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De Michael Jackson a Luiz Gonzaga, tudo vira 'passinho' no Recife

Publicado em: 12/07/2019 17:06 | Atualizado em: 12/07/2019 17:36

Foto: Acervo José Ramos Tinhorão do Instituto Moreira Salles, Reprodução da Internet e Interscorpe/Divulgação

Michael Jackson, Luiz Gonzaga, Bob Marley, Justin Bieber, Sean Kingston e até música infantil norte-americana. Tudo isso pode se transformar em uma faixa de brega-funk. Nos últimos meses, o uso de refrões de outros artistas se tornou uma tendência entre MCs e produtores musicais do ritmo eletrônico pernambucano. A moda começou simultaneamente com o fenômeno do passinho dos malokas, que já nasceu usando trechos de funks do Sudeste, principalmente do Rio de Janeiro.

No entanto, esse fenômeno se acentuou (e ficou ainda mais ousado) desde que a dupla Shevchenko e Elloco lançou o Tributo a Michael Jackson, com refrão do clássico Beat it (1983). Uma frase publicada pela página Brega Bregoso, popular nas redes sociais, sintetiza como a internet tem reagido à tendência: "O brega definitivamente olha pra o limite e diz: te dana".


Nas plataformas digitais, os números são surpreendentes. Tributo para Michael Jackson conta com 2 milhões de visualizações. O coletivo A Tropa, que agrega Shevchenko e Elloco, dançarinos do passinho e produtores musicais, lançou um vídeo de coreografia que mescla os movimentos do "passinho dos malokas" com os eternos passos do Rei do Pop - que completou 10 anos de falecido em 25 de junho. A repercussão foi tamanha que a dupla lançou uma "Parte 2", usando o refrão de They don't care about us (clássico de 1995 que teve clipe gravado na Bahia, com o Olodum). "Os fãs pediram", ressaltou a dupla, em publicação nas redes.

CADA VEZ MAIS ELETRÔNICO
Após a disseminação do passinho (dança que consiste em movimentos com os braços e a virilha), a sonoridade do brega-funk tem se tornado cada vez mais acelerada e eletrônica, mas também mais simples por não utilizar de instrumentos reais. Tudo é feito no computador. Assim, uma nova a geração de MCs está antenada na utilização desses refrões "terceirizados" com o intuito de provocar viralizações nas redes para alavancar popularidade. Em maio, MC Heroz lançou o Tributo a Bob Marley, utilizando o refrão de This is love, do jamaicano que eternizou o reggae pelo mundo. Resultado: quase 400 mil visualizações.


Para o São João, os pernambucanos Alex VTG, Raul da Adidas, Bruno Souljaa e Ykaro Zk preparam o Tengo lento tengo, com os vocais de Luiz Gonzaga em A morte do vaqueiro, um das canções mais famosas do Rei do Baião. "Todo mundo baratinado no beat do lengo tengo", diz o trecho que antecede do pernambucano de Exu, com sincronização sagaz entre a poesia de Luiz com as batidas eletrônicas. Um vídeo de crianças com vestes de quadrilha junina dançando o "passinho" viralizou nas redes sociais, sobretudo no Twitter, atingindo perfis de todo o país.


Em julho, foi a vez de Mano Neto despontar com Passinho do Baby Shark. A canção original é Baby Shark Dance, da produtora infantil norte-americana Pinkfong! Kids Songs & Stories. Essa, especificamente, chamou atenção pelo teor irrevente e cômico. Até o momento, conta com 700 mil acessos. MC Troia, um dos maiores ícones do brega-funk, também entrou na onda com Hit do Brega. Em parceria com MC Pedrinho do Recife, a faixa usa o refrão de Beautiful girls, sucesso do norte-americano Sean Kingston que foi um dos maiores hits mundiais de 2007. Nesta semana, gravaram um videoclipe que deve estar sendo lançado em breve.






ANTECEDENTES
O brega sempre bebeu na fonte de outros gêneros musicais, principalmente os internacionais. Na década de 1970, quando o ritmo surgiu, os cantores se inspiravam em cancioneiros românticos, figuras populares nas Américas. A partir dos anos 2000, o "brega romântico" capitaneado por vocalistas femininas realizou várias regravações de sucessos norte-americanos. Atualmente, é possível citar exemplos como Só da tu (2017), da Banda A Favorita (I got you, de Bebe Rexha) ou Labirinto (2019), de Priscila Senna (Shalow, de Lady Gaga e Bradley Cooper).

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