Retorno

'Estamos levando como uma confraternização', diz vocalista da Capin Cubano sobre novo show no Recife

Publicado em: 24/05/2019 11:30 | Atualizado em: 17/07/2020 23:42

Yegor, vocalista da Capin Cubano, atualmente mora nos EUA (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)
Yegor, vocalista da Capin Cubano, atualmente mora nos EUA (Foto: Tarciso Augusto/DP Foto)


Um moreno rebolativo canta sucessos latinos enquanto balança maracás. Atrás dele, um time de músicos usa bonés da revolução cubana. O show mais famoso da Capim Cubano, realizado no Classic Hall em 2006, nos projeta hoje a um outro Brasil, sem polarizações políticas ou problemáticas em torno de “apropriação cultural”. Muitos sequer sabiam a nacionalidade daquele grupo, já que eles se vendiam como um “arquétipo” do que seria uma banda latina. E, ironicamente, vivíamos os pilares dourados da esquerda política na América do Sul.

Os integrantes eram, na verdade, da Paraíba. Acompanhados por vários músicos esporádicos, Yegor Gomez (vocalista) e Clodoaldo Mucarbel (guitarra e violão) lotavam casas de shows ancorados nos sucessos Mentirosa, Teresa bandolera, entre outros. Gravaram DVDs de sucesso, a exemplo do Capim Cubano no Chevrolet Hall (2006), exibido em 160 países pela Globo Internacional, e Onde o sol nasce primeiro (2009), filmado em show com 150 mil pessoas em praia de João Pessoa.

Os rapazes finalizaram as atividades do grupo em 2012, mas aceitaram convite para uma nova turnê em 2019, surfando nessa onda nostálgica do tipo Sandy e Junior. Nada melhor do que recordar do passado em um país que atravessa crises. Recife foi a capital escolhida para a estreia da turnê nesta sexta (24), que ainda passa pelo Espírito Santo (5 de junho) e Distrito Federal (6). Em entrevista ao Viver, Yegor, agora com 35 anos, relembra a criação do grupo, o sucesso do passado e as expectativas para esse retorno efêmero da Capín - atual nome da banda, sem o “Cubano”. Será no Villa Ponte D’Uchôa (Av. Rui Barbosa, 1345, Graças), às 21h. Ingressos por R$ 70 (social) e R$ 60 (meia).


Entrevista - Yegor Gomez, cantor

Como começou a banda?%u2028
Clodoaldo (Mucarbel) gostava muito de fazer lual em João Pessoa. Era algo bem comum lá por ser uma capital menor. Quando ele tocava músicas latinas, em maioria de trilhas sonoras de novelas da Globo, as pessoas adoravam. Ali percebemos que os estilos musicais do Brasil na época estavam saturados, já tinha muito pagode, forró, axé e funk. Naquela época não tínhamos um acesso tão fácil à música estrangeira. A internet não era como hoje. Fizemos um repertório com faixas latinas de sucesso e iniciamos os shows. Mentirosa mesmo era de Rafaga, lançada em 1999. Mais tarde também gravamos autorais.%u2028


E você sabia cantar espanhol?
Eu pensava que sim, mas não sabia. Estudei violino com professores latinos e sempre que ia na casa deles ouvia algumas músicas. Essa vivência me ajudou quando passei a cantar na noite. Quando a banda engatou, no entanto, comecei a ter aulas do idioma. No estúdio, sempre levávamos um professor para corrigir as pronúncias. Só passei a ser fluente quando me mudei para os Estados Unidos, em 2016. Moro em Salt Lake City, capital do Utah, e mantenho uma carreira musical solo enquanto faço faculdade de "construction management".

Como surgiu essa nova turnê? Por que o primeiro show será no Recife?
Vínhamos recebendo ligações para um comeback desde 2017, mas só acertamos agora. Tirei férias do curso e vim para o Brasil, também retorno em agosto para uma segunda etapa. O Recife foi megaimportante na trajetória do Capín por conta do Augusto Acioli e Felipe Carreras, que mantinham a Caldeirão. Eles nos tiraram de um circuito pequeno e nos jogaram para o Clube Português, pro Classic Hall. Muita gente, inclusive, pensa que somos do Recife porque bombamos daqui para o resto do país. Um movimento similar ao da Banda Calypso. 

O nome da banda mudou para "Capín". Por quê?
Em 2012 fomos gravar um álbum nos Estados Unidos, intitulado Capim Miami Station. O empresário Arie Kaduri, bem famoso na indústria latina, disse que só trabalharia conosco se tirasse o "Cubano". Na opinião dele, não dava para estar ligado à Cuba por uma questão histórica e cultural dos EUA. Nesse ramo não se pode dar um passo errado. Hoje temos essa polarização no Brasil, que eu acompanho de longe, mas não teve a ver com isso. O Capim para Capín é que, na verdade, capim no espanhol não quer dizer nada. Capín também não, mas soa mais "latino".

O grupo representa algo muito nostálgico. Fez parte da vida das pessoas, especialmente em Pernambuco. Como lidam com isso?
Estamos levando essa turnê com uma confraternização. Tem fã vindo de Natal, Fortaleza, Aracajú, Natal… Vai ser muito bacana porque não tocamos há um tempo. A base será o show histórico do Classic Hall, com as interações sobre tequila e tudo mais, mas também vamos colocar algumas novidades do reggaeton para o público mais jovem. A galera está eufórica nas redes. Muita gente me lasca quando diz: “Naquela época eu tinha 13 anos e não podia ir pro show na época, agora posso (risos)”.

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