Diario de Pernambuco
Busca

São João

Sítio Trindade dá largada ao 35º Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas

Publicado em: 18/06/2019 10:05 | Atualizado em: 18/06/2019 10:25

Quatro juninas se apresentaram nessa segunda-feira (17). Foto: Samuel Calado/DP

As chuvas fortes não conseguiram apagar a alegria dos quadrilheiros. A primeira noite das eliminatórias do 35ª Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas promovido pela Prefeitura do Recife no Sítio Trindade,na Zona Norte da cidade, contou com muita animação e grandes espetáculos nessa segunda-feira (17). Os temas abordaram o combate ao racismo, a paixão pela música, pelo rádio e pela cultura popular. 

A Junina Raízes é do Alto José do Pinho, na Zona Norte do Recife. Foto: Samuel Calado/DP

A Raízes do Pinho foi a primeira a entrar com o espetáculo  Entre o Coração e a Razão. A trama retratou a história de um casal que enfrenta vários preconceitos de raça, cor e de classe para viver um grande amor. O quadrilheiro Antônio Almeida deu vida ao noivo da quadrilha e não conseguiu disfarçar a emoção ao estrear no arraial. “Eu estou vivendo a realização de um sonho. Brinco há mais de dez anos e pela primeira vez vesti o personagem do noivo. Não é fácil trabalhar, estudar e ensaiar, mas quando se tem amor tudo fica prazeroso”, relata. 

Luiz Antônio, marcador da Junina Raízes. Foto: Samuel Calado/DP

Falando em amor, é preciso que nunca falte esse sentimento dentro dos arraiais, principalmente para os marcadores, que têm um papel fundamental na condução do espetáculo. Na Raízes, o marcador Luiz Antônio revela que para ser um bom condutor nos arraiais é preciso ter muita atenção nas colocações das coreografias e jogo de cintura quando algo sai do planejado. “A gente tem que ficar ligado em tudo para conduzir bem. Tudo pode acontecer, então é preciso estar bem atento. Outra questão é se preocupar com a dicção da voz para repassar a bem a mensagem”.

Antônio Almeida, noivo da Junina Raízes. Foto: Samuel Calado/DP

E para aqueles que já dançaram há muito tempo e acham que não conseguem voltar ao movimento, o brincante Marlon Rodrigues mostra o contrário. Mesmo estando distante dos arraiais por quase duas décadas, ele decidiu retornar este ano. “Voltar à Raizes do Pinho foi sentir tudo de novo. É uma sensação inexplicável. E quando grita o nome da junina o corpo chega treme. É aquele momento que a gente coloca tudo para fora. Foi muito bom estar de volta. Quem já viveu essa emoção sabe do que estou falando. Ser quadrilheiro é defender a cultura e reforçar o movimento”.

Oficialmente, a segunda quadrilha da noite seria a Junina Forró Baião Nordestino, do município de Paudalho, mas ela não compareceu. O tempo de 10 minutos para organização do cenário e 25 minutos para apresentação foi respeitado. E quem já foi ao Sítio Trindade sabe que quando um grupo se ausenta do concurso, a platéia forma uma improvisada. E foi o que aconteceu, em questão de segundos a ‘Junina Tumulto’ já estava brilhando no arraial. Haja alegria. A plateia deu várias risadas enquanto corria o tempo dos pessoal da Zona da Mata. 

Noivos da junina Brilho de Ouro. Foto: Samuel Calado/DP

Em seguida, foi a vez da Brilho de Ouro alegrar o público com o tema Tem festa na Noite de São João. O grupo do bairro de Ponte dos Carvalhos, no município do Cabo de Santo Agostinho levou ao forródromo a energia dos folguedos ligados ao ciclo junino. Ele contou também a história de um casamento arranjado pelo pai da noiva, para pagar dívidas da família. 

Moniza Barros, noiva da Junina Brilho de Ouro. Foto: Samuel Calado/DP

Quem interpretou a noiva na trama foi a quadrilheira Moniza Barros. Ela disse que o espetáculo demorou meses para ficar pronto e tudo foi feito com muito carinho para agradar ao público. “A gente sente uma emoção tão grande que parece que vai sair do próprio corpo. Ser noiva de uma quadrilha é uma responsabilidade muito grande. É preciso ter muito sorriso no rosto e confiança em si mesma”. 

