de Mangaio, de Sivuca e Glorinha Gadelha. Também conta com três faixas inéditas: Aldeia (Nosly Marinho e Zeca Baleiro), Rumo do Céu e do Mar (Edinho Queiroz, Dom Tronxo, Marcondes Savio e Gilvandro Filho) e Morena Jambé (Don Tronxo, Edinho Queiroz e Marcondes Savio), também com participação de Armandinho Macêdo.

Esse é o seu segundo projeto, logo após debutar com o EP Pedacinho de mim, em 2018Foi quando Bia decidiu se dedicar à música após uma carreira centrada no meio acadêmico. "Não posso deixar meu lado artístico guardado. E acredito que já estou colhendo alguns frutos e reconhecimentos. Venho fazendo amigos, conexões, amizades e intercâmbios artísticos", diz, usando como exemplo a parceria com Armandinho.

PRÊMIOS
Os “frutos e reconhecimentos” citados por Villa-Chan podem ser comprovados, por exemplo, com algumas honrarias em 2019. Durante o carnaval, ela recebeu o título de Talismã do tradicional Baile dos Artistas, realizado no Clube Português. Em maio, venceu o Prêmio da Música Pernambucana na categoria Melhor Cantora de MPB. A principal homenagem veio em agosto, quando foi agraciada com o Troféu Gonzagão, do Instituto Intercultural Brasil (Inbra), durante evento Campina Grande (PB).

Bia Villa-Chan recebendo o Troféu Gonzagão. Foto: Instagram/Divulgação
A edição da festa, considerada o “Oscar da música nordestina”, foi dedicada a Jackson do Pandeiro, que completa centenário neste sábado (31). Contou com a presença de Fagner, Alcymar Monteiro, Silvério Pessoa e Biliu de Campina, entre outros. "O prêmio veio como um reconhecimento de um trabalho feito com muito amor. Não é fácil fazer cultura, principalmente neste momento do país. Os prêmios conseguem manter a cultura viva e nos fazer sentir orgulhosos por fazermos a nossa cultura. Temos de defender o que é nosso", diz a artista.

MULTI-INTRUMENTISTA E MULHER
A história de Bia com o bandolim veio ainda na infância, quando acompanhava os acordes do avô, o músico Heitor Villa-Chan. “Nesse instrumento sou autodidata. Depois veio o piano, o contrabaixo, o violão. Fiz parte da banda marcial do Colégio Militar do Recife, quando me adaptei aos instrumentos de sopro”.

Apesar de multi-instrumentista, o bandolim ainda é seu principal enfoque. "Não é um instrumento muito tocado por mulheres", opina.

Foto: Marcelo Ferreira/Divulgação

"É isso o que venho tentando despertar. As mulheres precisam ocupar espaços. Recentemente, estive conversando com o Chico César e ele me disse: 'Você está estimulando outras mulheres a ocupar outros espaços'. Muita gente não tem coragem de dar o primeiro passo e precisa de um estímulo estímulo”, diz. "Ainda sofro certo preconceito até que me vejam tocando. Hoje é bem menos porque já conhecem mais meu trabalho, mas é uma barreira que ainda precisamos quebrar”, finaliza a artista.

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