Diario de Pernambuco
Busca

TV

Conheça os segredos das séries que bateram recordes de longevidade

'The Big Bang Theory', 'Supernatural', 'Grey's anatomy', 'Law & Order' e a brasileira 'A grande família' mudaram ao longo dos anos, mas souberam cativar o público

Publicado em: 28/07/2019 17:58 | Atualizado em: 28/07/2019 18:04

Foto: Michael Yarish/Divulgação.
The Big Bang Theory e Supernatural, duas das séries mais longevas da TV norte-americana, chegam ao fim este ano. A primeira, com os divertidos amigos Sheldon Cooper e Leonard Hofstadter, acabou em junho, com 12 temporadas. A segunda, que narra a saga dos irmãos Winchester contra seres sobrenaturais, exibe em outubro sua 15ª e derradeira rodada. Por outro lado, fãs de Grey's anatomy comemoram: em 26 de setembro, o seriado emplaca o 16º ano.

“São sucessos comerciais e de audiência”, constata Luiz Lana, professor de comunicação da UNA. "Diversas variáveis podem explicar por que elas se tornaram fenômenos de longevidade. Um dos fatores decisivos é serem produtos lucrativos. Porém, temos de pensar também na relação delas com o público, nas relações humanas e sociais que estabelecem. Ao longo de 10, 12 ou 15 temporadas, essas séries entendem e atendem a demandas do seu tempo, ou seja, tratam de temas relevantes de cada época. E vão se adaptando ao longo dos anos", analisa.

The Big Bang Theory, Supernatural e Grey's anatomy – assim como Law & Order e Gunsmoke (20 temporadas), NCSI (16), Os Simpsons (30) e South Park (23) – têm algo em comum: capítulos independentes. "Em Friends e The Big Bang Theory, isso é muito notório. Claro, há o fio principal da história, mas se você nunca assistiu a uma temporada e resolve ver um episódio, consegue ter noção do que está se falando ali. Isso não ocorre com séries como Game of thrones", explica Luiz Lana.

Outra característica importante: todas são atrações da TV aberta norte-americana. Em média, as temporadas nessas emissoras contam com 20 a 22 episódios por ano. "É comum a TV aberta ter séries longas por uma questão de audiência, custo-benefício, repercussão e impacto", ressalta Bruno Leal, professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Especialista em narrativas audiovisuais, ele destaca um exemplo brasileiro de êxito: a segunda versão de A grande família (Globo), com 14 temporadas e 485 episódios. "É o nosso caso mais conhecido e recente. São produtos marcados pelo hábito, repetição, fidelização e maior dificuldade de maratonar. Essas séries operam na lógica da TV aberta. Enquanto ela existir, apesar de muita gente já decretar o seu fim, atrações assim vão durar", defende.

STREAMING

O surgimento da TV a cabo e do streaming trouxe significativas mudanças ao formato e duração das séries. Para Bruno Leal, a HBO é o caso clássico. Desenvolve atrações com cinco ou seis temporadas, em média, e número mais reduzido de capítulos – no máximo 10 por ano. "Game of thrones fugiu um pouco desse padrão, teve oito temporadas por conta do enorme sucesso. Acontece também de séries serem canceladas mais cedo. A referência são cinco, seis anos de duração, o que tem um pouco a ver com a exploração que os canais fechados fazem das atrações. Há muita reprise, estimula-se a maratona. A lógica de produção e consumo das TVs fechada e aberta é bem diferente", opina.

Plataformas de streaming passaram a investir no filão, mas estão longe de produzir séries duradouras. Na sexta-feira, a produção original mais longeva e assistida da Netflix, Orange is the new black, entrou em seu sétimo e último ano. Quando estreou, em 2013, o streaming ainda se consolidava. Ao longo do tempo, outras novidades foram lançadas.

Bruno Leal acredita que o streaming ainda busca um padrão – a média são três a quatro temporadas. Para ele, a ligação do espectador com esses programas é outra. "A relação de fidelização é mais complexa e difícil. Quando se está operando num serviço de banco de dados que oferece enorme cardápio, é muito comum séries perderem público de uma temporada para a outra. Há muita coisa surgindo. É um desafio o streaming manter essa fidelidade, já que a marca dessas empresas é justamente a diversidade e a novidade", afirma o especialista.

ESTIGMA

Na semana passada, durante o San Diego Comic-Con, nos Estados Unidos, o ator Jensen Ackles, um dos protagonistas de Supernatural, revelou que terá dificuldade de se desconectar da série e de Dean Winchester, seu personagem. "Para ser sincero, tive problema em digerir, levei um tempo para entender. Não me veio de forma natural”, contou. “Estou muito ligado a esses caras. Muito ligado à história", confidenciou.

Estrelas de séries longevas ficaram marcadas – e até estigmatizadas – por seus papéis. O caso mais emblemático é Friends, que teve 10 temporadas entre 1994 e 2004. Até hoje o elenco é conhecido pelos nomes dos personagens. "Dizem: fui ver um filme que tinha o Ross (David Schwimmer). Outro dia, assisti à série com a Phoebe (Lisa Kudrow). A única que conseguiu se desvencilhar um pouco disso foi Jennifer Aniston, mas, mesmo assim, a Rachel ainda é presente. Poucos conseguem se desfazer da marca. Com o fim de The Big Bang, é difícil imaginar o Sheldon fazendo outra coisa", observa o professor Luiz Lana.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL