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Animação marca segunda noite do Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas no Sítio Trindade

Publicado em: 19/06/2019 14:07 | Atualizado em: 19/06/2019 15:31

Seis grupos se apresentaram nessa terça-feira (18). Foto: Samuel Calado/DP

A segunda noite de eliminatórias do 35ª Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas aconteceu nessa terça-feira (18), no Sítio Trindade, localizado no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Uma multidão foi ao arraial para prestigiar as apresentações de mais cinco grupos. Os espetáculos falaram sobre devoção, ciganos, cangaço, confetes, literatura de cordel, ressocialização e orgulho pelo Nordeste. 

A Junina Serrana Matuta é da cidade de Timbaúba. Foto: Samuel Calado/DP

A primeira da noite foi a Junina Serrana Matuta, que apresentou o tema Promessa e Devoção, eu sou o São João. O grupo tem três anos de existência e veio da cidade de Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco. A história fala sobre uma mulher religiosa que faz promessa aos três santos juninos para voltar a brincar nas festas do São João. O quadrilheiro Antony Lino, que deu vida ao marcador da Serrana, contou que o grupo teve dificuldades para chegar no arraial. “O nosso ônibus quebrou no caminho. Todo mundo estava muito apreensivo para estar aqui hoje. Graças a Deus conseguimos mostrar para todos o trabalho desenvolvido no ano”. Antes de entrar em cena, o quadrilheiro disse que se emocionou ao ver o marcador Bhruno Henrique (Junina Tradição) na plateia. “Para mim ele é um dos melhores marcadores de Pernambuco. Eu acompanho o Bhruno o ano inteiro e vejo como ele é esforçado. Graças a Deus o que eu sei eu aprendi vendo os vídeos de dele. Eu quis dar o meu melhor". 

A Serrana Matuta trouxe um espetáculo que falou sobre devoção. Foto: Samuel Calado/DP

O estudante William Alcântara interpretou a Rainha na quadrilha timbaubense. Segundo ele, o grupo se sente bastante realizado com o trabalho que tem desenvolvido nos últimos três anos. “A gente nunca tinha chegado no auge que estamos chegando. Participamos do Concurso de Caruaru, conseguimos ser classificados e agora ver o carinho das pessoas do Sítio Trindade é muito emocionante”. Sobre a desenvoltura no arraial, o jovem disse que é preciso muita dedicação e ensaio. “Um talento que não é para todo mundo. Para ser rainha de uma quadrilha tem que ter muito potencial porque girar daquela forma todo dia não é fácil. Não importa o ambiente. Você tem que fazer aquilo que você ensaiou seja aonde for. Você precisa mostrar o que sabe". 

A Traquejo foi fundada no dia 7 de abril de 2007, na cidade de Gravatá. Foto: Samuel Calado/DP

A segunda junina a se apresentar foi a Traquejo, da cidade de Gravatá, no Agreste Pernambucano. Eles trouxeram o tema História de Destinos Trocados, que fez uma homenagem aos ciganos e aos cangaceiros pela contribuição na cultura nordestina. Em 2018, a quadrilha e a equipe envolvida na formatação do espetáculo levaram os troféus de Melhor Casamento, Melhor Figurino, Melhor Desenvolvimento de Tema e Melhor Trilha Sonora. 

O grupo do agreste falou sobre a importância dos ciganos e do cangaço na construção da identidade cultural nordestina. Foto: Samuel Calado/DP

E a torcida na cidade de Gravatá está forte. A brincante Luciana Souza disse que o grupo fez a sua estreia há quinze dias para milhares de pessoas no município. “Foi lindo! O espetáculo durou seis meses para ficar pronto e ver que tudo deu certo é ter o sentimento de dever cumprido. O marcador Carlos Silva, da Traquejo,  disse que quando o público aplaude, o coração só falta pular pela boca. “Eu já danço quadrilha há 17 anos e é sempre uma sensação de inexplicável. A gente volta para cada com o sentimento de dever cumprido”. 

Daiana Carvalho, noiva da Junina Matutada. Foto: Samuel Calado/DP

A terceira junina da noite foi a Matutada, do bairro de Tejipió, na Zona Oeste do Recife. A quadrilha apresentou o espetáculo Confete: Pedacinho Colorido de Saudade, onde relembrou a época em que a presença dos confetes e traques de massa eram quase obrigatórias no início e no término das apresentações dos grupos. A noiva Daiana Carvalho disse a grande dificuldade dos grupos é trazer novos integrantes. “Quando acaba o ciclo junino a gente já entra com a produção do novo espetáculo. A pescaria por componentes é muito difícil hoje em dia. Precisamos resistir para que o movimento perpetue. O convite que eu faço a todos é que conheçam as quadrilhas para sentir a emoção do São João”. 

A Junina Matutada é do bairro de Tejipió, na Zona Oeste do Recife. Foto: Samuel Calado/DP

E não é fácil colocar uma quadrilha na rua. O brincante Cássio Felinto disse que existem muitas dificuldades, mas elas são superadas quando o trabalho está pronto. “Nenhum dinheiro paga a emoção que a gente sente. Ver a nossa família brilhando no arraial é emocionante”. O quadrilheiro Marcelo Ramos, que já dança quadrilha há mais de 30 anos bem sabe disso. Ele viu muitos grupos encerrarem por falta de recurso. “Queremos que a nossa cultura permaneça viva e lutamos para isso. As pessoas precisam valorizar mais o movimento”. 

A Dona Matuta é do bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife. Foto: Samuel Calado/DP

Trazendo o tema Dona Matuta de Fato e de Direito, a junina do bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife enalteceu os nordestinos e a cultura popular. O grupo foi o quarto a se apresentar no Sítio Trindade. A trama partiu da música “Nordeste Independente”, de Ivanildo Vila Nova e Bráulio Tavares, para passear pela cultura nordestina, celebrando suas linguagens, símbolos e personagens. 

O grupo de San Martin trouxe a força da identidade cultural nordestina. Foto: Samuel Calado/DP

No último domingo (16), o grupo subiu ao pódio do Festival de Quadrilhas Juninas promovido pela Globo Nordeste e foi até o Sítio Trindade na noite de ontem (19) para tentar mais um título. O quadrilheiro Alexandre Frank disse sentir muito orgulho do espetáculo que vivencia este ano. “Como é bom cantar o Nordeste. Cantar para esse povo rico. Esse povo cheio de garra e cheio de força. A mídia muitas vezes só mostra o sofrimento. A gente tá mostrando aqui um povo forte e guerreiro. A gente busca fazer um trabalho bem feito com muito esforço e muito suor. Todo mundo conhece a história da Dona Matuta”. Muita gente pensa que é fácil ser quadrilheiro, mas a realidade é que não é, como explica Diego Melo, o noivo da Dona Matuta. “As pessoas acham que ser quadrilheiro é fácil mas não é. O quadrilheiro trabalha, estuda e faz outras atividades. A gente dança porque realmente gosta". 

A Junina Xotear trouxe um espetáculo inspirado em um cordel. Foto: Samuel Calado/DP

A penúltima da noite foi a Junina Xotear, de São Lourenço da Mata. A quadrilha se baseou no cordel “Jericoacoara e a Lenda da Cidade Encantada”, de Godofredo Solon, para apresentar o espetáculo Bem-vindo a Anarriê: e o Mistério da Cidade Perdida.


O espetáculo da Xotear retratou as narrativas populares do Estado do Ceará. Foto: Samuel Calado/DP

A Xotear foi fundada em outubro de 2017 no loteamento São João e São Paulo. O quadrilheiro Lúcio Gomes, que interpreta pela primeira vez um noivo, disse que quando a plateia vibra e aplaude é revigorante. “Entrar no arraial já é uma emoção muito forte, quem nunca dançou quadrilha deve experimentar. É revigorante, tenho muito orgulho em fazer parte do movimento”.

A Junina Zabumba é da cidade de Camaragibe. Foto: Samuel Calado/DP

A última a se apresentar foi a Zabumba, da cidade de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife. Ela trouxe o espetáculo Atenção Pavilhão, Olha a Foto! que retratou uma festa junina promovida por presidiários e presidiárias. A mensagem da junina esteve em combater o preconceito que muitas pessoas têm acerca da população carcerária do Brasil, trazendo a importância da ressocialização e principalmente através da arte. “As pessoas precisam tirar da cabeça que ‘Bandido bom é bandido morto’. Todo mundo deve ter a chance de mudar”, disse Bruno Ferreira dos Santos, da Zabumba. 

O grupo de Camaragibe falou sobre a importância da arte na ressocialização dos detentos. Foto: Samuel Calado/DP

O espetáculo deles durou cerca de sete meses para ficar pronto. Foram longos dias de ensaio e preparação. O quadrilheiro Júnior Luiz Carlos, reforça que independente de títulos, o importante é amar a quadrilha onde está. “Para quem quer começar a dançar quadrilha o conselho que eu dou é que não procure pelo prêmio, mas pela família. Diga eu sou tal grupo e eu bato no peito ganhando ou perdendo. Não tem coisa mais prazerosa que ficar noites e mais noites acordado, fazendo cenário e fazendo de tudo para que a quadrilha saia impecável. Valeu a pena”. 

A primeira fase das eliminatórias segue até o dia 22 de junho. Das 35 que estão concorrendo, ficam apenas 12. Elas voltam a se apresentar o Sítio nos próximos dias 28 e 29 de junho, às 20h. Cada uma delas receberá R$ 3 mil pela classificação e as cinco vencedoras serão premiadas com R$ 13 mil; R$ 9 mil; R$ 7 mil; R$ 6 mil; e R$ 5 mil, respectivamente. Nesta quarta-feira, mais seis grupos se apresentam, a partir das 20h. São eles: Explosão Coroense, Mandacaru de Limoeiro, Traque de Massa, Zé Matuto, Renascer e Traque. O DIARIO está realizando a cobertura em tempo real nas redes sociais.
 
Quarta-feira (19/06)
20h - Explosão Coroense
20h45 – Mandacaru de Limoeiro
21h30 – Traque de Massa
22h15 – Zé Matuto
23h – Renascer
23h45 – Traque
 
 
Confira as apresentações da terça:

JUNINA SERRANA MATUTA 
 
 
JUNINA TRAQUEJO 
 
 
JUNINA MATUTADA 

JUNINA DONA MATUTA 
 
JUNINA XOTEAR 
 
JUNINA ZABUMBA   

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