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Festival de Cannes começa nesta terça. Confira os filmes na disputa

Evento estreia com Os Mortos Não Morrem. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, será exibido na quarta

Publicado em: 14/05/2019 11:31

Os Mortos Não Morrem, Jim Jarmusch, e Bacurau, de Kleber Mendonça Filho. Foto: Divulgação

Cannes acolhe nesta terça-feira (13) Jim Jarmusch na abertura da 72ª edição do mais famoso festival de cinema do mundo. Nos últimos anos, a Croisette, como evento planetário, tem sofrido a pressão da indústria - leia-se Hollywood -, que gostaria que o festival mudasse de data. No segundo semestre, Veneza, que chega a coincidir durante alguns dias com Toronto, e o evento canadense viram vitrines do Oscar. Cannes, em maio - como Berlim, em fevereiro -, ainda é muito distante para antecipar tendências que vão dominar a Academia de Hollywood no ano seguinte, exceto na categoria de filme estrangeiro. Tradicionalmente, a seleção de filmes em língua estrangeira é dominada pelas obras que ganharam o mundo através de Cannes.

Luz, câmera, ação! O espetáculo vai começar. Jim Jarmusch dá a largada, com Os mortos não morrem. Na quarta-feira (15), o Brasil pisa no tapete vermelho. O cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho e sua equipe, incluindo Sonia Braga, Udo Kier e Maeve Jinkins, mostrarão Bacurau. Kleber codirige com Juliano Dornelles a história que, de alguma forma, parece dar continuidade a Aquarius, com o qual o autor já brilhou em Cannes há três anos. Com a morte de sua mais velha habitante, os moradores de uma cidadezinha do Sertão do Seridó, divisa do Rio Grande do Norte com a Paraíba, descobrem que não estão mais no mapa. Segundo os diretores, trata-se de um faroeste com ecos de ficção científica, ambientado num futuro próximo, mas com os problemas do Brasil de antigamente.

Outro brasileiro de volta a Cannes será Karim Aïnouz, que também integra a seleção oficial com A vida invisível de Euridíce Gusmão. O filme - livremente adaptado do livro de Martha Batalha - é interpretado por Carol Duarte, Júlia Stockler e Fernanda Montenegro. Passa na próxima segunda, na mostra Un certain regard, a mesma em que Aïnouz apresentou Madame Satã em 2002.

Mais dois brasileiros estarão no festival - Sem seu sangue, de Alice Furtado, sobre garota desinteressada da vida que descobre o amor num jovem hemofílico, na Quinzena dos Realizadores, e Indianara, de Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa, sobre a luta da transexual Indianara Siqueira em defesa dos direitos das pessoas LGBTQ. O Brasil ainda se faz representar como um dos produtores de O traidor, do italiano Marco Bellocchio, na competição; Port authority, de Danielle Lessowitz, na mostra Um Certo Olhar; e The lighthouse, de Robert Eggers, na Quinzena. O primeiro é coproduzido pelos irmãos Caio e Fabiano Gullane. O segundo e o terceiro têm a chancela de Rodrigo Teixeira, que também produz o filme de Karim Aïnouz. Teixeira vê nessa overdose brasileira em Cannes um sinal de criatividade, “que fica mais aguçada em tempos de crise".

É sinal dos tempos que Cannes tenha escolhido um filme de gênero para a abertura deste ano. Os mortos não morrem, com o lendário Bill Murray e Adam Driver (Infiltrado na Klan), conta a história de um repórter de TV assassinado pelos poderosos que investiga para uma matéria. Ele ressuscita graças à intervenção de uma sacerdotisa de vodu e provoca a maior confusão - entre colegas e criminosos - ao aparecer no ar. Jarmusch, só para lembrar, já mostrou em Cannes, em 2013, Amantes eternos, sobre vampiros. Jarmusch nesta terça e Kleber Mendonça na quarta.. O festival encerra-se no sábado (18), com a atribuição da Palma de Ouro. 
A mostra competitiva antecipa-se das melhores dos últimos anos, com novos filmes de Pedro Almodóvar (Dor e glória), Quentin Tarantino (Era uma vez em Hollywood), Xavier Dolan (Matthias e Maxime), Jean-Luc e Pierre Dardenne (O jovem Ahmed), Ken Loach (Sorry we missed you), Abdellatif Kechiche (Mektub my love - Intermezzo), Elia Suleiman (It must be heaven) e Terrence Malick (A hidden life).

O festival homenageia a cineasta belga Agnès Varda, que morreu em março, mostrando-a em seu cartaz, ainda jovem, montada nas costas do diretor de fotografia de La pointe courte, que ela filmou em 1954. Também comemora, em Cannes Classics, os 50 anos de Sem destino, de Dennis Hopper, e na mesma seção paga tributo a Milos Forman, com a versão restaurada de Os amores de uma loira; a Luis Buñuel, com o restauro de L’âge d’or, Los olvidados e Nazarín; a Lina Wertmuller, com Pasqualino sete belezas; e a Vittorio De Sica, que venceu o Grand Prix, com Milagre em Milão, de 1951. O júri deste ano é presidido pelo duas vezes vencedor do Oscar Alejandro González Inárritu (Birdman e O regresso). Outro mexicano ganhador de duas estatuetas, Alfonso Cuarón (Gravidade e Roma), vai apresentar uma do cultuado O iluminado, de Stanley Kubrick. (Agência Estado)

FILMES NA COMPETIÇÃO

Os mortos não morrem, de Jim Jarmusch (EUA)
Filme de abertura, uma história de zumbis com Bill Murray.

Dor e glória, de Pedro Almodóvar (Espanha)
Antonio Banderas como diretor em crise.

O traidor, de Marco Bellocchio (Itália)
Mafioso arrependido esconde-se em São Paulo.

The wild goose lake, de Diao Yinan (China)
Líder deuma  banda ama prostituta.

Parasita, de Bong Joon Ho (Coreia do Sul)
Uma família no desemprego e outra, rica.

O jovem Ahmed, de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica)
A radicalização de um adolescente.

Roubaix, une lumière, de Arnaud Desplechin (França)
Policiais numa história real. 

Atlântico, de Mati Diop (França/Senegal)
Trabalhadores deixam Dacar em busca de uma vida melhor.

Matthias e Maxime, de Xavier Dolan (Canadá)
Amigos de 20 anos viram amantes.

Little Joe, de Jessica Hausner (Áustria)
A manipulação genética no futuro próximo.

Mektoub my love: Intermezzo,de Abdellatif Kechiche (França)
Segunda parte de Mektoub my love: Canto um.

Sorry we missed you, de Ken Loach (Inglaterra)
A luta de família para sobreviver.

Os miseráveis, de Ladj Ly (França)
A violência policial no subúrbio de Paris.

A hidden life, de Terrence Malick (EUA)
A história de um opositor executado pelos nazistas.

Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles (Brasil)
Passado e futuro no sertão, com Sonia Braga.

La Gomera, de Corneliu Porumboiu (Romênia)
Policial romeno ajuda criminoso.

Frankie, de Ira Sachs (EUA)
Três gerações viajam à cidade portuguesa de Sintra. Com Isabelle Huppert e Marisa Tomei.

Portrait de la Jeune Fille en Feude Céline Sciamma (França)
Pintora do século 18 é contratada para fazer o retrato de casamento de jovem.

It must be heaven, de Elia Suleiman (Palestina).
Relato autobiográfico.

Era uma vez em Hollywood, de Quentin Tarantino (EUA)
O nono filme do diretor revisita  a Los Angeles de 1969. Com Leonardo DiCaprio, Brad Pritt  e Margot Robbie.
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