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Ancestralidade afro-indígena e nordestina guiam novo álbum da sergipana Héloa

Publicado: 27/08/2019 às 16:09

Héloa. Foto: Zé de Holanda/Dvulgação/

Héloa. Foto: Zé de Holanda/Dvulgação/

Héloa. Foto: Zé de Holanda/Dvulgação
A cantora sergipana Héloa lançou neste mês Opará, seu segundo disco de estúdio, em todas as plataformas digitais. Com direção artística da própria cantora, o projeto tem o ritmo das águas e das marés como fio condutor principal das dez faixas que o compõem. Como resultado, traz o imaginário do Rio São Francisco, a magia do sertão, dos povos ribeirinhos, dos saberes tradicionais das matrizes africanas, indígenas e das diversas formas de resistência.

"Esse disco surge de uma grande vivência e entrega ao universo religioso e sagrado do candomblé e indígena, marcado pela minha iniciação e consagração para o chamado ancestral", explica a artista. "A partir daí se abre uma novo olhar diante da minha própria carreira e vida. Mergulhei nas tradições afim de desconstruir e descolonizar cada vez mais meu pensamento e trazer uma produção horizontal e em consonância com o modo de vida desses povos. Refletindo sobre o tempo e o sagrado em mim".

Nas escolhas rítmicas, de timbres e instrumentos que marcam a base desse álbum, ataques, pandeirões, acordeon e sanfora trazem o samba duro, afroreggae, afrobeat, ijexá e forró. Tudo inspira-se na musicalidade afro-indígena e nordestina brasileira, dialogando com a música negra produzida também em países como Cabo Verde, Angola, Cuba e Moçambique a partir da diáspora.

Capa do disco Opará. Foto: Zé de Holanda/Dvulgação
Quem assina a produção é o paulistano Zé Nigro e a co-produção é do pernambucano Maurício Badé. Entre as vozes, destacam-se as participações especiais de Seu Mateus Aleluia, Fabiana Cozza, Mestrinho, indígenas da aldeia Kariri-Xocó e o grupo Mulheres Livres, um coral formado na Penitenciária Feminina da Capital de São Paulo, no Carandiru, com seis sul-africanas e duas malaias que compartilham o talento que descobriram no cárcere.

Para as letras, além das faixas escritas pela própria artista, uma em parceria com a baiana Luedji Luna e outras assinadas pelos mineiros Sérgio Pererê e Luiz Gabriel Lopes, além do paraense Saulo Duarte.

Com uma equipe composta majoritariamente por negros e indígenas, Opará reverencia figuras ancestrais, nkisis, voduns, orixás, caboclos e pajés, colocando o próprio homem contemporâneo e tecnológico, em busca de conexão em meio a adversidade, nas encruzilhadas e caminhos do diálogo. Com as mãos e os pés na terra.

Assista ao clipe de Nagô:

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