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Banda pernambucana Dirimbó faz intercâmbio 'cool' de ritmos tropicais em primeiro álbum

Publicado em: 06/05/2019 10:07 | Atualizado em: 17/07/2020 23:27

Vítor Pequeno, Bruno Negromonte, Mário Zappa e Rafa Lira formam a banda (Foto: Rafael Cavalcanti/Divulgação)
Vítor Pequeno, Bruno Negromonte, Mário Zappa e Rafa Lira formam a banda (Foto: Rafael Cavalcanti/Divulgação)


Seja pelo tráfego de discos em embarcações ou ondas de rádio com transmissões clandestinas, diferentes gêneros musicais circularam entre a América Latina e a América Central no século 20, realizando uma rica troca cultural. Podemos encontrar alguns ritmos desse contexto tropical em Tempo covarde, primeiro álbum da banda pernambucana Dirimbó, lançado nas plataformas digitais no final de abril. As sete faixas agregam estilos como cadence-lypso (gênero oriundo da ilha de Dominica e que conquistou o Pará) e zouk (dos territórios caribenhos Guadalupe e Martinica), além afrobeat, rock psicodélico, brega-funk e carimbó, o gênero mais tradicional do grupo.

Todos esses ritmos são costurado por batidas eletrônicas, grooves progressivos e percussões, resultando em um trabalho contemporâneo que ressignifica essa rede de sonoridades tórridas, que surgem em ambientes de dança, suor e celebração da festividade. O álbum foi gravado pela atual formação, composta por Rafa Lira (vocal e guitarra), Bruno Negromonte (bateria), Mário Zappa (baixo) e Vítor Pequeno (guitarra), com produção musical de Guilherme Assis (Zêlo Estúdio), conhecido por trabalhar com nomes como Barro, Mariana Aydar e Julia Konrad. A Dirimbó surgiu em 2015 apresentando um carimbó mais juvenil nos EPs Dirimbó (2015) e Deixar tu loks (2017).

Capa de Tempo Covarde (Foto: Rafael Cavalcanti/Divulgação)
Capa de Tempo Covarde (Foto: Rafael Cavalcanti/Divulgação)


Com o segundo lançamento, conseguiram fazer uma turnê que passou por 25 cidades do país, incluindo capitais nordestinas e cidades do interior de São Paulo. As composições de Tempo covarde começaram a ser feitas na estrada, resultando em letras que abordam histórias engraçadas, noites de amor, lembranças do carnaval e homenagens às referências musicais da banda. As gravações ocorreram em outubro de 2018 nos estúdios Carranca e Zelo. 

“Acredito que a principal diferença desse álbum seja a presença de um produtor musical externo, nesse caso o Guilherme Assis”, pontua o baterista Bruno Negromonte. “Ele trouxe uma modernidade pelo uso de sintetizadores, elementos eletrônicos e riffs, assim como fez no álbum Somos (2018), do Barro”. Segundo o músico, outro fator que inf luenciou na expansão da lista de ritmos e inf luências foi a turnê, que colocou o grupo em contato com novas pessoas e culturas. “O tecnobrega do Pará, por exemplo. Quando se escuta o álbum, dá para perceber traços dele em diferentes faixas".

Uma faixa que explora outra vertente do brega é Deixa ela remexer, que usa a célula rítmica do brega-funk para criar uma sonoridade que também conversa com o soundsystem, o reggaeton e a cumbia. A letra faz crítica a camarotização do carnaval pernambucano e ao assédio sexual no período festivo. “Falando cruamente, é um misto de elementos de culturas de subúrbio das Américas. A ideia é trazer uma reflexão sobre o carnaval e sobre a naturalização dos abusos sexuais”, define o guitarrista Vítor Pequeno.



Para o vocalista Rafa Lira, o álbum conseguiu “fincar a identidade da banda, indo além das pesquisas experimentais dos trabalhos anteriores”. “Temos música nordestina, progressiva e pernambucana. São três pilares que nos fizeram encontrar um estilo, um rosto mais definido”, pontua. Ainda sem show de estreia marcado no Recife (Mário Zappa e Vítor Pequeno moram em São Paulo), a Dirimbó vai fincando seu espaço na cena “alterna” indo atrás desses ritmos externos, mas que simultaneamente sempre estiveram por aqui com outros rótulos.
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