“O que importa é a alegria”, reforça o quadrilheiro José Fernandes. Ele dança pelo segundo ano e disse que sempre sente algo diferente a cada vez que entra no arraial. “Estamos representando a cultura do nosso Nordeste e temos muito orgulho disso, quando entro no arraial, dá vontade de chorar ao ver o trabalho concluído”. 

A Junina 100Hora Nordestina é do bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. Foto: Samuel Calado/DP

A penúltima a se apresentar foi a 100Hora Nordestina com o espetáculo Um amor de Vinil: apanhado da música nordestina. Os brincantes mostraram vários discos preciosíssimos da cultura popular e fizeram o público viajar no tempo. Durante a apresentação, um deles tomou literalmente a cena e levantou a multidão. Guilherme Queiroz, que estava interpretando a Sinhazinha, esbanjou movimentos delicados com irreverência e simpatia enquanto dançava a coreografia.

Guilherme Queiroz interpretou a sinhazinha na Junina 100Hora Nordestina. Foto: Samuel Calado/DP

O público foi ao delírio. Um grande presente para o jovem que se apresenta pela primeira vez em uma junina. “Eu já vinha do teatro e de espetáculos contemporâneos, mas nunca senti essa energia do arraial. Tentei trazer o máximo de técnica das artes cênicas para agradar aos espectadores. Estou super emocionado com o retorno”. 

A quadrilheira Vanessa Silva também ficou emocionada e falou que é preciso muito ensaio. “Levantar a multidão não é fácil. A gente vem de corpo e alma para mostrar o trabalho vivido durante meses”. O grupo veio do bairro de Areias, na Zona Oeste do Recife. 

A Junina Arrocha o Nó é do Ibura, na Zona Sul do Recife. Foto: Samuel Calado/DP

A última da noite foi a 'Arrocha o Nó’, da comunidade da UR-3, no Ibura, Zona Sul do Recife. Ela apresentou o espetáculo “O tocador”, que enalteceu a força do rádio como um importante veículo de comunicação e até de sedução.

Bruno começou a dançar quadrilhas em 2011. Foto: Samuel Calado/DP

O quadrilheiro Bruno Augusto, que interpretou a personagem ‘Dona Alaíde’ na apresentação, expôs que tem muito orgulho em defender a comunidade em que mora. “O movimento faz parte da minha vida. Eu já danço desde 2011 e há três anos venho nessa junina com muito amor e carinho para defender o legado social e a resistência do meu bairro”. O jovem salienta que em todos os anos muita coisa muda. “Mudam os componentes e a energia fica diferente. Então começa tudo outra vez. Trabalho, trabalho e trabalho até o dia da apresentação”. 

Alef Correia, da Junina Arrocha o Nó. Foto: Samuel Calado/DP

Outro brincante que falou sobre o orgulho em representar a comunidade onde mora foi estudante Alef Correia. Ele se apresenta pela primeira vez no arraial e acentua: “Nesse pouco tempo, pude perceber que é preciso ter muita ousadia e gostar do que faz. E quando a gente contagia o público, temos a certeza de que fizemos um trabalho bem feito”. 

A primeira fase das eliminatórias seguem até o dia 22 de junho. Das 35 que estão concorrendo, ficam apenas 12. Elas voltam a se apresentar o Sítio nos próximos dias 28 e 29 de junho, às 20h. Cada uma delas receberá R$ 3 mil pela classificação e as cinco vencedoras serão premiadas com R$ 13 mil; R$ 9 mil; R$ 7 mil; R$ 6 mil; e R$ 5 mil, respectivamente. Nesta terça-feira, se apresentam as juninas Serrana Matuta, Traquejo,  Matutada, Dona Matuta, Xotear e Zabumba. O primeiro grupo entra no arraial às 20 horas. O DIARIO irá realizar a cobertura em tempo real nas redes sociais. 

Confira os vídeos das apresentações dessa segunda (17)

RAÍZES DO PINHO 



BRILHO DE OURO 
 


100HORA NORDESTINA 
 


ARROCHA O NÓ 
 

 
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL