Teatro

Peça teatral no Recife reflete sobre relacionamentos abusivos

Publicado em: 23/05/2019 15:27 | Atualizado em: 23/05/2019 16:21

Denise Alves e Zé Lucas Bastos protagonizam a peça. Foto: Roberto Ramos/Divulgação
A peça dramática O livro, dirigida por Normando Roberto Santos, aborda os relacionamentos abusivos, tema de destaque na atualidade. As apresentações serão realizadas neste sábado (25), às 20h, e no domingo (26), às 19h30, no Teatro Barreto Júnior, na Zona Sul do Recife. O texto escrito pelo dramaturgo Rafael Martins faz parte da obra Lesados e Outras Peças. O enredo utiliza um livro esquecido como ponto de partida para abordar o tema, colocando em cena um casal recém separado que vive em um ciclo de agressões e desentendimentos.
 
O espetáculo inicia com a ida de Pablo (Zé Lucas Bastos), um professor universitário, ao apartamento da ex-esposa Virgínia (Denise Alves), uma jornalista. Ele vai buscar um livro que havia sido esquecido, objeto que aparece como elo entre os personagens. Nesse encontro, eles trocam ameaças e agressões, levando o público a refletir sobre como seria o cotidiano de um casal que possui uma relação abusiva. 

"Esse tema tem muita relação com as nossas vidas. Esses abusos, que são fortes, são deixados de lado e ficam fazendo parte do cotidiano e as pessoas não reagem. Foi pensando nisso que nos interessamos pelo tema”, explica Normando. “Fizemos uma pesquisa rápida e percebemos que não acontece apenas entre casais, mas também nas amizades, na família e no trabalho”, acrescenta.

Para a construção da peça e composição dos personagens, o diretor sugeriu que os atores trouxessem ao palco suas próprias experiências, associando as suas vivências para estabelecer uma comunicação sincera com o público. Zé Lucas pontua essa transferência de emoções: "Eu trouxe para o personagem muito da questão emocional relacionada a minha experiencia abusiva. Seja no uso das entonações, ou no comportamento, as vezes agressivo, as vezes irônico, por exemplo".

Foto: Roberto Ramos/Divulgação

Denise esclarece o processo para compor Virgínia: "A gente tem que se trabalhar muito como ator para sentir que esse personagem é abusivo e que também passa por abusos, e nós vivemos isso na vida real, estamos o tempo todo sofrendo e cometendo abusos. Essa peça é muito forte por isso”.

O espetáculo também acaba abordando um tipo de amor que se ressignifica através dessas agressões, trazendo ao público reflexões sobre até que ponto um relacionamento pode ser saudável. O diretor acredita que “as pessoas vão perceber que esses abusos são concretos e existem fora do palco”. A temática ainda engloba o amor-próprio, fazendo as pessoas questionarem quais motivos as levam tolerar abusos.

"Para mim teatro é espelho para a sociedade, se eu chegar aqui e uma pessoa sair daqui, e conseguir ver que trouxemos um reflexo da sua vida e que agora ela precisa mudar, para mim vai ser muito satisfatório", finaliza Zé Lucas. O trio optou por utilizar apenas alguns elementos no cenário, agregando a trilha sonora e as movimentações a composição cênica. Uma curiosidade sobre isso é que a configuração utilizada permite que O Livro seja apresentado em qualquer espaço.
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